8.10.07

O fim da "teoria da rotatividade"?

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É um debate típico nesta fase da temporada e que encontra eco sobretudo entre as equipas de topo, indiscutivelmente mais sobrecarregadas de jogos. Em Inglaterra, por exemplo, tem havido alguma polémica em torno das opções de Rafa Benitez, grande adepto da rotatividade, no Liverpool. As alterações constantes no onze inicial têm os seus efeitos inevitáveis na performance da equipa e, como em tantas outras coisas, na altura das derrotas os adeptos parecem não estar muito sensibilizados para questões de médio prazo. Embora esta seja, sem dúvida, uma reacção mais emotiva do que racional, talvez se encontre nela algum fundamento. Afinal de contas, de que adianta estar-se bem fisicamente à custa de uma diferença pontual significativa ou de uma eliminação precoce nas competições europeias? Ou, se quisermos entrar noutro debate um pouco mais complexo, qual a diferença real entre os efeitos do desgaste físico e da potencial quebra psicológica causada pelos maus resultados trazidos pela rotatividade no rendimento dos jogadores? Tudo isto vem a propósito dos jogos dos grandes no passado fim de semana...

No Porto, a “fórmula Jesualdo” parece ser clara e vem desde a época transacta: rotatividade nula (ou quase), tirando máximo partido da fase inicial da temporada. Os resultados de 06/07 não podiam ser mais fieis à opção do “professor”: liderança folgada no virar do ano, qualificação para os oitavos na Champions e quebra na performance a partir de Janeiro. Título conseguido com um sofrimento que parecia impensável a dado momento, mas… objectivo cumprido!
Em Paulo Bento uma opção contrastante. Exceptuando a “espinha dorsal” (Polga, Moutinho e Liedson), em 06/07 a rotatividade ditou leis até ao Natal. O resultado imediato foi a perda de pontos na Liga e a saída da Europa, mas no final da temporada a equipa apareceu claramente como a mais forte da prova, ficando a um escasso ponto do título e passeando-se na Taça até à vitória final. Uma época positiva mas com falhas nas competições principais.
Na Luz, a história foi outra... Fernando Santos teve o seu plantel formado em cima da hora, com as indefinições a retardarem a escolha de um modelo de jogo. O resultado foi que apenas um um número reduzido de jogadores entrou nas contas do “engenheiro”, não havendo espaço para grande rotatividade, excepto, claro, aquela forçada pelas lesões que marcaram a época. A questão agravou-se pela presença na desgastante Taça Uefa e a equipa terminou a época num défice exibicional evidente (apesar de ter perdido poucos pontos nessa fase) e com a frustração de quem esteve perto de tudo mas não conseguiu nada.

Esta temporada, o Porto repetiu a dose e lá vai na frente, com 7 e 8 pontos de diferença em relação aos rivais. No Benfica, o inicio de temporada atribulado e a recente discussão do seu futuro nas primeiras páginas dos jornais devem inibir Camacho de qualquer estratégia fora do curto prazo. Mas é no Sporting que aparece a reacção mais curiosa. Penalizado pelo difícil calendário na abertura da época, Paulo Bento vê o Porto a 7 pontos e o cenário de 06/07 a repetir-se. Depois da mal sucedida experiência frente ao Setúbal em que descansou alguns titulares como Tonel e Romagnoli, o treinador não foi de modas na recepção ao Guimarães e não poupou ninguém após a desgastante viagem a Kiev. Será este o fim da “teoria da rotatividade” no futebol Português?

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