Por falta de tempo não fiz aqui uma antevisão do jogo e apesar do resultado ser agora um facto não posso deixar de dizer que não esperava. Portugal mostrou nos últimos anos ser uma equipa com força mental e confiança raras no futebol mundial. Foi assim que se venceu a Rússia por 7-1 depois de um empate no Lichtenstein e foi assim que se suplantou a pressão dos grandes eventos, chegando às históricas prestações de 2004 e 2006. Foi também com um pouco dessas virtudes que Portugal reagiu às dificuldades frente à Polónia, virando um resultado quando as coisas pareciam muito complicadas e apenas vendo fugir a vitória por mero golpe de infelicidade. A Sérvia é uma equipa com melhores individualidades mas certamente menos organizada do que a Polónia, dando mais espaços e arriscando mais. Esperava que não os poupássemos...
Na primeira parte Portugal entrou bem, não deslumbrante, mas bem, contando com o essencial golo que Simão conseguiu num lance em que o mérito do remate se reparte com o trabalho feito pelos jogadores que incomodavam a barreira. A Sérvia apresentou-se com uma postura semelhante à Polónia, com um bloco instalado no seu meio campo esperando por Portugal, mas com uma pressão menos organizada e uma cobertura dos espaços menos eficaz que permitia que algumas acelerações individuais pudessem pôr em cheque toda uma organização defensiva – foi assim que surgiu aquele lance desperdiçado por Nuno Gomes. Portugal esteve mais preocupado com a exposição espacial e a menor rapidez dos seus centrais e a ameaça Sérvia vinha apenas dos cruzamentos para a área onde apareciam sempre muitos jogadores em zona de finalização. Em vez de se manter vivo no jogo, controlando-o sim, mas tentando aproveitar também a necessidade adversária de avançar no campo, Portugal limitou-se a baixar progressivamente o seu próprio ritmo de jogo, com uma posse de bola demasiado passiva e perdendo cada vez mais vivacidade nas movimentações ofensivas. Podia-se pensar que Portugal estava a adormecer os Sérvios mas o que sucedeu foi o contrário. Portugal acabou por provar o próprio veneno jogando os últimos minutos na angústia de suster os cruzamentos Sérvios e sem capacidade para criar qualquer situação que fosse. Se houve desinspiração, houve também uma surpreendente falta de mentalidade, revelando pouca confiança e ansiedade que fizeram lembrar outros tempos.
Face ao que referi, entende-se que não penso que o problema tenha estado nas substituições ou mesmo nas opções individuais. Ainda assim, nesse plano foi uma exibição globalmente abaixo do par, onde destaco Deco. O 20 terá feito uma das piores exibições de que me lembro, entrando pouco e quase sempre mal no jogo, errando muitos passes. Finalmente há questão do ponta de lança. Há duas coisas que me parecem claras – e que já me pareciam depois do jogo da Polónia –, uma é que uma equipa como Portugal não se pode dar ao luxo de jogar sem um ponta de lança (muito menos desperdiçar a explosividade de Ronaldo colocando-o na área), a outra tem a ver com Nuno Gomes. Seria bom, quer para o jogador, quer para as camisolas que representa, que o seu problema fosse encarado tal como ele é e não continuar a fazer de conta que nada se passa. Para o jogo com a Sérvia trouxe o trauma com que terminou a sua actuação na Luz e rubricou uma exibição contra producente, perdendo quase todos os lances em que interveio e desperdiçando uma ocasião imperdoável num cabeceamento demasiado simples para um jogador a este nível.
Na primeira parte Portugal entrou bem, não deslumbrante, mas bem, contando com o essencial golo que Simão conseguiu num lance em que o mérito do remate se reparte com o trabalho feito pelos jogadores que incomodavam a barreira. A Sérvia apresentou-se com uma postura semelhante à Polónia, com um bloco instalado no seu meio campo esperando por Portugal, mas com uma pressão menos organizada e uma cobertura dos espaços menos eficaz que permitia que algumas acelerações individuais pudessem pôr em cheque toda uma organização defensiva – foi assim que surgiu aquele lance desperdiçado por Nuno Gomes. Portugal esteve mais preocupado com a exposição espacial e a menor rapidez dos seus centrais e a ameaça Sérvia vinha apenas dos cruzamentos para a área onde apareciam sempre muitos jogadores em zona de finalização. Em vez de se manter vivo no jogo, controlando-o sim, mas tentando aproveitar também a necessidade adversária de avançar no campo, Portugal limitou-se a baixar progressivamente o seu próprio ritmo de jogo, com uma posse de bola demasiado passiva e perdendo cada vez mais vivacidade nas movimentações ofensivas. Podia-se pensar que Portugal estava a adormecer os Sérvios mas o que sucedeu foi o contrário. Portugal acabou por provar o próprio veneno jogando os últimos minutos na angústia de suster os cruzamentos Sérvios e sem capacidade para criar qualquer situação que fosse. Se houve desinspiração, houve também uma surpreendente falta de mentalidade, revelando pouca confiança e ansiedade que fizeram lembrar outros tempos.
Face ao que referi, entende-se que não penso que o problema tenha estado nas substituições ou mesmo nas opções individuais. Ainda assim, nesse plano foi uma exibição globalmente abaixo do par, onde destaco Deco. O 20 terá feito uma das piores exibições de que me lembro, entrando pouco e quase sempre mal no jogo, errando muitos passes. Finalmente há questão do ponta de lança. Há duas coisas que me parecem claras – e que já me pareciam depois do jogo da Polónia –, uma é que uma equipa como Portugal não se pode dar ao luxo de jogar sem um ponta de lança (muito menos desperdiçar a explosividade de Ronaldo colocando-o na área), a outra tem a ver com Nuno Gomes. Seria bom, quer para o jogador, quer para as camisolas que representa, que o seu problema fosse encarado tal como ele é e não continuar a fazer de conta que nada se passa. Para o jogo com a Sérvia trouxe o trauma com que terminou a sua actuação na Luz e rubricou uma exibição contra producente, perdendo quase todos os lances em que interveio e desperdiçando uma ocasião imperdoável num cabeceamento demasiado simples para um jogador a este nível.