21.10.14

Porto - Sporting (II): análise individual

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Porto
Andrés Fernandez - Não teve capacidade para fazer a diferença, mas também não se lhe pode apontar o dedo por isso. Nota para o facto de ter sido muito menos solicitado para jogar com os pés, comparativamente com Fabiano no jogo de Alvalade, o que reflecte a diferença de orientação colectiva identificada.

Danilo - Uma exibição dentro do estilo que o caracteriza, embora com menos profundidade ofensiva, salvando-se a esse respeito o bom cruzamento que realizou para cabeceamento de Jackson. De resto, teve dificuldades em termos de intensidade defensiva e foi igualmente irregular na presença em posse. A este respeito, aliás, foi um bom espelho do estado anímico da equipa, começando com alguma confiança nas suas progressões com bola, mas a acabar o jogo a repetir erros e iniciativas de pouco critério, o que acrescentou risco à segurança da equipa.

José Angel -  Provavelmente das exibições mais regulares da equipa. Tinha uma missão previsivelmente complicada, com Nani pela frente, mas não se pode dizer que se tenha dado mal em termos do confronto individual propriamente dito. De resto, é verdade que não deu grande profundidade ofensiva ao seu corredor, mas também não se pode dizer que tenha comprometido na sua presença em posse. Nota para a abertura para Jackson, no lance que culminou no penálti.

 Marcano - Fica marcado pelo autogolo que marcou, e suspeito que o facto de ter actuado como pivot recentemente também não tenha contribuído muito para uma apreciação favorável a seu respeito. Bem pelo contrário, naturalmente. Pessoalmente, no entanto, continuo com uma impressão muito positiva das suas capacidades, depois de já ter gostado da sua prestação em Alvalade. Em particular, confirmou novamente a sua capacidade para dominar a sua área de intervenção, sendo o jogador com mais intervenções defensivas da equipa. O principal foco de critica tem a ver com alguma falta de critério na circulação baixa, não valorizando tanto a posse como podia e acabado por ceder algo rapidamente à pressão do Sporting, verticalizando o jogo. Isto, apesar de ter tido também ao nível do passe uma elevada percentagem de acerto - a mais elevada da sua equipa - e me parecer um jogador pouco propenso a perdas de risco, mas isso será um pormenor que carece de mais dados para confirmação.

Maicon - Foi um protagonista bem mais frequente do que o seu parceiro de sector na construção e, claro, também não cometeu um erro tão importante como o de Marcano. Apesar disso, não conseguiu o mesmo protagonismo em termos defensivos, e acabou também ele por acusar progressivamente a pressão do resultado, parecendo bastante mais intranquilo na recta final do jogo.

Casemiro - Em Alvalade, conseguiu escapar ao desnorte do meio campo na primeira parte, mas desta vez foi ele a estar no centro do furacão, ainda que num jogo de contornos bastante diferentes. Há, na minha análise, que separar a exibição entre duas vertentes. Sem bola, voltou a mostrar-se um jogador bastante útil naquela zona, com boa capacidade de trabalho, o que lhe valeu várias bolas ganhas num jogo muitas vezes com pouco espaço devido ao facto de ambas as equipas encurtarem intencionalmente o espaço interior. Com bola, por outro lado, a sua exibição foi tremendamente má e em certo sentido até difícil de explicar. Teve pouquíssima participação com bola, envolvendo-se pouco na circulação, o que pode ser explicado pela intenção colectiva de solicitar as costas da defesa do Sporting através dos defesas e não passar tanto o jogo pelo meio. Mesmo assim, a qualidade técnica do seu desempenho foi terrível e muito aquém do que se exige a este nível. Claro, com o lance do segundo golo em destaque, mas não apenas por esse lance. Não conheço bem o jogador, mas se se confirmar a sua dificuldade para ter bola dentro do bloco contrário, então duas coisas me parecem claras. A primeira, e mais óbvia, é que Casemiro terá de ser solicitado tendencialmente fora do bloco,. A segunda, é que o seu salto para o Real Madrid terá sido um equívoco e que rapidamente o tempo se encarregará de o mostrar.

Oliver Torres - É verdade que não teve um jogo fácil, mas talvez Lopetegui pudesse tê-lo incluído no seu plano b para a segunda parte, porque tem talento e qualidade suficientes para que pudesse ser util à equipa.

Herrera - Apareceu a jogar ao lado de Casemiro, mas numa missão com bastante mais liberdade ofensiva, nomeadamente sendo também ele uma solução para aproveitar as dificuldades da linha defensiva do Sporting, com movimentações de rotura. Acabou por não protagonizar um grande jogo, apesar da intensidade que sempre apresenta e que o leva a conseguir ser uma presença constante no jogo, ainda que quase sempre de uma forma mais impulsiva do que pensada. Esteve numa das principais jogadas da equipa na primeira parte, com um passe a isolar Adrian Lopez.

Quintero - Aparentemente, Lopetegui estará mais convencido do potencial que representa, e isso a meu ver é um bom sinal. Falta-lhe, porém, encontrar o enquadramento que tenha em conta as suas características, tanto no que respeita à sua necessidade de ter a bola no pé e não no espaço, como relativamente às suas limitações no processo defensivo. Ainda assim, e mesmo não tendo sido esse enquadramento devidamente definido, Quintero vai sendo um protagonista frequente nos desequilíbrios da equipa, estando neste jogo na origem de 3 ocasiões.

Adrian Lopez - Tem sido uma das principais desilusões da temporada, mas parece-me precipitado desvalorizar a sua utilidade. Neste jogo, pareceu-me melhor na primeira parte, quando actuou num papel central e numa missão que me pareceu estratégica, do que na segunda, quando ficou muito afastado do jogo, ao ser encostado a uma das faixas. Não que não pudesse jogar nessa posição, mas num modelo em que os extremos estão tendencialmente tão abertos e com tanta propensão para procurar situações de 1x1 nos corredores laterais, as características de Adrian simplesmente não parecem encaixar.

Jackson - Foi, sem surpresa, um protagonista. Partiu mais com a missão de procurar o jogo entrelinhas, eventualmente atraindo os defesas do Sporting para libertar Adrian nas suas costas, mas acabou por ser também um protagonista nos movimentos de procura da profundidade, onde conseguiu as suas principais jogadas. Para além do golo e do penálti, que desperdiçou depois de o ter criado ele próprio, ainda foi protagonista de um cabeceamento muito perigoso na segunda parte.

Tello - Em Alvalade foi, à velha maneira, a arma secreta de Lopetegui, conseguindo agitar o jogo na segunda parte. Desta vez, e quando se esperava que de novo o conseguisse, Tello não foi capaz de repetir o mesmo protagonismo.

Ruben Neves - Entrou para o lugar de Casemiro, provavelmente para penalizar o médio brasileiro da mesma forma que o próprio Ruben Neves fora penalizado depois no intervalo jogo de Alvalade. Resta saber até que ponto beneficiará de uma eventual penalização ao seu colega de sector, já que ele próprio pareceu passar por uma espécie de castigo depois do mau jogo que fez em Alvalade.

Sporting
Rui Patrício - Novo jogo grande e de novo Rui Patrício como protagonista. Tem sido assim esta época, e se o Sporting se pode queixar de alguma ineficácia ofensiva em alguns jogos, também deve muito ao seu guarda redes por aquilo a que este o tem poupado. Tem sido,  na sequência da última temporada, uma mais-valia incontornável.

Cedric - Tinha feito um jogo muito positivo em Copenhaga e repetiu-o no Dragão. Boa intensidade e uma grande participação no jogo, sendo um protagonista constante. Parece estar bem, nomeadamente em termos físicos, e isso torna-o num elemento bastante útil, sobretudo se tivermos em atenção as dificuldades que Esgaio havia revelado nas suas aparições.

Jonathan Silva - Mais uma exibição abençoada por alguns lances importantes, nomeadamente o do primeiro golo, em que é autor do cruzamento. De resto, porém, continua-me a parecer algo irregular em vários planos, sendo também verdade que não acusou os mesmos problemas da recepção ao Porto.

Paulo Oliveira - Tem, a meu ver, responsabilidades decisivas no lance do golo do Porto, que deveria ter controlado se não tivesse alterado algo arbitrariamente o seu posicionamento. Tal como a restante defesa, também sentiu dificuldades em alguns ajustes posicionais, o que dificilmente poderia deixar de acontecer, dadas as dificuldades colectivas. Depois, ao nível da presença em posse também esteve bastante discreto, com muito poucas intervenções, muito devido à opção estratégica da equipa. Apesar de tudo isto, pareceu-me uma exibição positiva, se tivermos em atenção as indicações que deu ao nível da capacidade de intervenção defensiva. A este nível, de resto, parece-me incomparavelmente melhor do que Sarr, sendo para mim difícil perceber o porquê de não ter sido opção mais cedo, estando eventualmente a dar-se uma importância excessiva aos centímetros do francês. O que é certo é que Paulo Oliveira conseguiu um número de intervenções que dificilmente Sarr realizaria, e se existem - nele como em vários outros jogadores - aspectos posicionais a corrigir, parece-me que essa evolução dependerá sobretudo da qualidade do trabalho que vier a ser feito.

Maurício - Não cometeu um erro com as consequências do de Paulo Oliveira e foi muito mais presente com bola, conseguindo uma boa percentagem de acerto nas suas intervenções a esse nível. De resto, porém, não fez um jogo tão interventivo como lhe é habitual, e esteve bastante longe de Paulo Oliveira, nesse particular. Pode ser mais experiente do que os seus companheiros de sector, mas esteve sempre habituado a jogar de outra forma, pelo que carece também ele de evoluir bastante no capítulo posicional para que se sinta confortável nesta forma de jogar.

William - Já havia feito um bom jogo em Alvalade, frente ao Porto, e voltou a repeti-lo, numa missão com maior foco no retirar da bola das zonas de pressão do que propriamente assumindo a responsabilidade de ser um organizador do jogo ofensivo. Parece-me que será sempre neste perfil que o melhor de William pode ser potenciado. De resto, conseguiu um bom jogo em praticamente todos os planos. Defensivamente, com várias recuperações, com bola sendo o jogador com mais passes completos no jogo e ficando ainda perto de voltar a marcar neste palco. Existem dificuldades ao nível do posicionamento colectivo da linha média, que frequentemente se expõe bastante, mas tal como para a linha defensiva, esse parece-me mais um problema colectivo do que individual.

Adrien - Foi o jogador com mais acções defensivas no jogo, o que é bem revelador da sua capacidade de trabalho. Com bola, teve também um grande acerto, com destaque para os 10 passes completos no momento de transição. Sem ter sido um protagonista principal em termos de organização de jogo, realizou uma partida muito eficaz e muito bem conseguida.

João Mário - É verdade que não conseguiu ser um desequilibrador, e aliás não me parece que tenha ainda uma vocação especial para tal, mas como já escrevi parece-me uma unidade chave na evolução da equipa em termos de capacidade para ter bola dentro do bloco contrário, tendo novamente contribuído positivamente para tal. Resta saber até que ponto será capaz de evoluir...

Nani - Justificou, novamente, o estatuto que carrega e foi a figura da partida, sobretudo pela capacidade de aproximar a equipa do golo. Para além disso, Nani oferece também a capacidade para o Sporting ter bola, nomeadamente em zonas interiores, coisa que com outros extremos dificilmente acontecia. Uma única nota menos positiva para alguma tendência para abrilhantar as suas intervenções com números que, sem dúvida, beneficiam a vertente técnica do jogo, mas que retiram eficácia às suas aparições no jogo. É um capricho de que poderia abdicar tal com faz, por exemplo, na Selecção.

Capel - A principal nota positiva vai para a boa eficácia das suas intervenções com bola no jogo, o que lhe valerá uma exibição positiva, mas também distante do brilhantismo de outros protagonistas.

Montero - Pareceu determinado em aproveitar a oportunidade, nomeadamente trabalhando bastante sem bola. Acabou por estar ligado aos dois primeiros golos, mesmo que sem que se lhe possa dar um grande crédito por isso. Apesar do esforço, ser-lhe-á muito difícil competir pelo lugar com Slimani, que apresenta nesta altura uma intensidade e dinâmica muito mais fortes.

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