4.6.14

Benfica: Análise jogos seleccionados 13/14

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Algumas notas sobre os jogos do Benfica, para terminar este ciclo de análises:

- Globalmente, foi uma temporada muito conseguida, com o Benfica a superiorizar-se, em termos de oportunidades criadas e consentidas, a quase todos os principais adversários que encontrou na temporada. As excepções são o jogo com o Porto no Dragão, para a Taça de Portugal, e os dois jogos frente à Juventus, onde o Benfica justificou a sua qualificação sobretudo devido à melhor eficácia conseguida. Dentro do capítulo da avaliação qualitativa, e importa sublinhar isto especialmente no caso do Benfica, nenhuma destas conclusões está (ou deve estar, de uma perspectiva conceptual) dependente dos resultados ou títulos conquistados.

- Do ponto de vista estatístico, e um pouco dentro da linha de raciocínio que já sugerira ontem, há que destacar que os indicadores tradicionais oferecem uma explicação muito reduzida relativamente à qualidade que o Benfica efectivamente revelou. A equipa não foi especialmente dominadora em termos de presença em posse, não teve uma grande % de acerto em posse e, tão pouco, ao nível das finalizações os sinais são covergentes com aquilo que verdadeiramente se passou em campo, tendo o Benfica inclusivamente finalizado menos do que Porto e Sporting, nos respectivos jogos analisados. Mais uma vez, é ao nível das ocasiões que vamos encontrar maior capacidade explicativa, mesmo sendo este um indicador estatisticamente menos independente dos golos marcados e sofridos. Aqui, de sublinhar o facto do Benfica ter melhorado muito a sua performance defensiva na segunda metade da temporada (golos sofridos), sem que isso tenha por base uma variação relevante nas ocasiões consentidas. Ou seja, o menor número de golos sofridos não deriva tanto de um melhor controlo defensivo, mas antes de uma eficácia menor (e mais normal, sublinhe-se) dos adversários. Daí que, na minha opinião, as explicações para o sucedido (menor número de golos sofridos na 2ªmetade da época) devam incidir sobretudo na questão da eficácia, e não no controlo defensivo, através de uma racionalização indutiva e, com enorme probabilidade, equivocada... mas que ainda assim é bastante comum.

- Relativamente aos resultados do modelo relativamente às prestações individuais, diria que salvo algumas excepções, não há muitas surpresas. A distinção de Gaitan como o elemento de maior rendimento corresponde à percepção da generalidade dos adeptos, assim como as boas performances de jogadores como Luisão, Garay, Enzo ou Rodrigo (este num patamar de reconhecimento inferior, o que a meu ver é bastante injusto). Talvez o resultado mais surpreendente esteja na prestação de Markovic. A explicação, porém, é bastante fácil de encontrar, nomeadamente se compararmos os indicadores da sua performance com os de Gaitan (que joga na mesma posição). Menor envolvimento em posse, menor capacidade de intervenção defensiva e, sobretudo, uma capacidade de desequilíbrio relativamente modesta nos jogos seleccionados (no global da temporada, a sua prestação a este nível é fracamente melhor). O seu potencial é tão evidente ao ponto de se tornar uma trivialidade, mas estes dados vêm argumentar em favor daqueles que entendem que há ainda um caminho importante a percorrer até que Markovic atinja um patamar de rendimento de excelência, onde está Gaitan, por exemplo. Tempo e condições, não lhe faltarão...

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