19.12.06

Assimetria táctica - uma alternativa?

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A capacidade ofensiva de Nelson não constitui, em si mesmo, uma novidade. No entanto, quem assistiu ao evoluir do Benfica – Setúbal de Sábado passado, terá certamente constatado que grande parte dos desequilibrios provocados pelos encarnados tiveram origem precisamente em descidas do lateral. O apropósito com que apareceu pelo seu corredor teve muito a ver com um pormenor táctico da equipa encarnada: a ausência de um extremo direito. Assim, e num campeonato onde prevalece a “referência homem” para a definição dos posicionamentos defensivos a ausência de extremos de raiz poderá tornar-se num “engodo” que permita potenciar a principal característica de laterais como Nelson.
O ponto em que me quero focar prende-se com a possibilidade de Fernando Santos adoptar uma estrutura que potencie esta característica do seu lateral, colmatando, por outro lado, a falta de uma alternativa capaz para a extrema direita. Assim, e em relação à estrutura actual, o Benfica poderia dotar o seu esquema de alguma assimetria, ajustando-se mais adequadamente às características dos seus intérpretes. Para que Nelson actuasse como “falso defesa-direito” seria necessário que os restantes defensores fossem mais posicionais, com Leo a ter menor liberdade ofensiva e Luisão a fechar mais sobre a direita (sobretudo quando em posse de bola). Também beneficiado, Simão voltaria à sua posição de maior rendimento – a ala esquerda. Do outro lado estaria, então, um espaço de grande imprevisibilidade para os adversários, com os laterais a darem-se à marcação interior e a libertar um espaço onde Nelson, de trás, apareceria...
A assimetria táctica é um “papão” para a maioria dos treinadores, receosos de desequilibrios provocados por rotinas mal sistematizadas. Não poderá, porém, a assimetria ser também uma forma de melhor adaptar o esquema às características dos jogadores e assim retirar um melhor rendimento destes?

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