Ao mais do que natural e previsível reforço da retaguarda – o central Stepanov –, Pinto da Costa juntou uma surpresa que, sinceramente, tenho dificuldades em enquadrar no actual panorama do plantel azul-e-branco.
Primeiro o jogador. Ernesto Farias é um avançado possante e de média estatura que construiu uma reputação de temível goleador no campeonato argentino. Primeiro ao serviço dos Estudiantes onde apontou ao cabo de7 épocas 95 golos em 205 jogos. Em 2004 teve uma primeira experiência na Europa, mas no Palermo foi uma desilusão, regressando ao seu país e ao River Plate após 13 jogos sem qualquer golo. No River, e de 2004/2005, não foi sempre um titular indiscutível, particularmente aquando da presença de Higuain. Ainda assim apontou 30 golos em 57 partidas. Recentemente declarou pretender rumar à Europa e esteve perto de o fazer, para o Lorient de França. O destino, no entanto, parecia ser o México e o Toluca, por quem chegou a assinar. Inadaptações ao país, fizeram-no uma oportunidade de negócio e foi o Porto quem pagou 5 milhões de Dólares (que o Toluca havia também pago pelo jogador) para o trazer para Portugal.
“Tecla” – nome com que é conhecido por causa dos dentes, dizem, parecerem um piano – é um avançado poderoso a aparecer nos espaços e a finalizar, ora de cabeça, ora com a sua potente perna direita. A questão que fica é qual o enquadramento deste jogador de 27 anos nas actuais necessidades do plantel portista? Já tinha aqui apontado o excesso de jogadores para a posição 9 e Farias – independentemente da qualidade que tem – parece vir complicar as contas na resolução dessa questão. Será que se pretende adaptar o jogador a uma das pontas, mesmo não sendo essa a sua posição (Servindo de alternativa a Lisandro)? Ou é Farias mais uma injustiça para Adriano que, ao fim de 33 jogos de Dragão ao peito, leva a respeitável marca de 18 golos?
Há uns anos atrás, não tenho dúvidas, Pinto da Costa garantiria que tudo fizesse sentido nos próximos dias. Hoje parece-me mais uma oportunidade de negócio do que um reforço estratégico – repito, não está em causa a valia do jogador.