Difícil fazer melhor
Como referi não foi, sequer, uma exibição excelente. O Sporting não conseguiu nunca controlar em absoluto o adversário, que foi sempre capaz de, a espaços, ser ameaçador. Por outro lado, cometeu alguns erros técnicos, sobretudo na sua primeira fase de construção. Tudo isto é verdade, mas seria realmente difícil que o Sporting tivesse feito melhor. Não que a sua capacidade e potencial não o permitam, mas por todas as condicionantes do próprio jogo. Primeiro, e mais importante, o factor mental. A confiança. O momento não era o melhor e apesar de se sentir sempre toda a motivação, percebeu-se também alguma insegurança. O golo inaugural foi tudo menos um bom remédio. O Sporting reagiu bastante bem, jogando com grande agressividade e dinâmica, mas percebeu-se sempre que a equipa precisaria de um momento que lhe injectasse confiança. No caso, um golo podia ser bem mais do que apenas isso. De novo, a circunstância foi madrasta. O golo surgiu, sim, mas combinado com uma expulsão resultante da displicência de Vukcevic. Ainda assim, o efeito permitiu subir os índices de confiança ao ponto de se ter feito mais um golo e, mesmo com 10, roçado o feito de ter conseguido até mais. A realidade, no entanto, é que a Fiorentina tem demasiada qualidade para sucumbir apenas com 2 “socos psicológicos”. Aliás, se há coisa onde os italianos são fortes é na reacção emocional aos momentos do jogo. O Sporting deveria ter baixado o ritmo de forma mais vincada, mas não o fez, ou não o conseguiu e os italianos, naturalmente, foram crescendo, empataram e terminaram em cima. O empate acabou por, sendo mau, ser menos mau, depois de tudo...
Matias Fernandez
Tem sido assunto recorrente na análise aos jogos do Sporting. Não foi preciso ver muito dele, antes deste jogo, para perceber que se trata de um jogador de eleição e enorme potencial. O problema é a sua integração táctica. Frente à Fiorentina, houve sempre mais espaço entre linhas do que em jogos anteriores e Matias apareceu mais móvel, sempre capaz de criar e desequilibrar. É raro ver-se um jogador que combine tão bem atributos como inteligência, técnica e explosão. Matias tem tudo para ser um caso sério no Sporting. Paulo Bento tem neste chileno um ponto essencial para alavancar a qualidade da equipa em relação ao passado. Resta trabalhar a sua integração no modelo colectivo.
...e os outros
No Sporting há uma qualidade enorme no meio campo. Com Matias Fernandez o potencial cresceu enormemente. Veloso esteve também muito bem, agressivo e determinado como há muito não se via. Há ainda o indispensável Moutinho, o irreverente Vukcevic e soluções de qualidade como Pereirinha, Izmailov, Adrien ou Rochemback. Jogadores para fazer deste Sporting uma equipa fortíssima em termos técnicos e para conseguir um futebol bem mais capaz em posse. O problema em termos de individualidades está, claramente, na linha defensiva e em especial nas laterais. À direita, nem Pedro Silva, nem Abel se mostram minimamente consistentes e sou da opinião que Pereirinha pode e deve ser mais vezes utilizado nesta posição, até porque no meio campo as suas possibilidades de entrar de inicio não são fáceis. Na esquerda, resta esperar, ou pelo crescimento de André Marques, ou pela resposta de Grimi assim que regresse. Se o Sporting ainda pensa no mercado, e este é um pouco que já vinquei no passado, devia olhar para a sua zona mais recuada...
A Fiorentina
Uma nota sobre os italianos. Deram muito espaço entre linhas e mostraram bem o que é o futebol italiano da actualidade. As equipas nunca jogam alto, mas sentem confiança para se alongar no campo, confiando na qualidade táctica para manter os níveis de organização apesar do espaço. Depois, caracterizam-se pela capacidade nos 2 extremos do campo. Atrás, bons guarda redes e defesas fortes física e tacticamente. Na frente, jogadores poderosíssimos, capazes de desequilibrar em poucas jogadas. A principal característica, porém, é a incrível forma como mudam de atitude no jogo e em função do resultado. Esse “resultadismo” comportamental é algo que o Calcio tem de único no futebol actual. Nota para Gillardino. Sou um fã deste tipo de atacantes, muito típicos do futebol transalpino. A qualidade com que jogam de costas para a baliza é assustadora e parecem capazes de dar o melhor seguimento a toda e qualquer bola que lhes chegue. Isto para não falar da inteligência com que se movem e executam dentro da área. Gostava de ver um avançado italiano, mesmo que mais modesto, a jogar em Portugal...
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