Há alguns dias escrevi aqui sobre o enigma da composição do plantel portista, tendo em conta a manutenção de Ricardo Quaresma no Dragão. O extremo que foi figura central do sucesso azul e branco nas últimas duas temporadas tem características que não aconselham a sua utilização noutra posição que não seja aberto sobre uma das alas, lugar não existente no 4-4-2 em que Jesualdo parecia estar a moldar o plantel.
Com a saída de Pepe, porém, tudo parece se ter alterado e a sede de mais valias financeiras deu lugar à primazia pela manutenção da estrela-mor dos últimos campeonatos. O grande sinal disso mesmo foi dado no mercado, antes mesmo das declarações de Pinto da Costa ou da revisão das regalias oferecidas ao 7 azul, com a contratação de Mariano Gonzalez, um extremo.
Jesualdo deverá então inverter a marcha, voltando ao 4-3-3 e fazendo de Quaresma, salvo desabroche mais um talento no Dragão em 07/08, figura cada vez preponderante da mecânica ofensiva da equipa. O plantel portista passa, agora e na minha perspectiva, a ter duas prioridades para a sua definição final. A primeira é, sem surpresas, a substituição do quase insubstituível Pepe. O Porto busca ainda um nome, mas, ao contrário do que aconteceu em 2004, já se percebeu que os milhões encaixados vão servir sobretudo para tapar os buracos financeiros que a SAD conseguiu acumular nos últimos 3 anos, pelo que a solução terá de ser muito bem trabalhada entre os planos desportivo e financeiro. A outra questão prende-se com o ajuste do plantel ao modelo a desenvolver. Jesualdo tem, nesta altura, 28 jogadores, sabendo-se que haverá ainda espaço para a integração de mais reforços, pelo menos, do tal central. O excesso de recursos está, sem dúvida, concentrado em dois sectores (provavelmente devido à tal possibilidade de passar para o 4-4-2): o meio campo e a posição 9. No meio campo, e numa fase em que a permanência de Lucho é ainda uma incógnita, a manutenção dos titulares Assunção e Meireles reservará muito pouco espaço para grandes oportunidades e entre Kaz, Bolatti, Castro e Fernando, deverão manter-se apenas 2 (há que contar ainda com Cech, muitas vezes preferido para o miolo). Na frente, Adriano parte como titular e Postiga, Edgar e Renteria parecem gente a mais para a luta por 1 só lugar. À margem de tudo isto há ainda o caso da estranha integração de Tarik, ficando por saber até que ponto é que o Marroquino tem lugar num plantel onde os extremos parecem ser já em número suficiente (Quaresma, Lisandro, Mariano e Leandro Lima).
Nota final para um pormenor que considero de salutar. No site oficial do FC Porto, Jesualdo Ferreira tem deixado, diariamente e na primeira pessoa, um pequeno resumo das suas impressões sobre o evoluir dos trabalhos. É uma iniciativa que denota respeito pelos adeptos e que, pelo seu interesse, deveria ser seguida pelos outros clubes.