23.3.08

Setubal - Sporting: Análise cronológica da final

ver comentários...
0’ Em relação às projecções que havia feito, duas alterações. No Sporting, Pereirinha mantem-se mesmo fora do “melhor onze” de Paulo Bento, com Izmailov e Romagnoli a persistirem. No Setúbal, mais importante a presença de Leandro no onze, significando que não haverá uma nuance estrutural específica para a final.
12’ Perda de bola Miguel Veloso à saída do meio campo resulta num passe para Pitbull que é apertado por Abel acabando por cair antes de finalizr. O Vitória fica a reclamar falta do lateral.
O jogo começou, sem surpresas, com o Setúbal a jogar no erro do Sporting, não fazendo da guerra pela posse de bola uma questão importante. De resto, o 4-3-3 habitual nos sadinos que fazem do bloco baixo e pressionante e da transição ofensiva as armas essenciais para derrotar o Sporting. Do lado dos leões, também sem novidades estruturais ou mesmo no que respeita às rotinas de jogo. Nota-se, isso sim, uma grande preocupação em não cair na ratoeira do Setúbal, ou seja, não cometer muitos erros em posse de bola (o que aconteceu apenas no lance de Veloso). Nota importante para o elevado número de faltas a não contribuir para a fluidez do jogo.
14’ Primeiro remate do jogo. Liedson trabalha fora da área e, perante uma densa oposição, tenta o remate em rotação que sai, no entanto, fácil para Eduardo.
45’ Nulo ao intervalo, num jogo que desilude quem esperava um jogo de espectáculo. O Setúbal termina a primeira parte sem um único remate intencional e o Sporting apenas com remates inofensivos. O Sporting teve mais iniciativa mas foi pouco incisivo no derradeiro terço, essencialmente por dois motivos. O primeiro e mais importante prende-se com a falta de inspiração das suas unidades. O segundo motivo tem a ver com o Setúbal e com o seu bloco baixo que defende muito bem em largura, impedindo que as habituais combinações laterais do Sporting possam surtir efeito. Sobre o Sporting é importante referir que não permitiu transições ao Vitória, tornando-o praticamente inofensivo, à excepção do tal erro de Veloso.
49’ O primeiro remate do Vitória leva a bola... ao poste da baliza. Livre directo que resulta de uma falta de Veloso após um alívio deficiente de Rui Patrício. O livre de Pitbull não levou muita força mas o brasileiro conseguiu faze-la passar precisamente pelo buraco aberto por 2 jogadores do Vitória na barreira do Sporting.
61’ Transição perigosa do Vitória a aproveitar um erro no primeiro passe de Abel. A bola vai para Pitbull que, bem ao estilo do Vitória, espera o tempo certo para solicitar o aparecimento de Bruno Gama sobre a esquerda. O remate sai ao lado.
A segunda parte começou com um jogo sem grandes alterações em relação ao que fora nos primeiros 45 minutos. Nota para duas nuances. O facto de Moutinho ter trocado com Izmailov, aparecendo agora como médio ala esquerdo e para uma maior propensão para Pitbull cair na zona de Abel. De resto, o Sporting tenta imprimir mais dinâmica, correndo igualmente um pouco mais de riscos, perante um Vitória cada vez mais recuado.
64’ Ocasiao para o sporting. Jogada típica de envolvimento na lateral da área com Romagnoli a solicitar Vukcevic que faz a bola passar em frente a Eduardo, sem que ninguém lhe toque e a sair não muito longe do segundo poste.
65’ Paulo Bento troca Abel por Pereirinha. Sendo “troca por troca”, é uma alteração que se compreende, primeiro pelo rendimento não muito positivo de Abel e, depois, pela maior capacidade de recuperação de Pereirinha, importante para a exposição territorial assumida pelo Sporting.
67’ Carvalhal troca Bruno Gama por Paulinho, numa alteração que tenta refrescar e dar mais profundidade ao ataque do Vitória, numa fase em que se poderiam prever mais riscos do Sporting.
79’ Troca de Leandro por Filipe Gonçalves. Uma alteração que pretende essencialmente dar maior frescura física às transições do Vitória.
Paulo Bento troca Veloso por Adrien. Uma oportunidade para o jovem jogador e, talvez, um sinal de gestão por parte do treinador que, estranhamente, não pretende introduzir nova energia ofensiva a partir do banco.
87’ Com o Vitória remetido à sua área, Romagnoli força um remate sobre a esquerda, mas a finalização sai ao lando, sentindo-se poder ser este o canto do cisne da partida.
O jogo manteve-se dividido entre períodos repartidos de posse de bola e, outros, em que um Vitória muito recuado era suficiente para inviabilizar qualquer perigo de um Sporting pouco criativo e incisivo no último terço. O nulo pareceu uma inevitabilidade.
---
Fim do jogo com o nulo e a vitória do Setúbal nos penaltis. O resultado foi o único que poderia traduzir o que se passou na partida, com nenhuma equipa a fazer suficiente para justificar um golo. Do lado do Setúbal houve a manutenção da mesma estratégia inicial ao longo da partida, parecendo nunca temer o nulo e remetendo-se a um bloco muito baixo e denso. Da parte do Sporting a única capacidade que existiu foi para evitar as transições do Vitória que, de facto, raramente foram conseguidas. Ficou a estranha sensação de que também o Sporting estava conformado com o nulo o que, sendo mais compreensível do que num jogo a valer pontos, não era previsível. Quer da parte dos jogadores, pouco dinâmicos e criativos, quer da parte do treinador, que não introduziu qualquer peça para a frente de ataque, ficou essa sensação.
Do desfecho resulta, tal como afirmou Paulo Bento, um vencedor justo da competição, essencialmente pelo percurso que conduziu o Vitória a esta final. Em termos racionais, o Sporting não se deveria penalizar demasiado pelo desfecho dos penaltis (antes sim, pela falta de nervo ofensivo durante o jogo), mas a realidade do futebol não passa pela racionalidade e aquilo que se vai ler e ouvir durante a próxima semana não será em nada benéfico para o lado emocional de uma equipa em fase de “tudo ou nada” na temporada.

AddThis