2.5.14

Juventus - Benfica: Estatística e opinião

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A imunidade ao infortúnio! Uma característica do estoicismo, que o Benfica parece ter definitivamente incorporado, resistindo em jogos sucessivos a situações de dificuldade acrescida, sem que isso pareça afectar a eficácia do seu desempenho. Naturalmente, para grande gáudio dos seus adeptos! É claro que haverá aqui algum exagero da minha parte, assim como também será exagerado concluir que o Benfica mostrou ser superior à Juventus apenas porque levou a melhor na eliminatória. Não me parece, de todo, ser o caso. No entanto, não creio que sobre qualquer dúvida relativamente ao enorme mérito da equipa, em especial na qualidade da sua resistência defensiva neste segundo jogo.

Tacticamente, Jesus não alterou grande coisa relativamente àquela que é a sua postura habitual. É evidente que o risco assumido foi mínimo em muitos aspectos, mas manteve-se o foco de condicionar a circulação baixa do adversário em praticamente toda a extensão do campo, com especial ênfase para a limitação da acção de Pirlo. O grande problema defensivo do Benfica esteve sempre nas dificuldades de controlo sobre os alas da Juventus - Asamoah e Lichtsteiner - cuja presença fugia do raio de acção do bloco encarnado em diversas situações. Desde a presença à largura, quando potenciada após mudança de flanco, até às situações de cruzamento, quando apareciam nas costas da linha defensiva do Benfica. De resto, e à margem da acção destes dois jogadores, o Benfica conseguiu sempre controlar, quase na perfeição, todas as iniciativas da Juventus. O jogo verticalizado - muito especialmente através de Pirlo, que até sem ver tentava colocar a bola nas costas da linha defensiva - foi de novo muito bem controlado pelos centrais. Os avançados, quer a acção de pivot de Llorente, quer os movimentos interiores de Tevez, também não conseguiram a eficácia pretendida, e de novo com muito mérito da estrutura defensiva do Benfica. Os movimentos de rotura dos médios tiveram, desta vez, menor preponderância do que na primeira mão, nomeadamente com Pogba a aparecer menos na profundidade e com Vidal a ser melhor controlado por Amorim do que o francês havia sido por André Gomes, no jogo da Luz.

Esta resposta defensiva do Benfica a um conjunto de soluções ofensivas que a Juventus apresentou foi, sem dúvida nenhuma, a chave de uma eliminatória que no plano ofensivo até foi teve uma prestação bastante modesta do Benfica e que contou sobretudo com o bom aproveitamento das poucas situações de golo criadas. Neste jogo, e a esse respeito, o Benfica conseguiu até dividir a posse de bola até à expulsão de Enzo, mas denotou sempre grandes dificuldades para levar o jogo até ao derradeiro terço ofensivo.

Individualmente, creio que as exibições foram sobretudo meritórias pelo plano defensivo, já que houve sempre muitas dificuldades nas acções com bola, e praticamente por parte de quase todos. Aqui ficam alguns destaques:
Oblak - Respondeu quase na perfeição a todas as solicitações, mas não diria que teve uma missão especialmente complicada. Algo que, aliás, diz bem do mérito defensivo da equipa.
Luisão e Garay - É difícil imaginar uma dupla de centrais mais eficaz no plano defensivo. O futebol da Juventus procura expor muito a acção dos centrais, quer pela verticalização e procura da profundidade, quer pela própria característica dos seus avançados - Llorente muito confortável no jogo de contacto, Tevez mais móvel e fugindo ao raio de acção dos centrais. Por tudo isto, não me parece exagerado afirmar que, mais do que a qualquer outro jogador, o Benfica deve muito aos seus centrais, e à sua qualidade, a presença em mais esta final europeia.
R.Amorim e Enzo - A natureza do jogo da Juventus e a definição do jogo posicional do próprio Benfica ditaram que Enzo tivesse muito mais dificuldades em intervir directamente no jogo, já que boa parte do seu papel passava por tentar evitar que Pirlo pegasse no jogo. Mais interventivo e eficaz, Amorim, em especial no controlo sobre os movimentos de Vidal. Também com bola foi Amorim o mais eficaz dos dois, e muito pela sua presença numa fase mais precoce do jogo ofensivo da equipa.
Markovic e Gaitan - Em qualquer dos casos, o destaque vai para o plano defensivo, já que houve sempre dificuldades nas aparições com bola. Markovic foi quem sentiu mais problemas, mas também aquele que conseguiu intervenções mais importantes, em especial uma já na parte final do jogo que condicionou o cabeceamento de Llorente, em excelente posição para fazer golo.
Lima - Nota para o bom jogo do avançado encarnado, em circunstâncias muito difíceis. Tanto no papel defensivo, onde esteve muito solidário, como com bola, onde conseguiu uma eficácia de intervenção invulgarmente elevada para um avançado num jogo como este.

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