8.1.09

Guimarães - Benfica: Um bom começo para a reabilitação

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Não há 2 sem 3 – Num momento de crise talvez uma viagem a Guimarães não fosse o melhor destino. Pelo menos para a maioria das equipas, porque para este Benfica de Quique Flores parece mesmo não haver melhor paradeiro. Se contabilizarmos a partida da pré temporada, esta foi a terceira partida disputada entre Vitória e Benfica no Afonso Henriques. O Benfica não só venceu as 3 como utilizou uma fórmula muito semelhante para os triunfos. Aproveitar, desde cedo, a exposição ao erro do Vitória para depois gerir o jogo e aproveitar algum aveitureirismo contrário. Sobre a justiça do resultado, pode dizer-se que o Benfica teve a felicidade de marcar cedo, pode dizer-se, até, que foi sempre mais cauteloso do que arrojado, mas nunca se poderá dizer que não mereceu vencer. O Vitória terá criado uma única oportunidade de golo aos 94 minutos e nem sequer se pode falar de um assédio constante à área de Moretto. Muito pelo contrário. Dizer que o Vitória foi a melhor equipa como fez Cajuda parece-me, pois, um total disparate.

Guimarães – Das 3 recepções ao Benfica esta temporada, esta não terá sido aquela em que se viu um pior Vitória (terá sido claramente no campeonato), mas foi seguramente aquela em que conseguiu criar menos problemas ao Benfica. De resto, custa a compreender como é que, jogando tantas vezes contra o mesmo adversário e a mesma estratégia, o Vitória falha continuamente em termos de abordagem estratégica ao jogo. Cajuda não queria ser “azelha”, mas começou, precisamente por sê-lo e, assim, dar mais uma vez vantagem ao adversário. A reacção ao pressing do Benfica começou por ser péssima, a equipa perdeu 2 bolas comprometedoras nos primeiros 5 minutos e na segunda só por milagre não se viu em desvantagem. Talvez por alguma aversão à sorte, no entanto, o Vitória concedeu no canto consequente o golo, posicionando-se mal e permitindo que Katsouranis surpreendesse com um movimento previsível.
O Vitória foi melhorando no jogo, especialmente em relação ao controlo da profundidade nas transições adversárias e nos erros em posse (estes foram os aspectos em que não esteve tão desastroso como no campeonato), mesmo se nunca tivesse sido suficientemente competente em algum destes aspectos, como se comprova pelo lance do segundo golo. No entanto, voltou a orientar a sua posse, de forma pouco astuta, sempre para as alas, onde o Benfica é mais forte a criar zonas de pressão. Um erro que já se vira, até, no tal jogo de pré temporada mas que, apesar da experiência, se repetiu. Por contraponto, e apesar do Benfica se ter mantido sempre relativamente alto, falhou por nunca tirar partido daquela que poderia ser a chave evidente para criar os desequilíbrios que tanto procurava: a exploração do espaço entre linhas do Benfica. Sobre este aspecto, e para finalizar, foi preciso esperar meio ano de comentários para ouvir alguém fazer referência a este problema táctico que tantos dissabores já causou ao Benfica...


Benfica – De facto, entendo que o Guimarães tem muita culpa própria naquilo que sucedeu. No entanto, esta não deixa de ser uma exibição muito positiva do Benfica, provavelmente mesmo aquela em que melhor geriu uma vantagem. Do Benfica viu-se grande concentração nos riscos assumidos em posse, alguns períodos de boa posse de bola e uma grande concentração em todos os momentos do jogo. Esta melhor abordagem ao jogo permitiu que fosse quase sempre o Benfica a actuar em transição, dando ao Vitória o risco de assumir mais a organização ofensiva, onde colocava um pressing que tentava ser o mais agressivo possível no sentido de causar as tais recuperações tão essenciais na decisão da partida. A gestão da vantagem foi sempre feita tentando manter as linhas o mais alto possível, apesar de se ter assistido a um recuo natural com o passar do tempo e, mesmo, a algumas alterações que introduziram mais segurança e menos capacidade para abordar a profundidade (sei bem o que se diria das substituições de Quique caso o Benfica tivesse tido um percalço...). Ainda assim, há que dizer que não se estranhando minimamente o segundo golo, é também verdade que o Benfica falhou durante muito tempo no propósito de conseguir transformar as suas transições em ocasiões. Talvez seja do momento psicológico...
A vitória foi conseguida num jogo em que, realmente, havia mais a perder do que a ganhar. Isto porque este não era um jogo decisivo numa fase de grupos de uma prova que será o menos relevante dos objectivos encarnados. Ainda assim, por motivos óbvios, este resultado e exibição são mais do que bem vindos para o momento encarnado. De resto, salientar do ponto de vista individual a boa prestação de Miguel Vitor, a importância da cultura posicional e inteligência de Katsouranis e da exibição esforçada de Suazo, em contraponto flagrante com Balboa.

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