17.7.07

Assistências: O exemplo Escocês

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É um tema recorrente no futebol português. Qualquer adepto facilmente apontaria a falta de público como um dos problemas centrais do futebol nacional e, em seguida, depressa se apressaria a apontar o preço dos bilhetes como a principal causa do afastamento.
Há muito que defendo que, não deixando de ser relevante, a questão do preço não é o ponto central do afastamento popular. Na verdade, penso que as pessoas se afastaram dos estádios, com o aparecimento das transmissões televisivas, particularmente, dos jogos de outros campeonatos, bem mais apetrechados do que o nosso. Embora tivessem sido os grandes os primeiros a ficar verdadeiramente afectados – os seus jogos eram transmitidos em directo e, por vezes, assistimos a penosas assistências de 5000 adeptos nos jogos televisionados – , a verdade é que estes são os clubes que mais têm feito para inverter, com sucesso, a situação, sendo também aqueles que têm melhores condições para o fazer, num país tripartido clubisticamente.
Da tabela que apresento – ordenada por receitas oriundas de bilheteira – ressalta, sem surpresas, que Portugal está, quer em número de assistências, quer no valor de receitas, bastante abaixo das chamadas 5 grandes ligas europeias. O que, se calhar, não pensavam era que, afinal, os nossos ingressos não fossem aqueles que maior custo tinham. Aliás, representam quase metade do grande fenómeno de sucesso do futebol mundial, a Primeira Liga Inglesa. Outro aspecto curioso vem do número de bilhetes vendidos por 1000 habitantes, onde se tem em conta a dimensão demográfica dos países e onde, afinal, Portugal até parece ser um caso de sucesso, comparativamente com ligas bem mais competitivas financeiramente.
O ponto que fica, para mim, desta análise é que Portugal não pode querer chegar aos níveis de países largamente mais povoados, com modelos competitivos idênticos aos destes – qualquer dos países das 5 grandes ligas tem, pelo menos, 4,5 vezes a população Portuguesa. Neste aspecto, já tinha referenciado o exemplo Escocês, e parece-me que os dados da tabela demonstram bem o seu sucesso relativo. Contextualizando, a Escócia é um país com cerca de metade da população portuguesa, fortemente ligado culturalmente ao “gigante” Inglês e com uma qualidade futebolística bem inferior à nossa (refiro-me aos jogadores escoceses em relação aos portugueses). Com todas estas condicionantes a Escócia vive, tal como cá, alguns problemas de sobrevivência nos seus clubes mais modestos, mas creio que o seu exemplo não pode deixar de ser realçado. O campeonato escocês tem uma fórmula competitiva própria, com 12 equipas a jogarem 3 vezes entre si e com um quarto jogo apenas entre as equipas de cada um dos lados da tabela (6 de cima e os 6 de baixo). Esta não é, na minha opinião, a fórmula ideal, mas é seguramente uma solução bem mais adequada do que a nossa dança acéfala entre o campeonato a 18 e a 16. Os números são evidentes, conseguindo os escoceses excelentes receitas de bilheteira e uma impressionante venda de bilhetes por 1000 habitantes.

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