6.8.13

Sporting - West Ham: choque de estilos

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Pessoalmente, há poucas coisas que me interessam mais no futebol do que estes confrontos de estilos, envolvendo equipas de realidades culturais diferentes. Neste caso, e por ter acontecido num contexto pré competitivo onde o plano estratégico é relegado para um patamar secundário, o choque foi ainda maior.

Do ponto de vista do Sporting, o jogo foi obviamente pouco conseguido, não só pela derrota, mas sobretudo pela dificuldade que sentiu em contornar os problemas que lhe foram criados. Aqui, destaco não tanto o efeito do jogo directo do adversário, mas muito mais o efeito do seu pressing, e da forma como conseguiu condicionar a primeira fase de construção sportinguista. Esse é o ponto fundamental, porque se o Sporting tivesse conseguido estender a sua posse até ao meio campo contrário, poderia depois controlar o jogo directo contrário através da reacção à perda, no momento de transição. Como não o conseguiu, o West Ham pode jogar em organização, o que lhe permitiu posicionar as suas "torres". Neste particular, é a circulação baixa que deve ser questionada, porque ao recuar o jogo e chamar o seu adversário, o Sporting deveria ser capaz depois de encontrar espaços para sair a jogar. Não o conseguiu, mas o motivo dessa incapacidade não tem a ver com a intenção de bater longo na frente, mas com a incapacidade para sair a jogar de forma mais curta e apoiada, e é isso que a meu ver deve ser criticado e corrigido.

Ainda dentro do problema da circulação baixa, destaco também a ineficácia de Boeck no jogo de pés, algo que é cada vez mais importante no futebol, especialmente para fazer face a este tipo de problemas. Relativamente a outros aspectos do jogo, é claro que se a componente estratégica tivesse sido mais trabalhada, provavelmente o Sporting surgiria mais preparado para algumas especificidades do seu adversário, inclusivamente os lançamentos laterais, onde o Sporting manteve sempre pouca gente na área para o tipo de situação que o West Ham estava a criar, acabando punido por isso. Já agora, pegando também no lance do terceiro golo, fica-me a dúvida sobre como o Sporting está a reagir ao recuo da bola em zonas mais próximas da sua baliza, nomeadamente a sua linha defensiva. A opção passou por manter posição na área, mas não penso ser a melhor solução, uma vez que nem sempre (e como foi o caso) é possível manter uma boa presença numérica nessa zona. Não digo que o golo fosse seguramente evitado se a equipa tivesse como principio subir para mais próximo da linha da bola, mas sou da opinião de que se aumentariam as hipóteses de sucesso.

Outro ponto importante a abordar é o capítulo individual, porque se a equipa podia não vir colectivamente preparada para o tipo de jogo que teve pela frente, isso também poderia ser encarado como um teste à resposta que individualmente cada jogador fosse capaz de oferecer perante um contexto diferente. Aqui, e para além do que já foi referido sobre o jogo de pés de Boeck, houve respostas muito diferentes. O saldo não é positivo, como facilmente se percebe, mas alguns casos fugiram a essa regra. Em particular (e é já a segunda vez que o destaco) Maurício conseguiu um desempenho verdadeiramente impressionante nos duelos que travou. Em particular, no jogo aéreo, onde apesar de não ter vantagem de estatura, conseguiu sucessivamente uma melhor leitura das trajectórias aéreas, permitindo-lhe ganhar um número invulgar de lances divididos. Há aspectos onde ainda não foi possível testar devidamente o jogador, mas há outros onde a sua resposta tem impressionado imenso.



Entretanto, nos próximos dias irei tentar concluir as observações relativamente ao Porto, e trarei aqui um resumo da pré época, tanto relativamente à minha opinião como aos dados relativamente aos jogos disputados. Na próxima semana, farei o mesmo tipo de análise para a pré época de Benfica e Sporting, já com a totalidade dos jogos

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