18.5.11

Final Liga Europa - Notas de antevisão

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1- Começo por pegar em expressões sublinhadas por ambos os treinadores, na antevisão do jogo: "teremos de estar nos limites", disse Domingos; "o futebol, acima de tudo, são momentos de transcendência e de motivação". Cada um com os seus motivos, mas ambos tocaram no ponto fundamental desta, ou de qualquer final: o nível de resposta mental. Há aspectos e pontos de interesse de ordem táctica, mas, como sempre, o tudo ou nada pode ser definido por um pequeno detalhe que, qual teoria do caos, desencadeie consequências gigantescas na definição do jogo. Não espanta que ambos tenham coincidido neste ponto... afinal, não é por acaso que serão dois dos treinadores que mais conseguiram potenciar as respectivas equipas no futebol europeu desta época.

2- Um excelente ponto de partida para o jogo, será o último duelo entre ambos, no inicio da segunda volta. O Porto foi claramente mais forte, conseguiu puxar para si o domínio, mas só resolveu nos pormenores. A fórmula portista será a mesma, apelando à lucidez colectiva em todos os momentos, mas destacando-se, tacticamente, pela incidência que faz do seu trabalho da posse, em organização. Abrir os laterais, "afundar" os extremos do Braga e usar a qualidade e critério dos protagonistas do corredor central para definir os tempos e zonas de progressão. Estes serão os alicerces do edifício de jogo portista para a final. Da sua qualidade de implementação, por um lado, e da resposta que lhe for dada, por outro, se começará a desenhar o vencedor.


3- Do lado do Braga, dois problemas essenciais para resolver. Primeiro, e voltando ao primeiro ponto, a resposta individual dos jogadores. Sem ponta de sofisma, não há qualidade colectiva sem desempenho individual. O Braga tem dado respostas titubeantes nos últimos jogos, podendo começar pelo exemplo de Mossoró, precisamente no jogo contra o Porto, passando por Vandinho e Paulão na primeira mão da meia final, frente ao Benfica, e terminando em Hugo Viana, ainda no fim de semana anterior. A resposta, para que o sonho mantenha realista, terá de ser melhor.

4- O outro problema do Braga, é mais interessante do ponto de vista táctico. Tem a ver com a opção portista de abrir os laterais em posse, atraindo os extremos para zonas mais baixas e delegando as responsabilidades da construção no núcleo central. O problema, para o Braga, não está apenas na qualidade da dinâmica do meio campo do Porto, mas no facto de, baixando os extremos, ficar automaticamente relegado para um bloco mais baixo, condicionando seriamente o momento de transição. Tenho a curiosidade de verificar se haverá, da parte de Domingos, uma resposta especifica para o problema. Pessoalmente, diria que é preferível correr o risco de ver a bola entrar nos laterais, por cima dos extremos, do que perder capacidade de recuperação em zonas mais altas. Mas todas as soluções terão prós e contras.

5- O Porto, por seu lado, conta com o favoritismo, que não resulta de qualquer comparação de currículos, mas da perspectiva realista sobre o valor das equipas e daquilo que ambas mostraram ao longo da época. Para o Porto, porém, há que considerar que, apesar da superioridade territorial no jogo de Braga, o resultado só foi conseguido através de detalhes. Essa é a grande ameaça: a eficácia. O Porto, para além da qualidade, tem contado com a eficácia, mas terá de voltar a tê-la, porque do outro lado está também uma equipa que, potencialmente, poderá precisar de pouco para marcar a sua posição no jogo.

6- Importa, ainda, perspectivar o capítulo individual, na equipa portista. Otamendi fez o seu melhor jogo na Pedreira, e, a meu ver, deverá jogar. O central pode ser uma mais valia se estiver bem, mas também um dos principais candidatos a vilão, em caso de menor inspiração. Mais à frente, surge Guarin, um pouco na mesma medida de Otamendi. Guarin é, hoje, um desequilibrador ofensivo e é aí que marca a sua mais valia. Mas o colombiano é também um dos jogadores mais vulneráveis em posse, pelo que, e tal como Otamendi, é candidato principal a um papel nos dois extremos do protagonismo: herói ou vilão. Há ainda a dúvida sobre o extremo que jogará, mas porque Varela foi aquele que melhor resposta deu nos grandes momentos, imagino que possa ser ele o escolhido. Finalmente, e voltando ao jogo da Pedreira como rampa de lançamento para este duelo, resta lembrar que se o Porto teve dificuldades em materializar o domínio, também é bom notar que nesse jogo não esteve... Falcao.

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