15.3.08

História do Europeu - Espanha 1964

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Enquadramento Futebol Europeu
A nível de clubes o futebol europeu era dominado pelas equipas da Europa de Sul, particularmente pelas Espanholas. A contraria-las estavam, mais do que nunca, as Portuguesas, com o Benfica de Eusébio em plano de maior evidência. Os encarnados conseguiram 4 finais Europeias em 5 anos, tendo falhado precisamente a presença na final de 64 após uma surpreendente derrota perante o Dortmund – os alemães golearam 5-0 em sua casa – na primeira ronda da prova.

Mas o futebol Português manteve a sua presença ao mais alto nível Europeu, com o Sporting a conquistar a Taça das Taças nesse ano de 64. De resto, a Taça Uefa foi vencida pelo Saragoça que derrotou na final o bicampeão Valência, na quinta vitória Espanhola em 6 anos de competição.

Mas 64 marcou a primeira de 2 conquistas consecutivas na Taça dos Campeões Europeus da equipa que ficou conhecida como “La Grande Inter”. Orientada pelo argentino Helenio Herrera – identificado muitas vezes como o pai do “Cattenacio”, embora não tivesse sido verdadeiramente o seu inventor – a formação do Inter utilizava um estilo inovador de jogo, suportado por um libero, Armando Picchi, que era também o capitão e líder dentro do campo. Depois havia Giacinto Faccheti, o galopante lateral esquerdo com ordem para atacar, e o criativo médio espanhol Luiz Suarez, melhor jogador europeu do ano em 1960. Mas a estrela desse Inter era Sandro Mazzola, o fantasista de apenas 22 anos que iniciava uma carreira de grande prestigio no futebol Italiano e mundial.

O Inter bateu o Real Madrid dos geniais mas já veteranissimos Di Steffano e Puskas em 1964, por 3-1 numa final disputada no Prater e em que Mazzola apontou 2 golos. Um ano mais tarde, “La Grande Inter” repetiria a proeza, batendo desta vez o Benfica por 1-0 num jogo disputado em... San Siro.

Enquadramento Futebol Português
Em Portugal os tempos eram dominados pelo poderoso Benfica que em 64 conquistou o segundo de uma série de 3 campeonatos seguidos, todos com o FC Porto como vice-campeão. Eusébio era a estrela de uma equipa capitaneada por Coluna e que tinha outras referências sobejamente conhecidas como Torres, Germano, Simões ou José Augusto. No Sporting, Morais ficou eternamente ligado a esse ano de 64 com o seu “cantinho”, mas havia outros nomes como Hilário ou guarda redes Carvalho. Já no FC Porto, o destaque vai para a despedida do histórico Hernâni.
Na Taça de Portugal, o Benfica fez a dobradinha em 64, sucedendo ao Sporting como vencedor da competição e batendo o FC Porto por 6-2 na final.

Qualificação
A fase de qualificação ficou marcada pela surpresa chamada Luxemburgo, que esteve a muito pouco de integrar os 4 finalistas. A proeza dos Luxemburgueses destaca-se sobretudo pela eliminação tangencial da Holanda. Quem beneficiou com o sucedido foi a Dinamarca que, após recurso a um jogo de desempate, lá eliminou os Luxemburgueses, qualificando-se para a fase final. Os dinamarqueses chegaram ao Espanha 64 apenas por eliminar Malta, Albania e o Luxemburgo.
Nota para dois embates de gigantes. Primeiro a eliminação da Itália aos pés do Campeão, a URSS. Depois pelo brilharete da virtuosa Hungria que venceu os dois jogos frente a uma França em fase de renovação.
Quanto a Portugal, não se pode deixar de estranhar a modéstia da sua participação num tempo de tantos sucessos ao nível de clubes (compostos por Portugueses). A Selecção caiu “à primeira” perante a Bulgária. Depois do 3-1 de Sofia, Portugal conseguiu virar a eliminatória, chegando ao 3-0 (2 golos de Hernani e um Coluna) no jogo do Restelo. Um golo Bulgaro na etapa final do jogo forçou um jogo de desempate. Nessa partida disputada em Roma, os Bulgaros derrotaram-nos por 1-0, outra vez com um golo tardio.

Fase Final
À fase final chegaram a candidata Espanha, a campeã URSS, a talentosa Hungria e a ocasional Dinamarca. Espanha ganhou ainda mais favoritismo após lhe ter sido concedida a vantagem de receber os 4 jogos finais.
Meias finais:
Espanha 2-1 Hungria (a.p.)
Dinamarca 0-3 URSS
3º/4º
Hungria 3-1 Dinamarca (a.p.)
Final
Espanha 2-1 URSS

Equipas
Hungria
Já não contava com Puskas ou a magia do futebol Magiar que encantou o Mundo nos anos 50, mas a qualidade era ainda uma marca bem notória no futebol da Húngria. A equipa era orientada pelo bem sucedido Lajos Baroti e era formada por jogadores dos 3 principais clubes Hungaros da altura: o Ferencvaros(vencedor da Taça Uefa em 1965 e finalista em 68), o Vasas (semi finalista derrotado pelo Benfica da Taça dos Campeões Europeus em 65) e o MTK (que perdeu com o Sporting na final da Taça das Taças em 64). De resto, a Selecção Hungara haveria de se tornar campeã Olimpica nesse mesmo ano, tendo chegado aos quartos de final nos Mundiais de 62 e 66.

URSS
Campeã em título, a URSS era uma potencia do futebol Europeu desta época, talvez algo marginalizada por questões políticas. A equipa soviética manteve a sua espinha dorsal de 1960, sendo reconhecida pela sua força defensiva. Depois de alguma frustração em 62 com a eliminação aos pés do Chile nos quartos de final do mundial esta Selecção conseguiria o quarto lugar em 66. Nota para o facto de nesta altura não haver clubes soviéticos nas competições europeias.
Espanha
Foi a única Selecção Espanhola a conseguir um grande título. Não era difícil escolher um elenco perante tanta qualidade presente nas equipas Espanholas. Como se tal não bastasse, José Villalonga foi o único Seleccionador a ter o privilegio de convocar emigrantes para o seu elenco. Os médios Luis del Sol (Juventus) e Luiz Suarez (Inter) foram os eleitos.

Estrelas
Florian Albert – Avançado de grande elegância era uma das grandes estrelas da altura. Foi melhor marcador (entre outros) no Chile 62 e foi nomeado jogador Europeu do Ano em 67. Jogou apenas no Ferencvaros, onde conseguiu erguer o unico trofeu Europeu do clube, a Taça Uefa (na altura Taça das Cidades com Feira)

Ferenc Bene – Goleador do Ujpest durante toda a carreira, foi a grande revelação da prova ao apontar 2 golos, apenas com 19 anos. Na altura era já uma figura importante da Selecção e meses mais tarde tornar-se-ia numa das principais referências da conquista Olimpica Húngara no Torneio de Tóquio.

Lev Yashin – Incontornável figura do futebol Mundial da época, era novamente a principal estrela Soviética, mas desta vez não trouxe o troféu.

Albert Shesternyov – Libero do CSKA de Moscovo, é o recordista de internacionalizações pela URSS. Já havia marcado presença no Mundial de 62, apenas com 21 anos, e tornara-se numa peça essencial da Selecção. Era conhecido como “Ivan o Terrível”...

Valery Voronin – Médio ou defesa central de notável capacidade técnica marcou o golo que abriu a vitória frente à Dinamarca, tendo igualmente apontado o último golo do apuramento.
Jesus Pereda – Avançado do Barcelona foi um dos heróis da conquista Espanhola ao marcar 2 golos na fase final.

Amancio – Galego que era nesta altura uma das referências do ataque do poderoso Real Madrid e também da Selecção Espanhola. Amancio marcou o golo que derrotou a Húngria no prolongamento da meia final.

Luis Suarez – Antigo jogador do Barcelona e nesta altura no Inter. Foi o primeiro jogador a juntar os títulos de campeão da Europa ao nível de clubes e Selecções no mesmo ano. Era indiscutivelmente um dos craques daquele tempo.

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