19.9.08

Napoles - Benfica: Menos mau mas... nunca bom.

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bom ou mau? - É inevitável que o sentimento de um jogo de uma primeira mão fique obrigatoriamente ligado ao resultado. Muito mais do que qualquer jogo de campeonato, aqui, a objectividade do resultado ganha vantagem sobre a própria exibição. 3-2 também não é um resultado consensual, mas para mim uma derrota nunca pode ser boa e, neste caso, muito menos, atestando-se do valor deste Nápoles que, acrescente-se, não se confina ao San Paolo.
Mas, para quem viu o jogo, realmente, 3-2 foi o menor dos prejuízos para uma equipa que criou muito pouco mais do que os lances dos próprios golos (que surgiram de bola parada) e, pelo contrário, viu o adversário dominar claramente a grande maioria do jogo (terá como atenuantes para a exibição o ambiente e o terreno – eu tinha avisado – e, claro, o próprio valor do Nápoles). Fica-me, portanto, a conclusão que este foi um resultado menos mau para o jogo mas nunca bom para a eliminatória.

Inocência – É curioso ver como, terminado o jogo, ambas as partes se queixam do mesmo. Primeiro o Benfica, que foi vitima da tal característica que tinha elogiado nos napolitanos, a frieza e organização com que reagem aos vários momentos do jogo. Em 3 jogos o Nápoles começou a perder e em 3 jogos inverteu essa situação. Não é por acaso. De todo o modo, é inegável que sofrer 2 golos de forma tão célere só pode indiciar um défice de concentração momentâneo. No primeiro golo por manifesta falta de fortuna (mas com Hamsik a aparecer solto para o remate) e, no segundo, com 2 erros, primeiro deixando Lavezzi sem oposição entre linhas e depois permitindo o tal movimento que já havia identificado em Hamsik, cruzando com Denis na chegada à área.
Mas o Nápoles também se lamenta da sua própria inocência. E não é caso para menos. Bem visto o jogo, os italianos dominaram, tiveram oportunidades e realizaram golos em quantidade suficiente para ganhar maior vantagem na eliminatória. No final, vão para a segunda mão com 2 golos encaixados em 2 lances de bola parada e sem que o Benfica tivesse feito muito mais do que esses mesmos lances. As bolas paradas têm sido bem trabalhadas pelos encarnados mas, no papel do adversário, é natural que se sinta que se podia ter feito mais.

Opções e estratégia de Quique – Di Maria na frente, Suazo, Reyes e Urreta. Alguma surpresa, sim, mas qual terá sido o motivo? Para mim, parece-me claro que nestes jogadores existe uma característica comum que é a velocidade e, particularmente, a forma como a aplicam no ataque à profundidade. A este aspecto deve-se juntar um outro comportamento algo atípico do Benfica. O pressing mais baixo e menos agressivo numa primeira fase em relação ao que é costume, jogando com o bloco mais baixo. Juntas, estas duas indicações deixam entender uma intenção de jogar em transição, tirando partido de alguma lentidão do trio defensivo napolitano. A verdade é que o Benfica nunca conseguiu impor este jogo muito porque, já se sabia, o Nápoles prefere, ele próprio, actuar em transição, não gostando de um jogo assente na posse na subida das linhas. Por aqui, penso eu, se explica grande parte do falhanço encarnado no jogo.
Mas não posso deixar de falar noutro aspecto do jogo que, mais uma vez, me merece referência negativa. A construção de jogo do Benfica permanece parca de ideias e extremamente vulnerável à pressão (mesmo a do Nápoles que não é feita com muitos elementos). Várias foram as perdas de bola que resultaram desta deficiência, com a agravante de acontecerem bem perto da área de Quim. A rever, mais uma vez.

Tréguas no final – Foram curiosos os últimos 15 minutos. Com um resultado que deixa em aberto a eliminatória, notou-se um receio no final do jogo. Destaque para o Nápoles que, já desgastado e sem o fundamental Hamsik, optou não tentar explorar a inferioridade provocada pela lesão de Suazo. O Benfica, também sem arriscar, aproveitou para respirar e chegar mesmo ao seu único ameaço real, na jogada que terminou com Balboa a chegar um pouco mais tarde do que o guarda redes contrário.

Suazo – Será, seguramente, a melhor novidade do jogo para os benfiquistas. Não cheguei a comentar a sua aquisição por ter surgido já num timing em que abundam outros motivos de interesse, mas parece-me que poderá estar aqui a grande mais valia do defeso. Ao contrário de nomes sonantes como Reyes ou Aimar, Suazo não chega à Luz a precisar de reabilitação na carreira, antes sim vitima da forte concorrência no plantel do Inter, e depois de ter feito uma época muito positiva nos nerazzurri. Tem tudo para ser uma mais valia e, claro, um problema para a concorrência.

Golos:
0-1; 1-1; 2-1; 3-1; 3-2

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