5.8.13

Benfica e a dificuldade no último terço

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Como ponto prévio tenho de referir que vejo o Benfica como uma boa equipa, mesmo extremamente forte se nos circunscrevermos ao contexto nacional. Essa é a parte que mais valorizo no legado que deriva da opção pela continuidade no comando técnico e principais jogadores. Admito que se realce o fracasso de quem perde tudo o que se propôs ganhar, mas não consigo por em causa a competência de quem faz 77 pontos no campeonato, mantendo-se paralelamente até ao último dia em mais duas competições.
Ainda assim, nem o Benfica dos últimos anos carece de exemplos de oscilações inesperadas, nem tão pouco o que se viu na pré época é já suficiente para que nos possamos considerar completamente a salvo de nova surpresa negativa. Sem entrar directamente no rescaldo do jogo frente ao São Paulo, exploro um ponto que me parece ter sido relevante tanto nesse jogo como em praticamente toda a pré época encarnada...

Meio campo e último terço - O primeiro Benfica de Jesus foi caracterizado pela assimetria vincada no papel dos seus médios. No 4-1-3-2 dos primeiros tempos, emergia o contraste entre um Javi Garcia reservado e um Pablo Aimar expansivo. A assimetria era a regra da relação entre os seus comportamentos. A verdade é que o Benfica não voltou a ter um jogador com as características do 10 argentino e com o tempo evoluiu para uma versão substancialmente diferente do seu núcleo central. Hoje, nem Matic se contém tanto como Javi, nem Enzo Perez se liberta como Aimar. A assimetria é agora apenas um pormenor na relação entre os médios. Isto, claro, traz algumas consequências para a dinâmica colectiva: por um lado há maior fiabilidade no posicionamento para a reacção à perda, por outro não há o mesmo apoio ao envolvimento ofensivo no último terço. E é sobre este último aspecto, o último terço, que me quero debruçar...
Com uma dupla de médios sem um jogador tão livre como era Aimar, naturalmente que as dinâmicas ofensivas carecem de maior, e sobretudo melhor, contributo vindo de outros jogadores. O envolvimento dos avançados e a dinâmica dos laterais parecem-me poder ser chaves para a solução. Para já, no entanto, a equipa revela alguns problemas neste particular, e isso tem sido posto a nu em alguns jogos, onde o domínio foi grande mas a capacidade de o traduzir em ocasiões de golo, foi escassa. Particularmente, parece-me que há ainda um desfasamento substancial entre os jogadores mais novos e aqueles que transitam do passado. O rendimento de Salvio e Gaitan, por exemplo, tem sido incomparavelmente superior ao de Sulejmani ou Djuricic. Markovic, por outro lado, conseguiu outro desempenho individual, mas mesmo no seu caso o entrosamento colectivo parece ainda distante do patamar ideal. Depois há ainda o caso dos laterais, com Maxi a manter-se com uma capacidade de envolvimento bem acima das restantes soluções do plantel. Do lado contrário, Cortez tem sido aposta forte de Jesus, com muitos minutos na pré época. No entanto, estranho muito a escolha que o Benfica fez para esta posição. Imagino que as características físicas tenham sido um ponto relevante na opção mas, não sendo insensivel ao argumento, a verdade é que Cortez tem revelado problemas em praticamente todos os aspectos e, em particular neste caso, também no entrosamento ofensivo. Para já, o lado esquerdo parece ser um problema... outra vez o lado esquerdo!

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