12.9.06

O 3x6x1 - O Novo Ritmo do Samba

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Brasil e Futebol estão hoje tão relacionados que dificilmente alguém poderia sequer ficcionar sobre uma realidade de um sem o outro. A paixão que o país sente pelo jogo transporta o pensamento dos brasileiros bem para além da riqueza técnica que nasce diariamente na pobreza dos pés descalços das favelas. Os brasileiros apreciam o jogo e pensam-no – tal como na Europa – sobre uma perspectiva colectiva. Prova disso mesmo é a adopção por parte de grande parte dos clubes brasileiros de um sistema táctico inovador: o 3x6x1.

Esta nova moda do futebol brasileiro tem como principal mérito a elasticidade oferecida por um meio-campo muito povoado, tendo na mobilidade e cultura táctica os seus requisitos essenciais. Assim, o 3x6x1 pode ser decomposto de 2 maneiras diferentes: o 3x3x3x1 – com 1 pivot defensivo – e o 3x4x2x1 – com 2 jogadores mais defensivos no sector de meio campo.
A posse de bola ganha dinâmica através de vários tipos de movimentos, possiveis de rotinar sobre este “esqueleto”:
(1) permuta, em diagonal, entre os médios ofensivos e os alas, com estes a entrar em diagonal pelo centro.
(2) Utilização do avançado como pivot ofensivo e com a entrada dos médios ofensivos a ganhar as segundas bolas (no caso de uma abordagem mais directa do jogo)
(3) Liberdade dos médios ofensivos para aparecer na zona de finalização, criando situações de superioridade númerica naquela zona.
Sem bola, o sistema permite que a primeira fase de pressão seja feita pelos médios mais adiantados, que se juntam assim ao avançado nessa tarefa. Mais atrás, o centro da defesa é povoado por 3 jogadores que são também responsáveis por movimentos basculantes que permitam dobrar sobre flanco de acção, sem perder a presença essencial no centro da área. Finalmente, aos médios defensivos (que podem ser 1 ou 2) é pedido que se efectue a compensação zonal ao adiantamento dos alas.
Naturalmente, quando se fala em sistema táctico refere-se apenas ao posicionamento base dos jogadores sobre o terreno, ganhando os conjuntos a sua “vida própria” através dos processos e movimentos que são repetidamente aprimorados nos campos de treino. Parece-me também que a colocação de um elevado número de jogadores no centro do terreno não será uma tendência meramente pontual – a crescente aptidão táctica dos protagonistas de hoje permite que os treinadores possam usufruir de uma cada vez maior elasticidade colectiva, possibilitando assim que as equipas estejam mais justamente adaptadas à singularidade de cada uma das situações de jogo. Por exemplo, se observarmos a disposição táctica de uma mesma formação em diferentes momentos do jogo, é possivel que a disposição base – o 3x6x1 – seja repetidamente convertida em 3x3x4 – em movimentos ofensivos – ou em 5x4x1 – num bloco defensivo organizado.

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