27.12.13

Porto e o "vírus Champions"

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Frente ao Olhanense o Porto realizou, provavelmente, a melhor exibição de qualquer equipa na Liga até ao momento. Pelo menos, se considerarmos as ocasiões claras de golo a favor e contra, certamente não poderemos chegar a outra conclusão. Como sempre, adeptos e comunicação social precipitaram-se a distinguir causas para este recente e ainda muito breve crescimento no futebol praticado pela equipa de Paulo Fonseca. Já tenho escrito aqui muito sobre a falibilidade e recorrência deste tipo de raciocionio, que teima em reduzir toda a complexidade do jogo a um ou dois factores explicativos (alguns deles nem sequer existem, como é o caso da suposta mudança estrutural da equipa), pelo que não me vou alongar muito sobre isso. De todo o modo, para além da influência de Carlos Eduardo, inegavelmente positiva mas obviamente muito longe de poder explicar tudo o que vemos ou deixamos de ver, parece-me interessante observar a diferença de rendimento do Porto nos jogos da Liga que antecederam ou sucederam os embates europeus, e nos outros, em que a meio da semana (anterior ou seguinte) não estava calendarizado qualquer compromisso da Liga dos Campeões. É que as diferenças são, a todos os níveis, muito significativas.

O "vírus europeu" é um fenómeno que todos observamos e que é muito frequente na generalidade das ligas europeias. Ou seja, o efeito negativo das competições europeias no rendimento interno. Obviamente, este não é um problema que se manifeste de forma homogénea, sendo o caso mais clássico o de uma equipa de aspirações habitualmente modestas que no ano seguinte a um brilharete interno é confrontada com a exigência das provas europeias, acabando por ver afectado o seu rendimento nas competições internas. O Paços desta temporada, por exemplo, é um caso clássico do "virus europeu". Aqui, mais do que explicar, é interessante constatar (porque, e mais uma vez, a complexidade do jogo torna difícil isolar correctamente factores explicativos).

Ora, constatando e não explicando, a hipótese é que o Porto, pela sua menos valia relativamente a anos anteriores, possa estar a ser afectada pelo "vírus europeu", mais concretamente pelo "vírus Champions", estendendo por contágio as suas dificuldades externas para o plano interno. Por agora, e olhando às exibições antes e depois do "ciclo-Champions", este parece ser um factor a ter em conta no desempenho da equipa. Neste plano, os próximos meses serão interessantes de observar.

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