20.9.07

Sporting - Man Utd: A lei do mais forte

ver comentários...
Era uma partida que trazia à memória de Alvalade o melhor da Liga dos Campeões do ano passado – o abrir, o jogo em casa contra o “colosso” do grupo. À partida sabia-se que o Manchester seria um adversário temível em praticamente todos os aspectos do jogo, mas particularmente em dois: nas transições ofensivas e nas bolas paradas. Quem conhece este Sporting, porém, dificilmente poderia prever uma derrocada de golos do United. O Sporting é uma equipa invulgarmente bem organizada defensivamente e o facto de ter sofrido apenas 2 golos nos 4 jogos que realizou com Inter e Bayern em 06/07 não é obra do acaso. O ponto que traça a diferença é que, enquanto o United junta aos seus méritos ofensivos uma boa organização defensiva, sofrendo igualmente poucos golos, o Sporting tem grandes dificuldades em importunar ofensivamente equipas de grande nível e o facto de ter marcado apenas 3 golos em 6 jogos no ano transacto, também diz muito sobre a equipa de Paulo Bento. Pedia-se concentração máxima e, tal como nessa partida frente ao Inter, inspiração.

Tacticamente, sem surpresas. Do lado leonino o losango de sempre, com a opção por Izmailov – que como já referi é um jogador melhor na leitura dos espaços e com maior tendência para fechar no miolo, quando comparado com o mais ofensivo Vukcevic – e Djaló – aqui a opção tinha que ver com o facto de Bento considerar que a velocidade tinha maior utilidade do que o jogo aéreo, face a um United tão poderoso no ar. Alex Ferguson, por seu lado, voltou a contar com Rooney – ainda distante do seu melhor – e colocou-o, de forma fiel ao seu modelo, solto na frente, com uma linha de 5 homens nas suas costas, pedindo à mobilidade e imprevisibilidade de Giggs, Ronaldo e Nani que combinassem com Rooney para criar os desequilíbrios.

O jogo começou de acordo com as pretensões leoninas, controlando a bola e, mais importante, o adversário, e ainda que não fosse fulgurante ofensivamente era a si que chamava a maioria das chegadas à área oposta. Até aos 35 minutos os leões dominaram e tiveram uma ocasião que ditou também o inicio da definição encontro, quando Van der Sar desviou o que parecia impossível, quando a tão necessária inspiração apareceu. O Sporting começou a perder gradualmente esclarecimento em alguns aspectos do jogo, errando mais e cedendo, aqui e ali, o proibitivo espaço para as transições. A toada acentuou-se no segundo tempo, com a equipa a ficar gradualmente mais incapaz de manter o controlo do jogo. Paulo Bento tentou espevitar, colocando Vukcevic no lugar de um adormecido Izmailov mas foi o United que marcou numa jogada bem reveladora da qualidade ofensiva dos ‘Red Devils’. Ataque rápido sobre a esquerda e, assim que o Sporting se posicionou sobre esse sector, a bola virou para o lado oposto onde havia o espaço para cruzar e apanhar a defesa leonina a procurar recompor as suas posições. O toque final na jogada foi dado por Ronaldo, com uma movimentação de quem sabe jogar no centro da área, atacando a bola e não se limitando a esperar pela precisão do cruzamento. Havia muito para jogar mas o jogo estava virado totalmente para o lado do Manchester, que agora podia contar com o espaço que o Sporting era obrigado a dar se queria chegar pelo menos à igualdade. Bento arriscou tudo, jogando apenas com 3 defesas, mas a equipa nunca foi perigosa de forma consistente e se é verdade que o United tem de agradecer a Van der Sar o facto de ter trazido um resultado positivo de Lisboa, também não deixa de ser verdade que foram os ingleses aqueles que criaram melhores condições para marcar depois do 0-1.

Ao Sporting fica a sensação de impotência num jogo em que conseguiu ser superior ao adversário durante bons períodos mas que nunca os conseguiu materializar, muito por falta de sorte e muito por mérito da maior valia individual dos adversários.

AddThis