3.2.14

Marítimo - Porto: Estatística e análise

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Regressão qualitativa e eclipse do jogo interior - Já o escrevi noutras ocasiões, e a ideia vem-se solidificando: o Porto de hoje, é consideravelmente mais fraco do que aquele que iniciou a temporada. Em parte, esta opinião resulta da perda de qualidade no jogo interior e na ligação entre as fases ofensivas do seu futebol. Antes, a equipa tinha Lucho, que oferecia sempre muitas soluções nas costas da linha média contrária. Hoje, tem Carlos Eduardo, que apesar do potencial técnico raramente recebe uma bola entrelinhas, oferecendo muito poucas soluções de passe verticais no corredor central. Uma opção própria, do treinador e do clube, que a meu ver e do ponto de vista estritamente técnico-táctico, se constituiu num erro importante e nesta altura já irreversível. O que faz agora o jogo do Porto? Procura sistematicamente os extremos - sobretudo Quaresma - não para promover dinâmicas colectivas, mas na esperança de que dali possam sair rasgos individuais que resolvam o que colectivamente a equipa não é capaz resolver. Não é difícil de antever o pior, caso as coisas não mudem. Não que o jogo exterior não possa ser até uma solução, tendo o Porto até, individualmente, soluções que permitem pensar que por aí pode estar o caminho. Mas, porque para tal acontcer, é preciso criar uma intenção colectiva que vá nesse sentido, coisa que até agora ainda não se viu no trabalho de Paulo Fonseca. Não digo que não o tenha tentado no treino, mas nos jogos o que parece é que tem tentado mais acertar num "onze" do que desenvolver uma equipa.

Individualidades (Porto)
Helton - Pouco trabalho e sem reparos, com destaque para uma defesa vistosa num remate exterior, já na segunda parte.

Danilo - Esteve muito activo no jogo, tanto ofensivamente como defensivamente. Pela negativa, claro,o lance do penálti. Não só pela forma como abordou de forma displicente um corte dentro da área, mas porque deveria estar mais perto da jogada, o que lhe permitiria fazer a cobertura sem problemas. À margem desse lance, o seu contributo foi até dos mais positivos da equipa, com muito trabalho no seu corredor e algumas (poucas) incursões ofensivas a destacar - quase sempre pelo corredor central, o que é uma característica invulgar num lateral.

Alex Sandro - Não foi um jogo especialmente conseguido, note-se, mas terá sido dos menos maus da equipa, sem grandes reparos a fazer-lhe em qualquer plano, e estando inclusivamente em algumas das jogadas mais perigosas da equipa, entre as quais o cruzamento para a finalização de Varela. De todo o modo, foi interessante vê-lo com Quaresma pela frente, percebendo-se que o entendimento entre os dois não é propriamente algo que esteja muito desenvolvido.  

Maicon - Muito activo defensivamente, ganhando vários duelos, mas sentindo também muitas dificuldades perante Derley (que fez um grande jogo). Em especial, deixou-se bater, em duas ocasiões, pela forma como o avançado do Marítimo usou o corpo para rodar e ficar à frente do central.

Mangala - Globalmente, menos interventivo do que Maicon, mas não foi igualmente por ele que o Porto saiu da Madeira com uma derrota.

Defour - É o patinho feio da equipa, mas continuo a não ver sentido em apontar-se-lhe o dedo quando os problemas não passam, seguramente, pelo desempenho da sua função. Estava a realizar um jogo regular, sem grandes destaques nem reparos.

Josué - Havia a dúvida sobre onde jogaria, mas voltou a ser colocado no duplo-pivot, atrás de Carlos Eduardo. Inclusivamente, na fase final, actuou como primeiro médio, o que é um pouco mais estranho. Posso concordar que o duplo-pivot não seja o papel que melhor potencia as suas características, mas isso não quer dizer que não possa jogar numa missão de maior ênfase na primeira fase de construção. Pode, e voltou a fazê-lo sem problemas de maior.

Carlos Eduardo - Um jogo bastante fraco e onde voltou a demonstrar que não se lhe pode pedir grande capacidade de movimentação no espaço entrelinhas. Tem qualidade de definição, em especial no último terço, e até boa capacidade de trabalho, mas para ser potenciado de forma útil para a equipa tem de haver um enquadramento diferente para as suas acções. Nos 3 últimos jogos mal sucedidos da equipa revelou sempre o mesmo problema, sendo na minha leitura um dos factores-chave para o insucesso colectivo. Uma situação que, pela recorrência, não pode fazer dele o principal culpado.

Quaresma - Parece ser o novo farol da equipa e, já se sabe, tem uma qualidade técnica muito acima da média. A questão é saber se isso basta só por si, porque as suas acções são quase sempre estritamente individuais e, por outro lado, oferece muito pouco à equipa para além do tempo em que a bola está nos seus pés. É verdade que foi protagonista de um dos lances de maior perigo da equipa, mas isso não pode chegar para 90 minutos de tanto ênfase numa equipa com aspirações do Porto.

Varela - Bem menos accionado do que Quaresma, mas nem por isso com um rendimento inferior (o que não quer dizer que tenha tido uma boa prestação). Esteve perto de marcar, no instante imediatamente anterior à sua saída.

Jackson - Não foi a solução nem teve o protagonismo ofensivo que lhe é habitual, mas também é difícil ser muito contundente na crítica quando a equipa passa tanto tempo com tantas dificuldades em chegar à sua zona de forma a perspectivar, minimamente, o sucesso.

Quintero - Uma nota apenas para voltar a sublinhar que o seu talento é raro e que um dos grandes falhanços de Paulo Fonseca até agora foi não ter sido capaz de potenciar a sua integração colectiva de forma a que pudesse ser mais do que uma opção individual para as fases de desespero.

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