9.5.11

Sporting - Setúbal: estatística e opinião

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1- Os indícios foram identificados desde muito cedo, e o curso da "era Couceiro" tem-nos apenas confirmado. Não raras vezes se constata uma aparente e curiosa coerência entre a atitude da liderança e o futebol das respectivas equipas. O Sporting de hoje é mais um desses exemplos: tal como o discurso de Couceiro, a equipa parece conformada com a sua incapacidade, preferindo antecipar desculpas para os insucessos que hão de vir, em lugar de assumir frontalmente a responsabilidade de os evitar. Couceiro, nesse aspecto, é um pouco a antítese do que fora Paulo Sérgio. Honestamente, e mesmo descontando que não teve mais valias como Liedson, Maniche e Pedro Mendes, parece-me que este é um Sporting pior do que o anterior. Aliás, e indo um pouco mais além neste exercício especulativo, dificilmente "este" Sporting acabaria em lugar europeu.

2- Indo ao Vitória, é muito interessante perceber a sua estratégia. Entrar em casa de um "grande" com um meio campo com Neca, Zé Pedro e Hugo Leal é, no mínimo, arriscado. A intenção, claro, era tirar partido da característica dos seus jogadores. Ou seja, qualidade técnica com bola, envolvendo o adversário e obrigando-o a baixar no campo, ao mesmo tempo que, por outro lado, garantia o equilíbrio defensivo através da densidade de jogadores nesses momentos. Tinha tudo para ser um fracasso, diga-se, mas como do outro lado estava uma equipa tão ou menos capaz em termos de agressividade... funcionou em pleno.


3- De facto, a primeira nota serve para voltar ao tema da falta de agressividade do Sporting. É impossível que uma equipa queira ser dominadora se não conseguir condicionar a posse do adversário, quer em transição, quer em organização. Perder duelos aéreos (inúmeros!) e ser incapaz de pressionar, relega a equipa constantemente para zonas mais baixas. Só isso (há mais, claro), é suficiente para tornar tudo muito mais difícil para quem quer ser dominador. Este é um problema difícil de ultrapassar do ponto de vista individual, dadas as características de alguns jogadores, mas que tem de ser enfrentado de outra forma por quem lidera. Resignar-se a um bloco baixo e uma incapacidade de pressionar não pode ser opção para quem quer (e tem!) de ser dominador. Juntar linhas, criar zonas mais densas e altas e que não exijam tanto espaço de reacção, será a alternativa mais óbvia. Resta arrojo e capacidade para o implementar tacticamente...

4- Em termos dos momentos ofensivos, o Sporting voltou a revelar pouca capacidade e ordem em transição, e, desta vez, grande incapacidade em ataque posicional. Insistiu no corredor central, tal como frente ao Portimonense, mas desta vez havia menos espaços entre linhas e a equipa esbarrou na densidade da "muralha". Depois, em inicio de organização, foi muitas vezes demasiado lenta, facilitando o trabalho ao "pressing", que encostava e obrigava a saídas menos apoiadas. Como sempre, fala-se dos "trincos", tanto mais se jogar um "central", como foi o caso, mas não é por aí que se explica a incapacidade do Sporting. No fim de tudo isto, e apesar de inúmeros cantos desperdiçados, foi apenas de bola parada que o Sporting esteve na eminência de marcar.

5- Uma nota sobre o lance do golo: Aconteceu o que Bruno Ribeiro tanto procurou, ou seja, Pitbull explorou a "verdura" de Cedric, mas o lance merece censura sobretudo pela origem. Tratou-se de um livre no meio campo do Vitória, com amostragem de cartão, pelo que nem sequer foi batido de forma rápida. Ainda assim, rapidamente Pitbull ficou no 1x1, em cima da área do Sporting...

6- O tema das soluções individuais vai dominar a agenda, não tarda muito. Para já, e mesmo que o nível deva melhorar, mantenho a projecção de vários erros (a meu ver, claro), no Sporting. Onde realmente a equipa precisa de se renovar qualitativamente? Na frente, claro!

7- Nas individualidades do Vitória, destaque óbvio para o "perfume" de Pitbull, embora a qualidade técnica não seja suficiente para ofuscar o demérito do Sporting. Para além disso, Zeca continua a revelar-se uma fantástica surpresa desta época. Chegar de escalões mais baixos e apresentar um nível tão regular e completo (competente em todos os momentos do jogo), não é nada fácil...

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