O jogo correu mal. Não pelo resultado, nem mesmo pela exibição, correu mal, simplesmente, pela atitude de Bruno Alves que, ao ser justamente expulso, condicionou um exercício que se pretendia de utilidade para o treinador e, mais do que tudo, para os seus colegas. Não é preocupante em termos de indisciplina – não significa que haja –, mas é-o para um jogador que se pretende que seja, a prazo, o sucessor de figuras como João Pinto ou Jorge Costa.
Vamos ao jogo. Jesualdo apresentou, curiosamente, um esquema híbrido entre o 4-4-2 losango e o 4-3-3, tentando dar consistência ao meio campo, mas não perdendo a característica de Quaresma na linha – O extremo actuou sobre a esquerda sem limitações defensivas (libertando-se para desequilibrar nas transições), com Kaz a ter responsabilidade de auxiliar Lino. O mesmo se passava com Meireles à direita, mas com Jorginho a ser menos extremo, mais vagabundo e com maiores preocupações de fechar junto ao trio que actuava nas suas costas. O esquema não é novo, Jesualdo apresentou-o em alguns dos jogos mais importantes da temporada passada - sem grande sucesso, diga-se.
A primeira parte disputou-se praticamente sobre o mesmo lado do campo. O Porto recorria à esquerda para tirar partido do génio de Quaresma e o Genk atacava pelo mesmo lado, mas em sentido inverso, incomodando a parelha Lino-Kaz e dando descanso ao adaptado Fernando do outro lado do campo. Ontem referi que o Porto seria, mais uma vez o “Team Quaresma”, mas o que se viu frente ao Genk foi um exagero. Um exagero pela dependência do 7 (o trio de meio campo e os laterais foram pouco afoitos e dinâmicos, limitando as soluções ofensivas a Quaresma, Jorginho e Adriano), e pela qualidade que este revelou – foi o primeiro “Quaresma-Show” da temporada!
É cedo para que se tirem grandes conclusões, mas o jogo com o Genk deu alguns sinais, sobretudo no capítulo individual:
Fernando: diga-se o que se disser (e tem-se dito bem), não chega aos calcanhares de Bosingwa e, a não ser que evolua bastante, dificilmente poderá ser uma opção para a lateral numa equipa com as ambições do Porto. Isto não quer dizer que não tivesse estado “certinho” a defender.
Pedro Emanuel: Está longe do ritmo de jogo ideal, sentido dificuldades em impor-se fisicamente. Não tem o perfil de Pepe e, juntando-se a Bruno Alves, forma uma dupla com muitas dificuldades na recuperação.
Lino: Mostrou-se um problema a defender. Diversas vezes foi ultrapassado sobre o seu flanco e esse é um sinal preocupante. Para já, está a léguas do que se viu Fucile fazer...
Kazmierczak: Participou em praticamente todas as iniciativas ofensivas da equipa, recebendo a bola desde a saída dos centrais. Esteve impecável na entrega (não creio que tivesse errado um passe que fosse), mas mostrou-se muito preso de movimentos e sem grande apetência para um jogo mais veloz – talvez seja da pré época.
Bolatti: Paulo Assunção tem uma missão posicional (demasiado, na minha opinião) no modelo, mas é mais dinâmico e combativo. Bolatti mostrou-se posicional, mas só...
Luis Aguiar: Foi dos que mais sofreu com a inferioridade numérica, tendo pouco espaço para jogar e muitas limitações defensivas. Dá para ver que não é um jogador ainda totalmente adaptado à complexidade do jogo europeu, mas merece o benefício da dúvida, nem que seja pela facilidade com que “pega” com os dois pés.