Quando as equipas planeiam os seus planteis para a nova temporada, normalmente fazem-no tendo em mente um determinado modelo de jogo, isto é, princípios de jogo que evoluam num dado sistema. Neste aspecto o Porto não pode ser excepção, até porque no Dragão residem dirigentes que bem conhecem as exigências do futebol e um treinador que se mantém, tendo por isso todas as condições para efectuar um plenamente pensado.
O arranque Portista para a nova temporada tinha tudo para não suscitar grandes dúvidas em relação à matriz de jogo azul-e-branca para a nova época – afinal, a saída de Anderson (única de peso até ao momento) não pode, racionalmente, ser dramatizada, tendo em conta a pouca utilização do prodígio no título de 06/07, e as cobiças de que são alvo Quaresma e Pepe podem ser consideradas normais em jogadores daquela qualidade.
Há, no entanto, uma pequena contradição cujo desfecho ainda está por resolver. Passo a expor...
De há temporadas a esta parte que Jesualdo faz evoluir o seu modelo em 4-3-3. Os extremos são pedra essencial, particularmente um deles, reservado para desequilibrar na transição ofensiva – No Braga era Wender, no Porto foi Quaresma. Ora, acontece que se olharmos ao plantel portista e às mudanças encetadas no defeso, facilmente nos apercebemos da extradição de extremos de raiz para esta temporada. Jesualdo terminou a temporada com Quaresma, Vieirinha, Alan e Lisandro como opções para as alas, contando ainda com outras adaptações possíveis como Jorginho, Postiga ou Bruno Moraes. Pois bem, das 4 opções referidas, 07/08 começa apenas com Lisandro e Quaresma, não havendo um reforço claro para as restantes saídas (Tarik juntou-se ao plantel, mas é difícil de prever que se mantenha e Leandro Lima ou Luis Aguiar podem ser adaptados mas nenhum deles é extremo de raiz). Se juntarmos o facto de Lisandro poder fazer de avançado, então fica claramente a impressão que Jesualdo pretende migrar para o 4-4-2, sobrando uma dúvida... onde se encaixa neste quadro a principal arma ofensiva da equipa nas duas últimas épocas, Ricardo Quaresma!
Assim, a confirmar-se o cenário da mudança de sistema, restam-me 2 soluções para o enigma de arranque de temporada portista: (1) ou Jesualdo está a pensar numa adaptação arriscada para o “Harry Potter”, ou (2) o Porto antecipou a saída do mais influente dos seus elementos, antes mesmo dela acontecer.
Os próximos dias servirão para melhor compreender o desenlace desta situação, mas não pode deixar de vir à memória a situação semelhante vivida por Fernando Santos e Simão Sabrosa na época transacta.