19.12.07

Benfica - equipa emocional

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2 derrotas e a liga por um canudo devolvem à Luz um rol de perguntas e questões em torno da qualidade da equipa. Naturalmente que a emoção resultadista, tão própria do futebol e dos seus adeptos, evidencia em cada momento apenas um prisma da realidade, mas a verdade é que o Benfica de hoje não é muito diferente daquele que entusiasmou os adeptos antes do clássico da Luz.

Camacho, já foi por várias vezes dito, moldou uma equipa à sua imagem. Os propósitos são evidentes e não é preciso fazer uma análise meticulosa para perceber o que pretende o treinador espanhol. Defensivamente, cauteloso. Bloco compacto, com poucos espaços entre os jogadores e fazendo do equilíbrio posicional uma prioridade que relega a pressão para uma segunda fase. A ideia é errar pouco para, depois, poder aproveitar os erros do adversário, claro está, nos momentos de transição ofensiva. Tudo isto, é claro, com uma forte atitude colectiva que permite à equipa aguentar e superar os momentos negativos no jogo. As famosas “ganas” são de resto a imagem de marca de Camacho e por isso se diz que o seu Benfica é uma equipa emocional.

Mas afinal qual é o problema do Benfica? A definição de “equipa emocional” estende-se também à forma de jogar da equipa. Se, sem bola, o Benfica tem muito de ordem e estratégia, quando a ganha é o factor emocional que toma conta da equipa. Na ânsia de aproveitar o erro do adversário, o Benfica lança-se em transição de uma forma impulsiva com cavalgadas entusiasmantes mas, ao mesmo tempo, sem grandes referências de jogo. A ordem é para avançar e, só depois, pensar. A ausência de rotinas ofensivas que dêem ordem ao jogo encarnado é uma evidência que se estende também aos momentos de ataque continuado, onde a equipa se torna dependente de rasgos individuais (sobretudo de Rui Costa) ou de alguns movimentos simples como a subida dos laterais.

Rui Costa e Rodriguez
Esta tendência é espelhada pelo contraste entre os comportamentos tácticos de dois jogadores: Rui Costa e Rodriguez. Com a qualidade de um jogador tão cerebral quanto Rui Costa na primeira fase de construção, faria sentido que a equipa o procurasse para o primeiro momento ofensivo. Mas não. Rui Costa foi lançado para o espaço entre linhas, tendo atrás de si 2 médios e à sua frente apenas 1 avançado. Se os adversários jogarem baixo, a equipa é obrigada a parar e então o “maestro” tem tempo e espaço para aparecer, mas se isso não acontecer, lá vemos Rui Costa a receber de costas para a baliza no meio da “teia” de meio campo. Por outro lado, há Rodriguez. Corre, luta, remata, marca. Mas quando o vemos a receber de uma recuperação pode perceber-se o quão fiel é Rodriguez a esta forma “emocional” de jogar. Sem pensar e impulsionado pela bancada, começa a sua corrida em progressão, procurando improvisar uma linha de passe apenas uns metros mais à frente. Por vezes, o “Cebolla” encontra-a, mas facilmente uma equipa organizada lhe encurta as soluções e aí a arma da transição torna-se na vantagem do inimigo.

(Note-se que considero Rodriguez um bom reforço, com muita margem de progressão no futebol português. A alusão surge apenas pelo facto da impulsividade do seu futebol ser uma boa imagem da forma de atacar deste Benfica)

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