13.12.07

FC Porto: 2008 vs. 2004

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Um olhar sobre os possíveis adversários do FC Porto nos oitavos de final da Champions, leva-nos à conclusão que, só com muito azar, os dragões não serão favoritos para chegar aos quartos de final. Este é um facto que, por si só, torna legitimo o sonho, numa fase da prova em que um bom jogo, um bom momento, pode ser suficiente para fazer toda a diferença. Embora ainda distante dessa fase, pergunto que diferenças e que semelhanças existem entre este Porto que sonha e aquele que, há 4 anos, entrava no improvável corredor da glória Europeia...

(+) Transição ofensiva
É a grande vantagem competitiva de Jesualdo Ferreira no plano interno e a mais letal das armas do seu FC Porto. Um mecanismo altamente bem rotinado que tira o melhor partido das qualidades individuais dos dois maiores artistas do colectivo: Quaresma e Lucho. Há poucas equipas na Europa que interpretam tão bem este momento como o Porto e não tenho dúvidas em afirmar que, neste aspecto, o Porto é mais forte do que em 2004.

(=) Transição defensiva
Foi a imagem de marca do primeiro ano de Mourinho. Mal perdia a bola, a equipa fazia uma pressão agressiva e muito organizada o que lhe valia muitas recuperações de bola. No segundo ano, Mourinho apresentou uma filosofia mais cautelosa, com maior preocupação posicional. Nesse segundo ano, a transição portista era mais próxima com aquela que Jesualdo preconiza nos dias de hoje. Grande equilíbrio posicional com os jogadores rapidamente a ocuparem eficazmente as suas posições, limitando as linhas de passe ao adversário. A diferença está na menor agressividade do Porto actual nesse momento do jogo.

(-) Versatilidade
Se há dificuldade que se pode apontar ao Porto de hoje é a dificuldade em fazer frente a estilos de jogo diferentes daquele a que está habituado. Equipas que recorrem a um estilo mais directo criam muitas dificuldades ao este FC Porto que, comparativamente com o de Mourinho não é tão eficaz na adaptação a um jogo em que as segundas bolas e o confronto aéreo são altamente relevantes. Outro aspecto em que o Porto de hoje não é tão forte é quando é forçado a defender mais perto da sua baliza. A falta de agressividade do pressing portista torna-se, aí sim, um problema com a equipa a ressentir-se muito dessa situação, não conseguindo, inclusive, protagonizar com a mesma confiança as suas letais transições ofensivas. Um ponto a rever para as eventuais deslocações aos grandes palcos.

(-) Qualidade individual
A magia de Quaresma e a classe de Lucho são indiscutivelmente as mais valias de hoje. O Porto poderá até ter uma melhor dupla de laterais, mas a “espinha dorsal” de hoje não tem a qualidade individual daquela que ergueu o trofeu em 2004. Refiro-me à dupla de centrais (Ricardo Carvalho + Jorge Costa) e ao famoso trio de meio campo (Costinha + Maniche + Deco). Na frente, McCarthy e Derlei eram também duas soluções para a finalização com uma qualidade difícil de encontrar no Porto de hoje. Isto apesar do brilhante momento de Lisandro.

(?) Momento e Sorteio
É algo que resulta do próprio formato da competição. Ou seja, é em Março/Abril que se discutem os jogos decisivos desta prova que nessa fase é a eliminar, de nada valendo o que se fez ou deixou de fazer no resto da temporada. Em 2004 o Porto geriu a temporada de forma a poder aparecer forte nessa fase. Resta saber como será 2008, mas fica desde já o aviso da quebra verificada na época passada. Outro aspecto em que o Porto também foi feliz em 2004 foi o sorteio. Não pelo Manchester United, obviamente, mas pelo facto de, a partir dos oitavos de final , não se ter confrontado com nenhum “tubarão” Europeu. É outro aspecto que poderá ser decisivo na caminhada Europeia portista em 2008.

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