13.10.14

Os desequilibradores da Liga

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Como complemento da análise às 7 primeiras jornadas, deixo a tabela dos 20 jogadores que mais desequilibraram neste inicio de campeonato. Mais concretamente, a tabela refere-se aos jogadores que mais participaram em ocasiões claras de golo das respectivas equipas, e segundo análise que venho mantendo. Aqui ficam algumas notas de análise pessoal...

Melhor marcador, uma luta mais apertada - Há um ano, e apesar do espectacular inicio de época de Montero, não tive grandes duvidas em projectar o claro favoritismo de Jackson na corrida ao título de melhor marcador da liga. O motivo prendia-se com o facto de Jackson ter muito mais ocasiões do que Montero, estando a veia goleadora do seu compatriota mais ligada ao bom momento de eficácia que havia tido, e sendo a eficácia um indicador muito mais volátil no curto prazo. Este ano, e atendendo às indicações deste inicio de temporada, a tarefa de Jackson poderá não estar tão facilitada. O problema não tem tanto a ver com o rendimento do goleador colombiano, que mantém uma enorme importância na finalização das ocasiões criadas pela equipa, o problema é que este ano o Porto promete criar para Jackson bem menos do que aconteceu na época anterior, e se assim continuar a ser os números do colombiano serão seguramente mais modestos do que nas épocas anteriores. Isto, claro, numa perspectiva de golos marcados por tempo jogado, e excluindo a influência das grandes penalidades, que propositadamente ignoro nesta análise. Entre os rivais de Jackson nesta corrida, destacaria Lima e Slimani. Lima não teve um arranque muito positivo em termos de aproveitamento das ocasiões de que desfrutou, e a sua influência (que tem sido muito boa, registe-se) não parece ser tão orientada para as acções de finalização, mas se o Benfica se mantiver com o registo ofensivo até aqui apresentado, e sobretudo se conservar a diferença face ao Porto a esse nível, então Lima será um nome a ter em conta na corrida ao estatuto de melhor marcador. Talvez a maior ameaça para o "reinado" de Jackson venha mesmo do outro rival de Lisboa, mais particularmente na figura de Slimani. O argelino realizou um inicio de época fantástico, e mesmo levando menos minutos por ter falhado os primeiros 2 jogos, é o jogador com mais ocasiões finalizadas nestes primeiros 7 jogos. Se o Sporting mantiver a capacidade ofensiva revelada até aqui, então será mesmo muito difícil de bater Slimani nesta corrida, porque o argelino dificilmente deixará de garantir uma grande influência em termos de zona de finalização. Tendo sido dos que duvidou dele no inicio, não é também a primeira vez que o elogio, sendo para mim claro que a intensidade com que joga o torna numa das principais mais valias para o Sporting actual, e num sério candidato a ultrapassar as marcas de todos os goleadores que o clube teve na última década. Veremos se o confirma...
Por fora, e a meu ver, correm todos os outros jogadores, mesmo aqueles que estão bem colocados nesta altura, como é o caso de Talisca. O motivo é simples, não se afiguram probabilidades razoáveis de que venham a usufruir de tantas ocasiões de golo como Lima, Jackson ou Slimani. Aqui, talvez a principal dúvida resida em Jonas, que se vier a ter uma utilização mais regular, facilmente poderá entrar também nestas contas.

Os que mais criam - Gaitan foi o destaque da época passada, e parece ser de novo o maior candidato nesta temporada a ser o jogador com maior presença criativa em ocasiões claras de golo. Entre os nomes que poderão rivalizar a este nível com o 10 do Benfica, projectaria Salvio, Nani, Carrillo, Brahimi e Quintero. Salvio será mais um candidato a ser dos jogadores com mais participação directa em ocasiões de golo, criando ou finalizando, mas em princípio não terá a mesma vocação criativa do que Gaitan. No Sporting, surgem também dois candidatos a rivalizar com Gaitan neste plano. O primeiro é, claro, Nani, sendo um jogador que, sozinho, mudou o jogo ofensivo da equipa de Marco Silva, pela sua influência, qualidade e capacidade para ter bola em zonas interiores. Desde que jogue, Nani continuará a ser seguramente um dos principais protagonistas do campeonato. Do outro lado, aparece Carrillo, que teve um inicio de época muito bom, mas cuja regularidade não pode ser projectada com a mesma segurança. Se mantiver o rendimento de até aqui, será certamente uma das figuras da prova e merecerá inclusivamente mais tempo de jogo. Será desta? No Porto, o destaque mais óbvio é Brahimi. Tal como para o caso de Jackson, porém, a grande dúvida estará mais no rendimento colectivo, já que se a equipa não melhorar a sua proximidade com o golo, como um todo, será muito complicado a qualquer dos seus jogadores assumir um grande protagonismo individual. Ainda no Porto, não consigo deixar de mencionar Quintero, porque caso venha a ter uma utilização mais regular (e enquadrada às suas características, já agora), estou em crer que Quintero rapidamente se tornará num dos principais desequilibradores do campeonato, até porque será dos jogadores que mais facilidade natural tem para assumir esse estatuto.
Como nota final, sublinhar que esta análise não considera os lances de bola parada, naturalmente para não favorecer os jogadores que são protagonistas das respectivas equipas a bater cantos e livres indirectos.

As revelações - Naturalmente, será muito difícil a qualquer jogador que não actue num dos 3 grandes ser um protagonista individual, em termos de golos marcados, assistências ou ocasiões criadas e finalizadas. Simples e trivialmente, porque a produção colectiva é tendencialmente inferior. Ainda assim, há jogadores a merecer destaque. No Belenenses, Deyverson fez um arranque de época muito bom, e promete atrair rapidamente atenções de clubes com maior capacidade financeira. No Estoril, e apesar do mau desempenho colectivo, Kuca tem tido um impacto muito bom, especialmente considerando que se trata de um jogador vindo de escalões inferiores. No Paços, destaque para Cícero e Urreta. O primeiro com baixo aproveitamento das ocasiões de que desfrutou, é verdade, mas com uma grande influência nas principais movimentações ofensivas da equipa. O segundo, com um enorme impacto no pouco tempo que jogou, prometendo ser uma mais valia indiscutível para Paulo Fonseca. No Marítimo, também dois nomes, Fransérgio e Ruben Ferreira. Fransérgio, sobretudo pela capacidade de aparecer em zonas de finalização, assumindo um protagonismo que no passado não tinha tido. O lateral esquerdo Ruben Ferreira, por seu lado, conseguiu inúmeros cruzamentos de elevado potencial, estando inclusivamente presente em vários golos da equipa. Em Braga, Rafa é um destaque menos surpreendente, tendo sido uma revelação da última temporada, mas Zé Luis teve uns primeiros minutos muito prometedores, o que poderá ser uma excelente notícia para Sérgio Conceição. Finalmente, nota para 2 jovens do Guimarães, Bernard, talvez a principal revelação dos primeiros jogos, e Tomané, que vai mantendo uma presença discreta mas muito regular e útil no ataque do Vitória. O tempo dirá quais destes jogadores serão capazes de manter uma bitola alta para o seu rendimento, e que outros virão a justificar destaque...

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