9.9.10

Sub 21: do fiasco à vigarice...

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Quando, em Novembro de 2008, esta geração se estreava no escalão sub 21 goleando a Espanha, ficou a dúvida: seria uma nova regra ou apenas a velha excepção? O valor individual, já sabia, não era o mesmo de anos anteriores, mas havia a promessa de uma “nova era”, com uma nova filosofia colectiva, e o 4-4-2 testado parecia ser um indicio disso mesmo. Não se podia esperar milagres, mas havia a ilusão de uma outra espinha dorsal para a toda a formação. Ilusão!

Quase dois anos depois, a campanha é terminada com uma dupla jornada sombria e que espelha bem o que entretanto se passou depois dessa vitória frente aos espanhóis. De todas as perspectivas desse primeiro jogo, só a ideia de um menor talento se confirmou nos 2 anos seguintes. Tudo o resto, todas as esperanças de uma “nova era”, foram reduzidas a um redondo zero. Zero! Portugal está, 2 anos depois, na mesma. Com outras caras, com menos talento, mas com a mesma mediocridade filosófica ao nível do seu conceito de jogo.

Aqui, na evidência dada ao nível dos sub-21 – abaixo disto já confessei que desconheço – completa-se o absoluto fiasco que foi o “novo projecto Queiroz”. Talvez o problema tenha sido meu, talvez tenha percebido mal no que consistia a “transversalidade” da sua influência. Aos que ainda vejo arredondar o tema só posso pedir tolerância para a minha simplicidade: talvez por perder muito tempo com isso, para mim o que conta mesmo é o que vejo no campo e, aí, o balanço é – repito, só para o caso de ainda haver dúvidas – Zero!. Nas 2 horas desse jogo com a Espanha vi mais “revolução” do que nos 2 anos seguintes, e isso faz com que hoje me sinta enganado com tudo isto. Enganado e, pior do que isso, vigarizado!


Notas individuais
De facto, estes dois jogos foram de uma pobreza enorme ao nível da qualidade colectiva. A maior curiosidade, em termos individuais, seria a de ver Bebé, mas Oceano não facilitou muito as coisas quando o utilizou como 9 durante 1 hora de jogo. Mesmo assim, deu para reforçar a ideia que já tinha. Trata-se de um jogador acima da média em termos técnicos e físicos. Acima da média, mas não excepcional. Isso faz com que só uma grande evolução ao nível da decisão o possa catapultar para níveis próximos daquilo que se exige para jogar no clube onde está. Há um longo caminho a percorrer.

O outro destaque que gostaria de fazer é João Silva. Jogou na partida mais fácil e não dá para tirar grandes conclusões ao fim de tão pouco tempo. No entanto, deixou muito boas indicações ao nível da sua capacidade de participação no jogo. Bom nos duelos físicos e com boa capacidade de antecipação e decisão. Merece revisão.

De resto, não há grandes novidades. Na leitura dos números, e para além dos aspectos com grande impacto pontual (o caso mais evidente é o golo de Bura), é importante notar que quem jogou contra a Macedónia tem a vantagem de ter jogado num jogo com menor grau de dificuldade. Isto para dizer que é perigoso fazer comparações muito lineares dos números.

No que respeita aos laterais, ambos estiveram regulares, mas nenhum me parece ter aquilo que é necessário para um grande carreira. No centro, Carriço mostrou, pela regularidade e influência, ser o elemento mais adiantado em termos de maturidade e qualidade. E não estou a falar só em relação aos centrais. De resto, gostei bem mais de André Pinto do que de Bura. No meio, André Santos cometeu erros inesperados e importantes, tornando-o numa decepção deste duplo teste. Castro foi o melhor dos médios ofensivos, embora tivesse estado longe de impressionar. Tive pena de não ver mais tempo de David Simão, que não estava a ser pior do que Castro quando saiu. Mais à frente, resta falar de Ukra. É um jogador forte tecnicamente, mas quem joga na sua posição precisa, ou de maior intensidade, ou de maior capacidade de desequilíbrio. Ukra dificilmente terá o que é preciso para ter sucesso num clube como o Porto.

Para finalizar, um comentário que mais uma vez não abona nada a favor do trabalho que vem sendo desempenhado. Há inúmeros casos de jogadores que passam a merecer maior ou menor destaque em função da importância que lhes é dada pelos clubes. O caso de Bebé é o exemplo crónico desta situação. Jogou a época toda nos campeonatos nacionais e nunca foi convocado. Foi contratado pelo United e passou a ser um indiscutível. Das duas, uma: ou o jogador era desconhecido, o que diz muito mal da prospecção que é feita. Ou, se era conhecido, o grau de confiança nas avaliações que são feitas é, no mínimo, pouco consistente.



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