11.12.08

Porto - Arsenal: Perto da goleada

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- Um dia depois de ter realçado a invulgar marca dos 12 pontos conseguidos pelo Sporting, o Porto confirma a repetição do mesmo feito no mesmo ano, acrescentando a esse dado o registo da vitória no grupo. Desde 97/98, ano em que a Champions deixou realmente de ser a Taça dos Campeões (porque passaram a poder participar mais do que 1 clube por país), é a segunda vez que os portistas conseguem um primeiro lugar e, também, a segunda em que atingiu 12 pontos. A performance na fase de grupos é uma marca importante do trajecto do Porto de Jesualdo.

- Se à partida havia a expectativa de este poder ser um confronto mais fácil do que o previsto, caso o Arsenal aqui chegasse já qualificado, pode dizer-se que a realidade foi além da mais optimista das previsões. De facto, foi um Arsenal demasiado desfalcado, com demasiada juventude (exceptuando o trio de ‘trintões’ a média de idades dos restantes 11 jogadores utilizados era inferior a 20 anos!!), não o transformando num adversário fácil, claro, mas distanciando-o de um nível de elite europeia que indiscutivelmente tem.

- O que se assistiu foi um jogo muito equilibrado na primeira parte, invertendo-se completamente essa característica com o efeito, quer emocional, quer táctico que o primeiro golo teve no jogo. Ao contrário do que se possa pensar, não creio que a concessão da posse de bola ao Arsenal tivesse sido parte do plano do Porto. Creio, antes, que a equipa tentou impor no jogo as suas características, nomeadamente um pressing alto e perturbador, precisamente, para a posse adversária. O Arsenal tem aqui muito mérito na forma como evitou esse pressing e obrigou o Porto a recuar as suas linhas e a recuperações a partir de zonas mais atrasadas, o que condiciona o efeito das transições. Por outro lado, o Arsenal não revelou nunca rapidez de progressão suficiente para apanhar um Porto desorganizado na sua zona mais recuada, faltando-lhe aí, claramente, a qualidade de outros intérpretes para definir melhor as jogadas nas imediações da área de Hélton. Se o Porto não fosse uma equipa organizada e com bom sentido posicional, o Arsenal teria feito estragos. Não é o caso. O jogo só poderia, por isso, desbloquear-se numa jogada pontual (que aconteceu algumas vezes no caso do Porto) ou num lance de bola parada. Foi isso que aconteceu.

- Na segunda parte tudo foi diferente, notando-se claramente o efeito que um golo tem nos jogadores. O Arsenal passou a errar mais e o Porto inspirou, com o golo, uma confiança que o fez estar muito próximo da goleada, tal a forma como conseguiu aproveitar a exposição espacial oferecida por um Arsenal que se tornou ainda mais inexperiente com as alterações à hora de jogo. Para terminar, uma nota para saudar os comentários de Carlos Carvalhal. É um treinador que faz muita falta ao futebol português mas é um prazer quando estes seus momentos de paragem são aproveitados para comentar os jogos porque há uma grande diferença...

- Uma última nota para o que se assistiu na primeira parte. O modelo de jogo do Porto, orientado para o plano interno, assenta numa postura alta da equipa e num pressing que é a base de muitos desequilíbrios portistas. O que acontece quando o Porto defronta equipas mais dotadas tecnicamente (e mais esclarecidas na construção) é que esse pressing se torna ineficiente, expondo demasiado a equipa. O Arsenal acabou por não saber tirar partido dessa situação mas outros jogadores ou outras equipas teriam muito provavelmente passado outra factura. Tudo isto para referir que se entende o porquê de Jesualdo adoptar estratégias tacticamente mais cautelosas frente a adversários mais fortes. Não se trata de medo ou falta de confiança, trata-se de consciência das características do modelo e das condições da sua aplicação.

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