- Nem sempre é assim, mas desta vez correspondeu em grande medida à antevisão que tinha feito. O Braga, tentando dominar, mas sem entrar em loucuras. Privilégio para a lucidez, para o controlo emocional e para a exploração dos pormenores que o jogo pudesse oferecer. Assim foi, e se o Braga venceu, fê-lo muito pela diferença de aproveitamento que conseguiu nas poucas oportunidades que o jogo teve. No Benfica, também esteve em evidência um aspecto que destacara ontem, mas, desta vez, pela negativa. Refiro-me ao espaço entre linhas e à evidente incapacidade da equipa em explorar o corredor central. Tem muito a ver com a característica de Martins, em relação a Aimar, mas também tem com uma incapacidade estratégica em tentar explorar o ponto onde havia mais debilidades no seu opositor. Assim, ficou relegado para o que os corredores e Cardozo pudessem criar. Podia ter dado, mas não deu...
(voltarei com mais detalhes sobre o jogo...)
- Interessante abordar o duelo de treinadores, que até poderá vir a ser um factor de animação dos próximos derbis lisboetas (será?). Para irmos ao epicentro desta rivalidade temos de regressar ao inicio do trajecto de Domingos em Braga e ao episódio em que Jesus reclamou para si próprio os méritos dos ainda precoces sucessos do Braga de Domingos. Não estou certo se Jesus o disse convictamente, ou como mera manobra provocatória, mas, e como o expliquei na altura, tratava-se de uma observação completamente desprovida de sentido, tendo em conta as diferenças óbvias na ideia e modelo de jogo de ambos. Seja como for, e aqui não está presente qualquer comparação qualitativa entre os dois, creio que essa falácia, entretanto por muitos alimentada, termina em definitivo aqui. De qualquer modo, esse episódio servirá hoje, e com toda a certeza, de tempero suplementar no sentimento de ambos os treinadores perante o desfecho desta eliminatória.
- Uma nota para alguma contextualização que é preciso fazer: é um facto que tivemos três equipas portuguesas nas meias finais desta prova, mas isso não deve servir para que se confunda uma taça europeia com uma taça nacional. É estranho que se diga que uma competição europeia "não salva uma época", quando se trata de uma competição muito mais prestigiante e difícil de conquistar do que qualquer título interno. Nesse sentido, o trajecto das três equipas - qualquer uma! - é excelente nesta competição, sendo que isso não deve ser ignorado ou confundido pela "portuguisação" da prova. Claro... nada se compara ao feito do Braga e de Domingos, que, em termos relativos, encontra pouco paralelo na História das competições europeias.