6.12.13

5 Jogadas (Tottenham e Barcelona)

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Tottenham - Villas Boas arrancou mal para uma série complicada de jogos, e ficou bastante pressionado após a derrota frente ao Man City. A reacção no jogo seguinte, frente ao outro Manchester mas em casa seria, senão decisiva, pelo menos muito importante. A verdade é que o Tottenham respondeu bem, num jogo que, no entanto, foi muito diferente daquele que terminou na traumatizante goleada. E, evidentemente, não me refiro apenas ao resultado mas sobretudo à forma como o jogo foi conduzido, já que foi o United quem se assumiu mais em posse, permitindo que o Tottenham realizasse assumisse uma postura diferente daquilo que lhe é hábito, implicando nomeadamente uma maior necessidade de focalização nos momentos defensivos do jogo. Como escrevi aqui há 1 semana, a goleada no Etihad Stadium teve como origem, e para além do mérito individual do City, uma abordagem defensiva repleta de erros, com especial enfoque nas dificuldades de ajuste posicional. Desta vez, e perante a imposição em posse do United, o Tottenham beneficiou do facto de poder definir um posicionamento mais fixo e por isso menos exigente em termos de ajustamentos, acabando mesmo por ser a equipa que esteve mais próximo de vencer, complementando o bom controlo defensivo com algumas chegadas que aproveitavam a maior exposição territorial do United, com Soldado e Paulinho em destaque. O 2-2, de resto, parece-me um resultado excessivo para o número de ocasiões que as equipas construiram, especialmente o United. Enfim, Villas Boas conseguiu para já contornar o momento de maior aperto, até porque venceu também a meio da semana, mas esta época do Tottenham continua a poder parecer cair para qualquer lado.

Barcelona - Outro tema da semana foi a crise do Barça, particularmente com a derrota em Bilbao, sucedendo a uma outra em Amesterdão. No vídeo, incluo 4 jogadas do jogo de San Mamés, que me parecem resumir bem a opinião que mantenho sobre este Barça. Ou seja, que esta equipa não passa, de facto, pelo seu melhor momento, mas que continua a ser uma potência incontornável do futebol europeu, mantendo a meu ver o melhor conjunto de jogadores do planeta, não apenas pela qualidade mas também pela coerência das suas características. E, mesmo no tão criticado jogo de Bilbao, o Barça continuou a produzir jogadas de enorme qualidade e com um envolvimento colectivo que está ao alcance de muito poucos conjuntos do futebol mundial. Perdeu? É verdade que sim, mas o resultado esteve longe de ser uma inevitabilidade, como sugere a excessiva dramatização em torno do momento actual da equipa.
Então qual é o problema deste Barça? Há várias diferenças para os anos anteriores, nomeadamente para a era-Guardiola, embora o estilo e grande parte da identidade se mantenha, porque essa está enraizada na cultura dos jogadores e seria praticamente impossível fazê-la desaparecer, fosse qual fosse o treinador. Há diferenças nos momentos defensivos, na forma como a equipa pressiona e até nas bolas paradas. Mas, sem dúvida, o ponto de maior realce tem a ver com a perda de uma intencionalidade colectiva mais claramente identificada, quando em posse da bola. Ou seja, hoje o Barça continua a ser uma equipa que priveligia a posse e progressão em apoio, mas que responde aos problemas de forma mais intuitiva e espontânea e não com a lucidez colectiva que a caracterizou noutros anos. Isso vê-se, por exemplo, na forma como a equipa sai de zonas de pressão mais altas (algo que o Bilbao estrategicamente potenciou neste jogo), na perda momentânea de linhas de passe que permitam à equipa conservar a segurança na circulação, e na ausência de algumas dinâmicas no último terço, que no tempo de Guardiola eram minuciosamente trabalhadas. Paralelamente a estes pontos, parece-me que o Barça se prepara de forma algo débil para a resposta a cruzamentos, como evidencia de resto uma das jogadas no vídeo.
Finalmente, falar de uma outra diferença incontornável: Messi. Porque uma coisa é ter Messi e outra é não o ter, e isso seria uma debilidade importante para qualquer equipa, fosse ela treinada por Tata Martino, Guardiola ou qualquer outro treinador.

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