10.3.14

As 4 lutas da tabela

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Primeiro lugar - a questão a colocar, depois desta jornada, é se ainda haverá alguma dúvida a colocar em relação ao campeão 2013/14? É certo que o passado recente não aconselha precipitações na atribuição precoce das faixas, mas é bom não confundir a excepção com a regra, e a regra é que uma equipa nas condições actuais do Benfica tem uma probabilidade muito reduzida de perder o título ou, mesmo, de ainda ver o seu primeiro posto ser colocado em causa nas jornadas que faltam. Para mais, não tenho dúvidas de que Jesus continuará oferecer ao campeonato prioridade total na gestão da equipa (tal como fez frente ao Estoril, em vésperas de uma difícil jornada europeia), o que não ajuda as perspectivas de Porto e Sporting para uma eventual recuperação. Ou seja, e no que ao Benfica diz respeito, o campeonato continuará a ser a prioridade, mas o mais provável é que o tempero do que ainda falta jogar esteja reservado para as 3 competições restantes, onde se aproximam duelos muito interessantes.

Segundo lugar - O clássico da próxima semana será, obviamente, muito importante para definir posições antes da recta final do campeonato. Pessoalmente, acho improvável que Porto e Sporting somem por vitórias todos os jogos que fiquem por jogar depois desse jogo. No caso do Porto, porque mesmo perspectivando uma melhoria da equipa no futuro imediato, há que contar com o peso do calendário. Para além da Liga Europa, o Porto jogará nas duas taças, e até mais do que a conquista das mesmas, muito do brio da sua equipa actual. Jogar contra o Benfica, para o Porto, não é o mesmo que jogar contra outra equipa qualquer, e por isso esses duelos acabarão por ter uma importância que, nessa altura, poderá relegar o campeonato para segundo plano e custar alguns pontos. Isto, claro, para além da Liga Europa, onde o Porto mantém ambições. Quanto ao Sporting, e como venho escrevendo, o seu futebol há muito que não é suficiente para que se possa perspectivar uma sequência muito continuada de vitórias. A equipa tem lidado bem com a adversidade, é certo, mas isso não será nunca suficiente numa prova de longa duração como é o campeonato. Com apenas 2 pontos de vantagem sobre o Porto e, face ao actual rendimento do futebol leonino, seria mesmo muito importante uma vitória no próximo fim-de-semana. O Sporting depara-se agora com o irónico cenário, que se lhe projectou como pior possibilidade depois do bom inicio de época que realizou: ou seja, a equipa corre o risco de cumprir as suas metas iniciais no campeonato, e mesmo assim, sair de 2013/14 com um sentimento de frustração.

Europa - Com o Estoril em excelente posição - quer pela situação pontual, quer pela qualidade que apresenta - para confirmar o quarto lugar, poderemos ter um final de época muito interessante na luta pelo quinto posto. Esta jornada contemplava dois jogos muito importantes a este respeito: o Braga-Nacional e o Marítimo-Guimarães, ainda por jogar. É uma corrida, nesta altura, muito imprevisível: o Nacional tem a vantagem pontual, mas pouco mais do que isso. O Braga será a equipa com melhores recursos, mas nem o seu futebol é ainda suficientemente consistente nem, tão pouco, o calendário lhe é favorável. O Guimarães tem um óptimo calendário, mas nem por isso o nível do seu jogo lhe permite dar por garantida a vitória em qualquer dos embates que tem por disputar. Sobra ainda o Marítimo, que certamente continuará a sonhar com a Europa enquanto isso lhe for permitido e que, se vencer o Vitória, passará certamente a ser um importante candidato ao ambicionado quinto lugar.

Despromoção - Os dois jogos deste fim-de-semana tiveram como especial consequência a saída do Gil Vicente das contas da despromoção. Aliás, com o calendário que tem, a equipa de João de Deus poderá até acabar a prova muito bem posicionada. Para baixo, ficaram Paços, Belenenses, Olhanense e, também, Arouca, sendo que dificilmente outro clube conseguirá o "feito" de se intrometer nesta luta. O Paços tarda, e provavelmente já não vai a tempo, em se encontrar nesta temporada. O desgaste competitivo e emocional da aventura europeia e uma época muito mal gerida no que respeita ao comando técnico, ditaram uma longa trajectória à procura de um carácter e identidade colectiva que, no entanto, nunca chegou. Tudo o que resta é salvar a pele e minimizar danos. Em Olhão, a equipa parece, pelo menos em termos de crença colectiva, estar no seu melhor momento da época. O problema é que são muitos os danos acumulados e, se combinarmos a situação pontual com o calendário, talvez ninguém quisesse trocar de lugar com o Olhanense. Outro candidato sério à despromoção é o Belenenses que, passe o exagero, é uma equipa que só conhece um momento táctico: organização defensiva. É espantoso que uma equipa com tão poucos golos sofridos esteja nesta situação, mas a verdade é que o Belenenses é uma equipa de contrastes e se defensivamente se organiza bastante bem (ainda que, a meu ver, tenha perdido alguma qualidade desde a primeira volta), com bola denota uma preocupante ausência de ideias, o que lhe tem custado golos e muitos pontos. Nestas contas, há ainda que não descartar o Arouca. É improvável, mas como bem sabe Pedro Emanuel pelo que lhe aconteceu em Coimbra, o futebol às vezes prega algumas partidas deste tipo.

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