2.2.08

Os melhores onzes da história

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(texto escrito e enviado por Bruno Cabral)
Escolher os melhores onzes de sempre (de um clube, de uma selecção, do Mundo ou das “nossas vidas”) é um exercício que está na moda e que sempre gostei muito de fazer. O “Record” fê-lo aquando dos centenários de Benfica e Sporting; a revista “J” fá-lo todos os domingos com uma figura pública; o “Trio d’ Ataque” convidou, há pouco tempo, os seus comentadores a fazê-lo; e até Miguel Sousa Tavares o fez numa das suas crónicas no jornal “A BOLA”. Motivado por estas iniciativas, também decidi trazer para aqui os “meus” onzes, uns feitos propositadamente para a ocasião e outros (de Benfica e FC Porto) idealizados há muito tempo. Assim, apresento aqui aqueles que para mim são os melhores onzes da história de Benfica, FC Porto, Sporting, Selecção Nacional e dos últimos anos do futebol mundial. Além destes, acrescento ainda três onzes de sonho, mas verdadeiros, a certa altura da história dos três maiores clubes portugueses. O Benfica de 92\93, o FC Porto de 86\87 e o Sporting de 93\94 contemplaram provavelmente os melhores onzes reais, em termos individuais, das respectivas vidas dos três emblemas. Destaque também para a referência que faço ao onze da Selecção que marcou uma autêntica revolução no futebol português. Aquele que reunia os principais jogadores da “Geração de Ouro” e que deu início (mais tarde cimentou) a sucessivas presenças em fases finais de europeus e mundiais.
As escolhas dos melhores onzes da história são obviamente discutíveis. Duas dificuldades principais: comparar os jogadores mais recentes com os mais antigos; e decidir entre os que foram melhores nas suas carreiras e os que mais marcaram o clube, quer em longevidade quer em títulos. Tentei fazer um equilíbrio entre estes aspectos - admito que em alguns casos tomei opções muito pessoais – e procurei sobretudo fazer equipas que podiam perfeitamente jogar. Ou seja, não sobrecarreguei os onzes com jogadores das mesmas posições. Deste modo, tiveram que ficar de fora vários craques. Na Selecção, por exemplo, o excesso de extremos dificultou a escolha. Nos clubes, a dor de cabeça comum (boa também neste caso, diria um treinador) foi na baliza. É que os três grandes estão empatados neste capítulo. Os três tiveram os melhores guarda-redes portugueses de sempre (Bento, Vítor Baía e Damas) e também os melhores estrangeiros, para essa posição, que por cá passaram (Preud’homme, Mlynarzick e Schmeichel). Mais fácil foi a escolha do melhor onze mundial dos últimos anos. Neste particular, há nomes que me parecem indiscutíveis.

Benfica
Os encarnados dominaram o futebol em Portugal dos anos 60 aos 90, pelo que desse longo período surge um leque de escolhas impressionante. E mesmo nos últimos 15 anos, apesar de ser a pior fase da sua história, o clube teve/tem nomes incontornáveis, como os de Rui Costa e Preud’homme. Na baliza, aposto no belga, o melhor guarda-redes que vi jogar, mas poderia lá estar Bento. Na defesa, Veloso e Humberto Coelho parecem-me indiscutíveis. Mozer ganha a “corrida” ao seu compatriota Ricardo Gomes, pois jogou mais tempo e ganhou mais títulos no Benfica. Na esquerda, escolho Schwarz, porque o vi jogar e porque nunca ouvi maravilhas sobre Álvaro Magalhães. Paulo Sousa e Rui Costa foram os meninos bonitos que saíram das escolas e que se tornaram em jogadores de nível mundial, daí que mereçam acompanhar o mítico Coluna no meio-campo. No tridente-ofensivo, o mais difícil foi encontrar o melhor para o lado direito. Escolhi Vítor Paneira, porque foi dos melhores jogadores que vi no Benfica, mas também poderiam lá estar José Augusto, Carlos Manuel ou até Poborsky. Eusébio a ponta-de-lança e Chalana a extremo-esquerdo, julgo que são opções consensuais.
Por fim, referência para a grande equipa do Benfica que entrou de início na vitória sobre o Boavista (5-2), na final da Taça de Portugal de 92\93. À base de portugueses, um autêntico “dream team”, ironicamente construído numa altura de crise para os lados da Luz.
Melhor Onze: Preud’homme; Veloso, Humberto Coelho, Mozer e Schwarz; Paulo Sousa, Coluna e Rui Costa; Vítor Paneira, Eusébio e Chalana.
92\93: Neno; Veloso, Mozer, William e Schwarz; Paulo Sousa, Vítor Paneira, Rui Costa e Futre; João Pinto e Rui Águas.

FC Porto
O onze que fiz do FC Porto é sintomático. A riqueza da história do clube está quase toda associada aos últimos 20 anos. Vai daí, os jogadores pelos quais optei são todos bastante recentes. No entanto, têm sido tantos os sucessos e os grandes jogadores que o FC Porto tem registado, que quase que dava para fazer outro onze da mesma qualidade deste. Baía é para mim o melhor guarda-redes português de todos os tempos e, por isso, merece a “titularidade”. João Pinto foi o histórico capitão. Aloísio foi dos melhores centrais que passaram por Portugal e jogou anos a fio no FC Porto, coleccionando conquistas. Ao seu lado, um dos melhores defesas do Mundo da actualidade, Ricardo Carvalho. Jorge Costa ou Fernando Couto também poderiam ser opções válidas. Na esquerda, um campeão do Mundo, o brasileiro Branco, ganhando a “corrida” a Inácio. No meio-campo, escolhi três jogadores que me encantaram e que também ganharam muitos títulos de azul e branco. Na frente, Jardel e Quaresma, porque desequilibraram campeonatos, e Futre, porque foi um dos melhores portugueses de sempre e eleito o segundo melhor a nível mundial, precisamente quando era jogador do FC Porto. Que me perdoem Fernando Gomes e Madjer.
Destaque também para o onze que venceu o Bayern de Munique (2-1), na final da Taça dos Campeões Europeus em 1987. Uma equipa recheada de mística e com jogadores, que pelo que me dizem, fabulosos, como Madjer ou Sousa, entre outros.
Melhor Onze: Vítor Baía; João Pinto, Aloísio, Ricardo Carvalho e Branco; Emerson, Deco e Zahovic; Quaresma, Jardel e Futre.
86\87: Mlynarzick; João Pinto, Eduardo Luís, Celso e Inácio; Quim, André, Jaime Magalhães e António Sousa; Madjer e Futre.

Sporting
Pelo Sporting, passaram muitos dos melhores jogadores portugueses de todos os tempos. No entanto, é curioso verificar que a maior parte deles ficaram mais conotados com os outros grandes que representaram. Futre, Inácio, Carlos Manuel, Quaresma, Sousa, Jaime Pacheco, Fernando Gomes, entre outros, são alguns desses casos. Damas, Oceano e Hilário, esses sim, são nomes sonantes que toda a gente relaciona com o Sporting. Por isso, pela história que construíram em Alvalade e pela qualidade que tinham, justificam um lugar neste onze. Manuel Fernandes também faz parte desse lote, mas, por exclusão de partes, tive que o deixar de fora. Yazalde, recordista de golos num só campeonato em Portugal, e Peyroteo, mais golos do que jogos e símbolo dos cinco violinos, compõem a dupla de ataque. Figo, Balakov e Oliveira (três astros) jogam no meio-campo ofensivo. Na defesa, Alexandre Baptista, central da conquista da Taça das Taças e esteio da Selecção no Mundial 66, joga ao lado de André Cruz, jogador de classe que foi decisivo na vitória do campeonato de 99/00. Luisinho, outro brasileiro de grande qualidade, ou Valckx, internacional holandês, também poderiam ter sido escolhidos. A posição de lateral-direito foi quase sempre ocupada no Sporting por jogadores de segundo plano, pelo que optei por Artur Correia, que também actuou no Benfica. Um jogador que dizem ter sido do melhor que houve em Portugal para essa posição.
Espaço ainda para a equipa de estrelas que Sousa Cintra construiu em 93/94.O onze que aqui coloco foi o que jogou de início contra o Benfica no 3-6. Uma derrota que não tira brilhantismo a um grupo cheio de jogadores fantásticos.
Melhor Onze: Damas; Artur Correia, Alexandre Baptista, André Cruz e Hilário; Oceano, Figo, Balakov e António Oliveira; Peyroteo e Yazalde.
93\94: Lemajic; Nelson, Valckx, Vujacic e Paulo Torres; Peixe, Capucho, Paulo Sousa, Figo e Balakov; e Cadete.

Selecção Nacional
Portugal é o país dos extremos. Desse modo, Futre e Chalana não têm lugar no onze. São dispensáveis argumentos para justificar a opção por Figo e Cristiano Ronaldo. Os dois acompanham Eusébio no ataque, num tridente que reúne assim os três melhores futebolistas portugueses de sempre. No meio-campo, os mesmos que escolhi para o Benfica. Rui Costa, o segundo rosto da “Geração de Ouro” a seguir a Figo, e Coluna, que dizem ter sido do nível de Eusébio, marcam presença. E Paulo Sousa também. Houve mais médios bons em Portugal, além dos referidos, mas nenhum dos outros chegou tão longe como o bicampeão europeu. Sobre Ricardo Carvalho e Vítor Baía já escrevi o que acho deles na parte do FC Porto. Fernando Couto, o segundo mais internacional de sempre, é o outro central. Nas laterais, dois históricos, mas admito que poderiam estar outros jogadores em ambos os lados.
Realce para a primeira grande equipa que vi de Portugal. Finalmente, uma Selecção de estrelas, depois dos Venâncios, dos Nogueiras, dos Leais, dos Semedos, dos Silvinos etc. Foi o ponto de viragem de uma selecção, que deixou o rótulo de modesta, passando a ter o estatuto de uma das mais fortes do Mundo.
Melhor Onze: Vítor Baía; João Pinto, Fernando Couto, Ricardo Carvalho e Veloso; Paulo Sousa, Rui Costa e Coluna; Figo, Eusébio e Cristiano Ronaldo.
95\96: Vítor Baía; Secretário, Fernando Couto, Hélder e Dimas; Paulo Sousa, Oceano, Rui Costa e Figo; João Pinto e Sá Pinto.

Mundial dos últimos anos
Preud’homme, já o disse, foi o melhor que vi na baliza. É complicado reparar em defesas-direitos. Cafu terá sido o que mais impressionou. Roberto Carlos, à esquerda, penso que é indiscutível, assim como Maldini (um histórico) no eixo. Desailly, um muro autêntico e um coleccionador de títulos, é o outro central que coloquei. Redondo, o trinco completo. Figo, Zidane e Giggs dispensam comentários. Atrás do ponta-de-lança, houve muitos, mas o mais espectacular foi Ronaldinho. Quanto a ponta-de-lança, um fenómeno, que revolucionou o futebol mundial: Ronaldo.
Preud’homme; Cafu, Desailly, Maldini e Roberto Carlos; Redondo, Figo, Zidane e Giggs; Ronaldinho e Ronaldo.

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