31.10.13

William Carvalho, Matic e o critério do pivot

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Como idealizar o papel do pivot no jogo ofensivo da equipa? Talvez seja exagerado fixar um perfil e uma resposta para a questão. Porque, como sempre, cada caso é um caso, e cada equipa, cada modelo, terá de encontrar uma resposta para o seu caso específico. Ainda assim, se a ideia é envolver o pivot no inicio de construção, há preocupações e prioridades que são transversais e incontornáveis em qualquer contexto. Num primeiro impulso, talvez a tentação seja valorizar a capacidade de passe por forma a maximizar o potencial ofensivo nessa fase do jogo. Mas um pivot, digo eu, tem outras preocupações para além do potencial ofensivo, nomeadamente a segurança em posse numa fase ainda bastante atrasada do jogo, e onde um bom passe raramente compensa o risco colectivo que deriva de uma perda de bola. Por isso, mais do que acrescentar um potencial de desequilíbrio imediato, o pivot precisa de fazer a equipa jogar, que é como quem diz, fazer com que a bola fuja com segurança às primeiras zonas de pressão definidas pelos adversários. Precisa, sobretudo, de critério.

E é aqui, no critério, que William Carvalho tem realmente deslumbrado. Não treme perante a presença adversária, mas também não tem a tentação de se tornar no protagonista imediato do jogo da equipa. Simplesmente, faz jogar. O seu grande desafio neste particular, e a meu ver, não é evoluir, mas antes conseguir resistir à tentação de querer ir para além do que é o seu papel. Ou seja, não se deslumbrar com a sua capacidade, mas manter o que mais impressiona no seu jogo, o critério.

Se quisermos, para William, este inicio de temporada de Matic é um bom exemplo do que deve evitar. Porque na sequência de todos os elogios e reconhecimento ao potencial técnico, que o sérvio bem mereceu, surgiu um jogador mais preocupado com os extras (desequilíbrios) do que com o essencial (segurança) da sua função. O resultado, neste inicio de época, foi um risco desnecessário na fase de construção e já um considerável número de golos sofridos na sequência de perdas de bola.

Porque aqui, normalmente, o óptimo é mesmo inimigo do bom.

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