Quando, há menos de um mês, escrevi sobre a situação do Sporting referi-me a uma situação problemática com tendência para não ser ultrapassada tão facilmente. Não por a equipa ser tão fraca como todos agora anunciam, nem pelo facto de existir no futebol do Sporting um mal profundo que a impeça de ser bem sucedida como foi, com o mesmo treinador e muitos dos mesmos jogadores, num passado não tão longínquo.
Que o Sporting tem limitações orçamentais que afectam a qualidade do plantel já se sabia – basta olhar e comparar os relatórios das SAD dos 3 grandes. Que existe competência na orientação técnica para atenuar essas diferenças, para mim é e sempre foi um facto – já aqui manifestei o meu apreço pelas qualidades de Paulo Bento, a quem julgo esperar uma carreira de sucesso, independentemente do seu futuro no Sporting. O que se passou esta temporada foi um pouco do mesmo já vislumbrado em 06/07. Ou seja, uma dificuldade de manter consistência nos níveis de concentração em fases de maior frequência de jogos. Já aqui o referi e mantenho a minha convicção de que a equipa de Paulo Bento precisa de tempo para preparar as partidas e as diferenças na performance são enormes. Acontece que em 07/08 o Sporting viu juntar à frequência de jogos do inicio de época, um calendário altamente complicado (já se deslocou ao Dragão, Luz e Braga e na próxima jornada volta a visitar a Madeira) e uma Taça da Liga que, não fosse por outra coisa, obriga a alterar o normal “microciclo” de uma semana de treinos completa. Como sempre em futebol as causas não só originaram o problema como a ele acrescentaram o “monstro” psicológico.
Nunca vi ninguém explicar o fenómeno de forma factualmente objectiva, mas a verdade é que quem acompanha ou já jogou futebol sabe que as equipas, os jogos e as épocas vivem muito dos momentos e, neste particular, as vitórias são um combustível essencial. Os jogadores, a equipa e o treinador são os mesmos, mas o destino, a sorte, a “estrelinha”, vá lá perceber-se porquê, é outra...
Da reúnião de ontem resultou a decisão de ir ao mercado em Janeiro (ou se quiserem, a antecipação da venda de Miguel Veloso no final da temporada). Eu acrescentaria que as mudanças no plantel devem ser o mais profundas possíveis, e não o digo por uma eventual falta de qualidade dos que lá estão. É que para derrubar o tal “monstro” fazem bem novos ares e novas energias. Em futebolês uma “chicotada psicológica”, mas, neste caso, com um alvo diferente do que é convencional. Até Janeiro veremos como chega o Sporting. Há novos jogos, novas adversidades e, como antecipei na altura, o Sporting tem uma longa e complicada época pela frente onde corre mesmo um sério risco de perder quem julgo ser uma mais valia, Paulo Bento.