10.7.07

Sporting: O risco está na frente

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Há uns dias, quando abordei aqui a política de aquisições do Benfica, referi-me à necessidade que os encarnados revelam de, individualmente, reforçar aquele que é o sector onde colectivamente são mais fracos. Curiosamente, a alguns metros da Luz, o problema põe-se, na minha opinião, no outro extremo do campo.

No Sporting, para além da questão do ponta de lança (cujo perfil já está perfeitamente definido em face dos objectivos de jogo), existe um “caso” que se repete desde a época transacta e que, novamente, marca a definição do plantel no início de temporada: Marco Caneira. Os motivos de tanto apreço leonino pelo defesa polivalente são evidentes, Caneira é um defesa que encaixa perfeitamente no perfil ideal de Paulo Bento. Concentrado, sóbrio e com uma excelente leitura dos espaços, Caneira é, em qualquer das posições em que actue, um excelente intérprete dos princípios defensivos do treinador e a sua presença – não me interpretem mal – é relevante. O ponto em que quero tocar, no entanto, prende-se com o facto de entender que no Sporting o maior risco para o sucesso desportivo da época está, independentemente do desenlace do “caso” Caneira, na fase ofensiva do jogo verde-e-branco. É que com ou sem Caneira, estou em crer que o Sporting de Paulo Bento voltará a ser um sério candidato a melhor defesa da prova, isto porque os princípios de jogo de Paulo Bento assentam precisamente num grande enfoque em torno do equilíbrio e bom posicionamento defensivos. Paulo Bento tem depois, e para além da mera opção filosófica do “jogar”, o mérito sistematizar processos de jogo evoluídos (assentes num pressing zonal, muito bem coordenado) que tornam as suas equipas tão difíceis de bater. Assim, parece-me que, pelo menos internamente a questão individual não é tão premente na defensiva do Sporting. Aliás, repetidamente as pessoas se questionam como é possível haver tanta discrepância no nível exibicional de alguns defesas (Polga, Anderson e Bruno Alves são exemplos), tão regulares numas épocas e tão irregulares noutras. Estou certo de que muito se explica pela organização defensiva das equipas onde alinham e, normalmente, as mudanças na performance individual são coincidentes com alterações nas equipas técnicas ou nos princípios de jogo das equipas.
Se na fase defensiva as coisas estão – a nível interno, repito – asseguradas pela organização colectiva, já no capítulo ofensivo o Sporting corre alguns riscos. 06/07 foi, de resto, uma época onde ficou patente como os cuidados com o equilíbrio e organização defensivos podem ser prejudiciais no momento de atacar. Neste aspecto Paulo Bento está muito mais dependente da qualidade individual ao seu dispor e foi precisamente pelo crescimento exibicional das individualidades Romagnoli e Nani que os leões melhoraram no final da temporada. Para 07/08 o Sporting precisa de acertar em cheio em, pelo menos, 1 aquisição, entre Vukcevic, Izmailov e o avançado que falta. A verdade, no entanto, é que o investimento financeiro não foi, para já, elevado, não existindo certezas de que Vukcevic ou Izmailov possam trazer para Alvalade um rendimento que não produziram no passado recente. Neste aspecto, fica uma curiosidade: será que Paulo Bento vai utilizar as características físicas do novo avançado para introduzir um estilo mais directo no jogo ofensivo do Sporting 07/08?

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