Notas colectivas
Foi, de facto, um jogo abordado com grandes cautelas e há um indicador colectivo que é particularmente sintomático da preocupação de ambas equipas em não assumir muitos riscos: as perdas de bola. Foram reduzidas em ambos os conjuntos.
Num jogo destas características, manda a lógica que o primeiro golo tenha um impacto especialmente grande, maior do que a evidência do marcador. E tinha tudo para ser assim, depois de Luis Aguiar se ter inspirado na sequência de um raro erro do meio campo portista. Na verdade, o Braga beneficiou com o momento e é, a meu ver, uma hipocrisia desfazermo-nos em elogios à reacção portista nesse primeiro momento de desvantagem. O Braga ficou mais confiante e o Porto errou mais do que nunca em todo o jogo. Aí, valeu um nome: Hulk.
É impossível analisar o jogo sem passar pela influência de Hulk e julgo mesmo não ser um exagero dizer que, sem ele, muito dificilmente o Porto teria tido a capacidade para recuperar perante o Braga que vimos. É uma suposição que obviamente nunca poderei testar, mas é a sensação que me fica. É que nem sequer houve muitas condições para desequilibrar. Momentos de transição e 1x1 foram muito reduzidos e condicionados e há da parte do camisola 12 um mérito fantástico, só possível num jogador verdadeiramente excepcional.
Na segunda parte o jogo foi um pouco mais “azul”. Com o 1-1, as coordenadas eram as mesmas, mas a maior proximidade do final do jogo forçou o Porto a uma atitude mais agressiva na zona intermédia, valendo-lhe a imposição de uma postura mais dominadora em termos territoriais. De novo, e agora ainda com mais injustiça, foi o Braga a inspirar-se e a chegar à vantagem. O que se deu a seguir estava longe de ser imaginável por Domingos. Em vantagem e a 30 minutos do fim, o Braga perdeu tudo em menos de 10 minutos. O treinador queixou-se de erros individuais, e fez bem por uma questão de exigência, mas há que dizer que o que aconteceu teve, por um lado, muito mérito portista e, por outro, também uma boa dose de capricho do destino. O mesmo que, sem nada que o fizesse prever, havia dado vantagem ao Braga uns minutos antes.
Em relação ao Porto de Villas Boas, fica de novo a sensação a mesma sensação de uma dependência das individualidades para a produtividade ofensiva. Talvez seja tempo, porém, de riscar a o termo “dependência” e começar a falar em “consciência”. É que com talento deste calibre, porque é que se haveria de correr mais riscos? Este foi um óptimo teste à capacidade mental da equipa e o Porto passou-o. Continua a ser engraçado ver a empatia das bancadas com um futebol colectivamente mais cauteloso e menos entusiasmante do que aquele que tanto criticou. Mas isso é um defeito dos adeptos e não da equipa.
Quanto ao Braga, também confirmou de novo aquilo que é. Forte em termos de organização, lúcida do quer do jogo, e um caso raro de capacidade mental. Aliás, mesmo se é improvável a repetição da pontuação, parece-me que esta é uma equipa ainda mais forte mentalmente do aquela que vimos no ano anterior. Tenho, no entanto, uma critica a fazer a Domingos. É normalmente um treinador que mexe bem na equipa, mas desta vez não creio que o tenha feito. Trocou Elderson por Miguel Garcia, provavelmente pela exposição do primeiro. A verdade é que não considero que estivesse a ser demérito seu, e duvido que houvesse muitos a fazer melhor. Miguel Garcia não era seguramente, e isso viu-se. Depois, Lima por Matheus também não me pareceu acertado. Primeiro porque o golo que acabara de marcar poderia ser um mote mental importante para os minutos finais de Lima e, depois, porque havia um Luis Aguiar demasiado errático no jogo. Obviamente que é bem mais fácil dizer isto depois de analisar cautelosamente o jogo...
Notas individuais
Em primeiro lugar, chamo a atenção para a diferença entre os níveis de participação de laterais e centrais do Braga. Diz isto muito do ‘forcing’ que o Porto fez nas alas e, por outro lado, da capacidade que o Braga teve em evitar uma exposição da sua zona central.
No lado do Braga, destaco a boa prova de competência dada por Silvio, mostrando-se consistente e competente, apesar de não ser um entusiasmo em termos ofensivos. Tivesse o Braga outro como ele e provavelmente não teria perdido. No centro da defesa, Rodriguez foi excelente na leitura e antecipação dos lances. Mais à frente, a referência negativa vai para a pouca eficácia de Luis Aguiar no jogo corrido, sendo incapaz de dar sequência à maior parte dos lances que passaram pelos seu pés.
No Porto, e à margem de Hulk, Varela esteve de novo nos momentos certos, encerrando um inicio de liga pouco inspirado. Atrás, Rolando foi o melhor, e, no meio campo, Moutinho terá feito o seu melhor jogo no campeonato, mesmo continuando a não ser deslumbrante. Quem continua a mostrar-se influente em todos os aspectos, é Belluschi. O melhor médio da liga até agora não foi, desta vez, decisivo ou desequilibrador, mas teve o seu jogo mais “sério” na prova ao nível do critério de passe. E este pode ser mais um óptimo indicador para o que se segue.
Foi, de facto, um jogo abordado com grandes cautelas e há um indicador colectivo que é particularmente sintomático da preocupação de ambas equipas em não assumir muitos riscos: as perdas de bola. Foram reduzidas em ambos os conjuntos.
Num jogo destas características, manda a lógica que o primeiro golo tenha um impacto especialmente grande, maior do que a evidência do marcador. E tinha tudo para ser assim, depois de Luis Aguiar se ter inspirado na sequência de um raro erro do meio campo portista. Na verdade, o Braga beneficiou com o momento e é, a meu ver, uma hipocrisia desfazermo-nos em elogios à reacção portista nesse primeiro momento de desvantagem. O Braga ficou mais confiante e o Porto errou mais do que nunca em todo o jogo. Aí, valeu um nome: Hulk.
É impossível analisar o jogo sem passar pela influência de Hulk e julgo mesmo não ser um exagero dizer que, sem ele, muito dificilmente o Porto teria tido a capacidade para recuperar perante o Braga que vimos. É uma suposição que obviamente nunca poderei testar, mas é a sensação que me fica. É que nem sequer houve muitas condições para desequilibrar. Momentos de transição e 1x1 foram muito reduzidos e condicionados e há da parte do camisola 12 um mérito fantástico, só possível num jogador verdadeiramente excepcional.
Na segunda parte o jogo foi um pouco mais “azul”. Com o 1-1, as coordenadas eram as mesmas, mas a maior proximidade do final do jogo forçou o Porto a uma atitude mais agressiva na zona intermédia, valendo-lhe a imposição de uma postura mais dominadora em termos territoriais. De novo, e agora ainda com mais injustiça, foi o Braga a inspirar-se e a chegar à vantagem. O que se deu a seguir estava longe de ser imaginável por Domingos. Em vantagem e a 30 minutos do fim, o Braga perdeu tudo em menos de 10 minutos. O treinador queixou-se de erros individuais, e fez bem por uma questão de exigência, mas há que dizer que o que aconteceu teve, por um lado, muito mérito portista e, por outro, também uma boa dose de capricho do destino. O mesmo que, sem nada que o fizesse prever, havia dado vantagem ao Braga uns minutos antes.
Em relação ao Porto de Villas Boas, fica de novo a sensação a mesma sensação de uma dependência das individualidades para a produtividade ofensiva. Talvez seja tempo, porém, de riscar a o termo “dependência” e começar a falar em “consciência”. É que com talento deste calibre, porque é que se haveria de correr mais riscos? Este foi um óptimo teste à capacidade mental da equipa e o Porto passou-o. Continua a ser engraçado ver a empatia das bancadas com um futebol colectivamente mais cauteloso e menos entusiasmante do que aquele que tanto criticou. Mas isso é um defeito dos adeptos e não da equipa.
Quanto ao Braga, também confirmou de novo aquilo que é. Forte em termos de organização, lúcida do quer do jogo, e um caso raro de capacidade mental. Aliás, mesmo se é improvável a repetição da pontuação, parece-me que esta é uma equipa ainda mais forte mentalmente do aquela que vimos no ano anterior. Tenho, no entanto, uma critica a fazer a Domingos. É normalmente um treinador que mexe bem na equipa, mas desta vez não creio que o tenha feito. Trocou Elderson por Miguel Garcia, provavelmente pela exposição do primeiro. A verdade é que não considero que estivesse a ser demérito seu, e duvido que houvesse muitos a fazer melhor. Miguel Garcia não era seguramente, e isso viu-se. Depois, Lima por Matheus também não me pareceu acertado. Primeiro porque o golo que acabara de marcar poderia ser um mote mental importante para os minutos finais de Lima e, depois, porque havia um Luis Aguiar demasiado errático no jogo. Obviamente que é bem mais fácil dizer isto depois de analisar cautelosamente o jogo...
Notas individuais
Em primeiro lugar, chamo a atenção para a diferença entre os níveis de participação de laterais e centrais do Braga. Diz isto muito do ‘forcing’ que o Porto fez nas alas e, por outro lado, da capacidade que o Braga teve em evitar uma exposição da sua zona central.
No lado do Braga, destaco a boa prova de competência dada por Silvio, mostrando-se consistente e competente, apesar de não ser um entusiasmo em termos ofensivos. Tivesse o Braga outro como ele e provavelmente não teria perdido. No centro da defesa, Rodriguez foi excelente na leitura e antecipação dos lances. Mais à frente, a referência negativa vai para a pouca eficácia de Luis Aguiar no jogo corrido, sendo incapaz de dar sequência à maior parte dos lances que passaram pelos seu pés.
No Porto, e à margem de Hulk, Varela esteve de novo nos momentos certos, encerrando um inicio de liga pouco inspirado. Atrás, Rolando foi o melhor, e, no meio campo, Moutinho terá feito o seu melhor jogo no campeonato, mesmo continuando a não ser deslumbrante. Quem continua a mostrar-se influente em todos os aspectos, é Belluschi. O melhor médio da liga até agora não foi, desta vez, decisivo ou desequilibrador, mas teve o seu jogo mais “sério” na prova ao nível do critério de passe. E este pode ser mais um óptimo indicador para o que se segue.