23.7.10

Notas do Sporting - Celtic

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Foi o primeiro jogo que tive a oportunidade de ver do Sporting em 10/11. Outros se seguirão, e conto complementar algumas ideias – para já ainda pouco vinculativas – com os próximos e derradeiros particulares dos “leões” antes do arranque competitivo. Na mesma linha do que já anunciei, ficam os comentários pessoais, complementados pela estatística e avaliação individual de cada jogador.

Notas colectivas
O jogo foi condicionado pelas dimensões reduzidas do terreno. Aliás, terá sido uma excelente oportunidade para treinar decisões rápidas em ambiente competitivo. O balanço final, no entanto, não é muito bom em termos colectivos. O Sporting apresentou um jogo que se distinguiu do Celtic pela maior quantidade e qualidade de circulação, mas nunca conseguiu transformar a maior qualidade em posse numa superioridade real no jogo. Não se pode dizer que tenha havido uma equipa superior no jogo, mas foi o Celtic quem conseguiu estar constantemente mais perto do golo.

Aqui, duas notas em relação ao jogo do Sporting. Quer na primeira, quer na segunda parte, a posse do Sporting foi rápida em zonas baixas, mas falhou no desdobramento para o último terço. E falhou porque não houve qualidade nas movimentações nessa zona. Ou pelo menos qualidade suficiente para criar mais soluções de passe. Na primeira parte, então, Saleiro raramente se envolveu no jogo. A segunda nota será até mais importante do que a primeira: o pressing. Se o Sporting conseguiu poucas situações de desequilíbrio, muito se deveu à sua incapacidade para actuar em transição. Já várias vezes expliquei a importância do momento em que se ganha a bola, muitas vezes muito mais do que a qualidade que se tem com esta nos pés. Ora, apesar de esse ser um pilar das equipas de Paulo Sérgio, a verdade é que o pressing produziu zero em termos de oportunidades de transição. E assim fica mais difícil.

Resta falar da vertente defensiva. Para além da tal incapacidade para roubar alto e colocar a construção do Celtic sobre “stress”, claro. Não foi um jogo muito problemático para o Sporting, que sofreu um golo de penalti, inocentemente cedido por Polga. Para além disso, algumas perdas em zona intermédia resultaram em transições que levaram algum perigo. Mas, mais importante do que isso é falar da linha defensiva. Tentou ser alta, mas não mostrou grandes resultados práticos. Não foi uma vantagem para o pressing, nem grande auxilio em jogadas mais próximas da área. Aliás, o Sporting sentiu grandes problemas em 2 ou 3 lançamentos para as costas, onde os britânicos são normalmente fortes. Outro alicerce das equipas de Paulo Sérgio que precisa de ser melhorado.

Notas individuais
Individualmente, há mais boas notícias do que más. O Sporting conseguiu uma percentagem de passe muito elevada, na ordem dos 78%, o que é sempre revelador de qualidade no desempenho individual. Curiosamente, mais eficácia e mais passes na primeira parte, mas menos recuperações, redundando num jogo mais inconsequente nos primeiros 45 minutos. Não era obrigatório, mas foi assim.

Na zona defensiva, ambos os laterais direitos estiveram bem, com Abel mais participativo, mas João Pereira com mais qualidade. Na esquerda, Evaldo não deslumbrou, mas esteve bem melhor do que Grimi em todos os parâmetros. No centro, e tendo em conta que ainda falta Carriço, são excelentes notícias para Paulo Sérgio. Os centrais do Sporting, no total tiveram uma percentagem de passe de 90%. Reflexo, primeiro, da pouca pressão do Celtic, mas também de uma saída em posse e que dava aos médios a primazia da condução. Mais certos e mais discretos Torsiglieri e Nuno André Coelho. Tonel foi o mais errático em todas as vertentes e Polga o mais interventivo. Aliás, só não foi o melhor dos 4 porque borrou a pintura no lance do golo.

No meio campo, 2 nomes prometem maravilhas na construção: Maniche e Pedro Mendes. Jogaram em fases distintas, mas a sua participação foi fantástica. Ambos muito interventivos e eficazes, com Pedro Mendes mais posicional e Maniche a dar uma enorme qualidade à circulação. Aliás, este Maniche tinha tudo para ter sido uma mais valia no Mundial, mas veremos como dá continuidade à sua temporada.

Na zona mais criativa, não há grandes motivos para euforias. Não houve exibições muito más, mas também ninguém teve o impacto que se pede nos desequilíbrios. A boa nova é Vukcevic. Jogou sobre a direita, esteve participativo e certo nas suas abordagem. Poderá ser um reforço se mantiver a atitude. Outra nota para Salomão, que jogou na segunda parte sobre a direita. Esteve bem, participando decisivamente no lance do golo e mostrando-se certo nas suas abordagens. Parece-me porém que deveria ser utilizado à esquerda. Paulo Sérgio parece gostar da ideia de alas “de pés trocados”, e pessoalmente concordo com a ideia. No caso de Salomão, no entanto, a sua maior virtude, parece-me ser o cruzamento e parece-me também que é à esquerda que os tira com mais facilidade e propósito.

Na frente, um nome mudou o jogo. Postiga. Não digo que mudasse o jogo tacticamente, mas a sua entrada em campo pareceu abençoada, quando ao primeiro toque encostou para o empate. Depois disso, e em apenas 10 minutos, criou mais um lance para Liedson e moveu-se muito bem nas costas do ponta de lança, culminando no período de maior dificuldade para o Celtic. Sobre Postiga, há um aspecto que não pode ser entregue ao acaso: o facto de marcar mais na pré época do que na longa época oficial. É um caso crónico de má reacção mental à pressão e isso retira-lhe a possibilidade de ser um excelente avançado, como tem tudo para poder ser. Uma solução poderá passar por tentar fazer dele um jogador menos dependente do golo, jogando mais longe da área.



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