19.4.10

Académica - Benfica: uma questão... matemática

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O estatuto de melhor equipa nunca precisou de pontos nem liderança. Ainda os dias diminuíam quando se percebeu com clareza que esse era um desígnio apenas justificado pelo Benfica. O título seria, então, uma questão de eficácia e pontuação. Com a vitória em Coimbra, porém, já nem a eficácia tem margem de manobra. O título está agora separado da realidade por uma simples questão de matemática. Só isso. Agora sobre o jogo...

A luta pelo domínio
Face à proposta de jogo de ambas as equipas era normal assistirmos a uma luta pelo domínio que ambos queriam. Foi assim nos primeiros 15 minutos. Pressionar e jogar, para ver quem o faz melhor e erra menos. Sem surpresa, foi o Benfica. Porquê? A resposta tem de passar, de novo, pelos méritos colectivos, mas, desta vez, cai sobretudo na vertente individual. Executar melhor e mais rápido é fundamental e se é possível elogiar-se o papel dos dois treinadores em termos colectivos, há um Universo entre o potencial das individualidades. Foi assim que a Académica perdeu o domínio, baixou no campo e passou a jogar em transição. Isto, assinale-se, sem nunca perder a organização. Aliás, isso pode medir-se bem no escasso número de oportunidades do Benfica.

A importância Javi Garcia
Se na definição deste balanceamento foi fundamental o desempenho individual, há um aspecto táctico que me parece também decisivo. Javi Garcia. Dentro da geometria táctica das equipas, quando naturalmente encaixadas, há um espaço que sobressai. Precisamente o do pivot benfiquista. Os extremos estudantes tinham ordem para defender ao longo do corredor e Eder não podia dividir-se tanto no seu papel defensivo. O resultado foi que Javi jogou mesmo sozinho, encontrando o Benfica nele um pilar essencial para levar a melhor no meio campo.

O minuto 55
Jesus queixou-se de não haver necessidade para tanto sofrimento, mas eu acho que ele se deve dar por satisfeito com o sofrimento que teve. É que o se o jogo se tornou dividido na segunda parte, isso deve-se sobretudo à substituição do treinador. Não é a primeira vez que o refiro, e voltou a carregar na ideia... Aimar é essencial a 10 e não como avançado. Quando Aimar subiu e entrou Martins para o seu lugar, a Académica passou, finalmente, a conseguir jogar. O pressing do Benfica deixou de funcionar com a mesma qualidade e o jogo disputou-se de área a área. Como o Benfica fez o 3-1, poderia ter levado o 2-2. Já não havia domínio. Francamente não percebo o porquê da necessidade de utilizar tanto Martins. Desta vez foi Kardec que entrou mais tarde, mas noutros casos Weldon nem sequer jogou para adiantar Aimar. Perde a qualidade, porque é incomparável o desempenho.

Villas Boas
Os elogios que lhe fui fazendo praticamente desde a estreia mantêm-se. Villas Boas será seguramente melhor treinador com o passar do tempo, mas é, já hoje, um caso raro em termos de qualidade táctica. E não estou a falar apenas do futebol português, porque Portugal está, em matéria táctica, bem na elite mundial. Pode dizer-se que tem feito um bom trabalho em termos pontuais e, mesmo, que tem tido bastante má sorte em vários jogos. Mas não é apenas isso que define o seu potencial. Tal como tantas vezes escrevi sobre Jesus – e sem ser isto qualquer tipo de comparação – é o modelo que mostra a qualidade. E este modelo será capaz de muito, assim que tiver qualidade.

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