Aí está a hora da verdade! Portugal iniciou a sua campanha de qualificação com uma série de jogos complicados fora de portas. Se a prestação portuguesa não comprometeu, também é verdade que foi pouco constante e raramente dominadora, deixando para os confrontos em solo Nacional a decisão em torno de um apuramento que, a não acontecer, poderia ser considerado o escandaloso de sempre, tendo em conta a valia da Selecção actual.
Para começar este decisivo – não há outra palavra, parece-me – duplo embate, pela frente o mais bem organizado de todas os opositores lusos no Grupo A. Com efeito, Leo Beenhakker transformou a Polónia numa formação inteligente e pragmática que percebe bem quais os seus objectivos e as armas com que pode, ou não, jogar. Depois de um inicio desapontante, Beenhakker deu a volta e agora encontra-se numa posição privilegiada para conseguir o apuramento – sobretudo se pontuar frente a Portugal. A forma como os Polacos nos derrotaram não tem nada de ocasional e deve, desta vez, servir de aviso para o que poderá (e não deverá) suceder. A fórmula Polaca, de resto, não deve diferir do que foi apresentado em solo Polaco, convidando Portugal a entrar num bloco curto e médio-baixo, onde a pressão é depois exercida de forma intensa com vista a recuperar a bola para, então, lançar as transições que tiram partido da exposição espacial que a ansia lusa possa conceder.
Sabendo disto, Portugal tem de ser inteligente e dinamico desde o começo, não se limitando a ficar estático sobre o 4-3-3 e a colocar a bola nos extremos para que eles resolvam individualmente. Essa será precisamente a expectativa dos Polacos. A posse de bola será certamente nossa e não podemos mostrar-nos ansiosos com ela. O ideal será atrair a pressão Polaca para fora do seu bloco, abrindo os espaços que o talento dos nossos jogadores possam bem necessitam para fazer a diferença. Outra arma pode – e deve – ser a posse de bola Polaca. Tendo em conta o seu perfil menos tecnicista, se forem apertados, os Polacos certamente cometerão erros e as recuperações em zona alta serão uma oportunidade tão rara como óptima para desequilibrar num jogo destas características. Por último, as bolas paradas. Dado o ascendente que se espera sobre um bloco Polaco bastante serrado, a eficácia neste tipo de situações pode ser decisivo.
Finalmente, deixo a minha opinião sobre o que não julgo que seja o mais importante: as dúvidas em torno do onze. Bruno Alves será titular, mas creio que, mesmo para além de Pepe e Ricardo Carvalho, existem alternativas mais capazes. É uma opinião que o futuro e o próprio Bruno Alves poderão vir a contraiar. No “miolo”, já aqui várias vezes manifestei o meu apreço por Maniche. É um jogador com características fantásticas para o equilíbrio e as transições e que, ainda por cima, parece gostar dos grandes momentos. Finalmente, como referência na frente a opção por Nuno Gomes e apenas pelo seu passado na equipa das “Quinas”, onde parece encaixar bem nas características da equipa, actuando como “pivot” ofensivo e não tendo grande peso na responsabilidade de desequilibrar.