8.12.10

Porto - Setúbal (Análise e números)

ver comentários...
Saber ganhar. Esse é o grande desafio do Porto para a segunda metade da temporada e a importância do desafio foi bem espelhada nesta partida. Obviamente que quando falo em “saber ganhar” não me estou a referir a um qualquer concurso de foliões, mas, antes sim, à importância de manter os níveis de intensidade e concentração em todos os jogos. Porquê que este desafio é especialmente importante? Porque é assim que terminam os ciclos de vitórias. Ou seja, começasse por relaxar, erra-se mais e, de repente, está-se a lidar com a frustração, sendo muito mais difícil voltar a ganhar. Um exemplo? O Benfica, claro.

Notas colectivas
De facto, entendo que o grande problema do rendimento da equipa esteve na atitude dos jogadores. Não que ao falar-se de “atitude” – e isto normalmente confunde-se – se esteja a sugerir uma negligência consciente dos jogadores, não é disso que se trata. Trata-se, isso sim, de uma perda de intensidade normal em competição, mas que deve ser combatida conscientemente por todos, pelo perigo que pode representar.

É verdade que a primeira parte mostrou um Porto muito dominador e que criou, até, boas oportunidades para o golo. Mas nunca mostrou um “bom Porto”, dentro dos parâmetros de outros jogos. Beneficiou de uma postura mais expectante do Vitória para exercer domínio e acabou por, naturalmente, encontrar o caminho do golo, mesmo que as situações não tenham sido muitas. Mas, os erros técnicos foram sempre uma constante e isso acabou por ser determinante na forma como o Vitória cresceu emocionalmente no jogo.

Se a primeira parte não foi boa, a segunda foi mesmo má. O Vitória tentou outra abordagem e aquilo que mais caracteriza a má resposta portista é o facto da equipa não ter conseguido aproveitar o maior espaço que lhe passou a ser concedido para criar 1 ocasião clara de golo que fosse. O Vitória acreditou, cresceu e aproveitou também erros pontuais para se aproximar do golo, chegando bem próximo de o conseguir. Um castigo que, diga-se, o Porto fez por merecer.

A intensidade e desgaste do jogo de Viena serve de atenuante, sim, mas não de desculpa. Ou seja, é normal que a equipa não conseguisse uma exibição extremamente conseguida, mas não é de todo suficiente para justificar a falta de intensidade que a equipa demonstrou.

Notas individuais
Fucile – Esteve geralmente bem, mas pontualmente mal e esse vem sendo um problema constante na sua carreira. Ou seja, Fucile consegue ser um jogador agressivo, intenso e com uma presença muito positiva no jogo, quer em termos ofensivos, quer defensivos. Depois, porém, tem abordagens completamente desajustadas, correndo o risco de comprometer a equipa. Neste caso, arriscou em demasia no lance que deu origem ao penalti e, mais cedo, havia sido displicente numa abertura larga para as suas costas, em tudo idêntica ao golo que a equipa sofreu em Guimarães, também com responsabilidade sua. E, não fosse isso, teria sido talvez o melhor em campo...

E.Rafael – Não se pode queixar da sorte. O Vitória forçou o jogo pelo seu flanco e permitiu-lhe sempre que tivesse uma presença constante no jogo, e em boas condições para ser bem sucedido. E Rafa foi-o em termos defensivos. Depois, nenhum jogador teve tantas vezes a bola como ele enquanto esteve em campo, e quase sempre com boas condições para decidir bem. Rafa não o fez. Errou demasiados passes e não aproveitou nenhuma das várias situações de cruzamento que lhe foram proporcionadas. Na segunda parte a coisa piorou. Acumulou 2 perdas perfeitamente evitáveis e a segunda acabou com Zeca na frente Hélton. Foi a gota de água para Villas Boas que o retirou do campo e, provavelmente, terá sido também um sério passo atrás nas suas possibilidades de afirmação a curto prazo.

Rolando – A equipa sofreu, mas não foi por ele (nem por Otamendi). O lance em que recupera perante Zeca mostra bem o potencial que tem em todos os aspectos. Pena não ser mais arrojado em termos de antecipação.

Guarin – Foi outro dos jogadores que menos bem esteve e que melhor podia ter estado.
Moutinho – Aqui está um exemplo do que é a grande mais valia de Moutinho, a regularidade. Ao contrário da generalidade, manteve a intensidade e fez até uma das suas melhores exibições em termos estatísticos. Com ele todos os jogos são iguais, sempre numa intensidade elevada, e sempre dando garantias totais à equipa, e em todos os momentos do jogo.

Belluschi – Ao contrário de Moutinho, Belluschi mostrou a sua outra face. Foi dos jogadores que mais abaixo esteve das suas potencialidades. Decidiu muitas vezes mal e não foi, sequer, eficiente ao nível do trabalho sem bola, como costuma ser. Melhorou na segunda parte e mandou uma bola ao ferro, mas, para o que pode fazer, foi pouco...

Rodriguez – Foi o único que se pode queixar da sorte. Teve uma atitude boa no jogo, ainda que nem sempre bem sucedido e tinha, até, tudo para ter marcado, não fosse a inspiração de Diego. Manteve-se sempre num nível de intensidade acima da média, mas... saiu lesionado.

Hulk – Talvez seja o melhor espelho da exibição colectiva. A nota sobre Hulk vai para o penalti. No seguimento de algo que escrevi depois do jogo da Académica, parece-me importante que, mesmo jogando mal, seja Hulk a marcar. Se há jogador em que é importante manter os níveis de confiança, é ele.



Ler tudo»

AddThis