Não é como se não tivesse passado pela cabeça de quase todos, mas a verdade é que também não pode deixar de surpreender... Em apenas 2 semanas, assistiu-se a uma inclinadissima cadência exibicional - desde o perfil robusto e dinâmico que se viu na primeira parte do Funchal até à performance "nonsense" de ontem. Paulo Bento fala em carências na finalização e processo de transição ataque-defesa. Pode juntar-se-lhe a quebra exibicional (talvez pelo desgaste) dos influentes Moutinho e Nani ou os azares destros da defesa. Há, no entanto, um motivo que me parece mais relevante ainda que menos palpável... a tão falada "intensidade competitiva"! Jorge Jesus diria certamente que "isso é psicológico!", mas a verdade é que em alta competição é preciso haver uma forte capacidade de concentração no jogo e nas suas acções. Esta concentração deve ser colectiva e a sua intensidade determina a capacidade que a equipa tem de agir em consonância - quer nos aspectos ofensivos, quer defensivos. Daí as falhas de marcação zonal e os passes "dessintonizados", que acontecem como não aconteciam.
A explicação mais óbvia para a sua origem está no falhanço de Milão e na consequente desilusão europeia. Juventude e falta de confiança (particularmente após os golos prematuramente sofridos com o Benfica) serão apenas agravantes deste estado pós-traumático...
Não me parece um mal crónico, mas suspeito que do tempo de recuperação dependerão as já limitadas hipóteses de sucesso no campeonato...
