7.11.06

Sporting X Braga - O "quase clássico"

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Se o crescimento do Braga nas últimas temporadas transforma a formação arsenalista num “quase grande”, então ter-se-ia inevitavelmente de projectar o jogo entre Sporting e Braga como um “quase clássico”... Na prática, porém, o jogo acabou por juntar mais características de uma vulgar partida de campeonato do que de qualquer clássico minimamente equilibrado.

Perante um Sporting de processos mais consistentes do que imprevisíveis (embora o seu campo de ataque não tenha descaído tanto para a esquerda como é costume), Carvalhal optou por apresentar o “lado B” da sua equipa Braga – não me estou a referir aos onze que iniciaram o jogo, mas sim aos princípios apresentados no duvidoso relvado de Alvalade. Actuando com um bloco defensivo assumidamente baixo, a estratégia passava por fazer das transições a arma principal para surpreender o Sporting. O início de jogo não foi feliz e, sendo verdade que o auto-golo de Luis Filipe resulta de uma atrocidade da sorte, não se pode ignorar o que se passou a seguir: em desvantagem, o Braga não subiu as suas linhas, não pressionou a fase de construção do Sporting e pareceu aceitar o domínio dos leões como se de uma inevitabilidade se tratasse, preferindo esperar pela, agora ainda menos provável, transição que lhe permitisse chegar ao golo. Assim, juntando a esta atitude o descalabro dos pontapés de canto, o estatuto de “quase clássico” justamente atribuído na antevisão do jogo teve a duração de apenas 12 minutos!

É difícil perceber este Braga tal a irregularidade das suas performances. Julgo porém que grande parte da responsabilidade desta inconstância se pode atribuir à gestão feita pelo seu treinador. Ex-jogador, com formação Universitária, Carvalhal – como qualquer discípulo de Vitor Frade – é um adepto da periodização táctica (celebrizada por Mourinho) e pelo método zonal. O problema deste Braga parece-me ser a fraca assimilação de um modelo de jogo – Carvalhal faz evoluir a sua equipa, ora com um bloco alto, juntando-lhe a pressão (este é, na minha perspectiva o “lado A” do Braga), ora numa versão mais expectante, actuando em transição e previlegiando o equilíbrio defensivo (o tal “lado B” de Alvalade). Assim, adicionando o curto tempo decorrido na temporada, a rotatividade elevada do plantel (talvez excessiva, apesar das lesões, para uma equipa em formação) e a oscilação de alguns princípios orientadores do seu jogo, como é que se poderia esperar que o Braga fosse já uma equipa sólida e consistente?

Lance Capital – O primeiro poste
Acaso ou não, a verdade é que o Sporting apareceu a marcar os seus pontapés de canto sistematicamente para a zona do primeiro poste – o resultado: em 10 tentativas, 2 golos e uma bola ao poste!
Independentemente da estratégia adoptada (à zona ou homem-a-homem) não há hoje nenhuma equipa (pelo menos que eu conheça) que se atreva a não fazer uma cobertura posicional à frente do primeiro poste – a zona onde aparecem os famosos desvios fatais. Um outro aspecto prende-se com a colocação de homens junto aos postes. Nem num aspecto nem no outro, o Braga facilita, colocando 2 homens no espaço tal zona fatal e 1 homem junto a cada poste. O que aconteceu em Alvalade foi, simplesmente, desconcentração...



- No primeiro lance, Alecsandro está entre dois homens do Braga e, se Nem terá sido pouco lesto na sua abordagem, há duas perguntas que se levantam: 1- Como é que o jogador que, na imagem, está imediatamente à frente de Alecsandro vai ficar fora do lance?, e 2- Como é que a bola entra entre o poste e o jogador que o cobre?
- Mais inexplicável ainda é a descobertura do espaço (tantas vezes anteriormente explorado) que permitiu a Alecsandro desviar no lance do terceiro golo. Se os minhotos estavam a marcar aquele espaço em todos os lances e se a bola até ia sempre para lá, porque é que ninguém se colocou ali?

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