11.3.11

Liga Europa e o tempo de passe (Breves)

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- Em Moscovo, nova vitória portista numa campanha europeia, até ao momento, fantástica. A verdade é que - e apesar de ser melhor equipa - foi preciso também uma boa dose de felicidade, especialmente na primeira parte, onde houve grande dificuldade em controlar o jogo. O CSKA - que tem qualidade, em quantidade não inferior aos nossos "grandes" - forçou um jogo que apelidaria de impulsivo. As suas verticalizações não tinham grande ordem aparente, mas o caos, subitamente, pareceu fazer sistematicamente para os russos. O Porto estava equilibrado tacticamente, não perdeu o espaço, mas perdeu o tempo. E o tempo é tão importante como o espaço. Por isso, e por várias vezes, acabou exposto nas costas da sua linha defensiva. Por não controlar o momento de passe. Correcções na segunda parte, um pouco de eficácia e... mais uma vitória. A eliminatória, porém, não está resolvida. Se mais fosse preciso, o jogo com o Sevilha chega para essa conclusão. E, estou em crer, o CSKA não precisará de tanta sorte como os andaluzes. Convém que o Porto não "folgue", porque, numa competição como esta, tudo se desfaz num instante.

- Na Luz, de repente, a equipa voltou ao inicio de época. Subitamente, voltaram as teorias das lacunas tácticas, da necessidade de trocar este por aquele e, agora, do desgaste físico. Sim, desgaste físico numa equipa que parece viciada em ganhar os jogos ao 'sprint'! Seria interessante, não fosse um filme já demasiado visto e rodado. O Benfica entrou mal, essencialmente, porque perdeu o último jogo. Porque isso lhe afectou a confiança, e, tal como no inicio de época, errou demasiadas vezes em situações proibitivas. Claro que não ajuda a qualidade individual do PSG, assim como não fica fácil ter Sidnei em vez de David Luiz, ou muitos jogadores efectivamente limitados. Mas o problema, hoje como antes, não é essencialmente físico, técnico ou táctico. É mental, e por isso afecta tudo. Ainda assim, recuperou a tempo, fez valer o seu maior valor, e venceu. O Benfica é melhor equipa, sim, mas o PSG também tem o que é preciso para punir severamente um Benfica sem os níveis adequados de confiança. Convém manter os pés na terra e, já agora, a cabeça no sitio.

- No Minho, confirmou-se a ameaça do Braga. É uma época notável em termos europeus e ainda pode ter maior brilhantismo se as estrelas estiverem alinhadas na noite de Anfield. Domingos não tem um modelo com a qualidade táctica de Jesus, nem, tão pouco, a riqueza filosófica de Villas Boas. Mas as suas equipas - não só o Braga - têm, para além de competência, uma grande força mental. Invulgar, mesmo. É isso que explica (e deverá continuar a explicar) o seu sucesso. É que o futebol não é - nem de perto! - só técnica e táctica...

- Uma nota de opinião sobre as restantes equipas: O Villareal é o meu palpite para fazer frente às equipas portuguesas. Vi alguns jogos e têm momentos avassaladores. Os holandeses têm pouquíssimos hipóteses, essencialmente por terem enormes lacunas ao nível táctico. Parecem sobrar apenas os soviéticos, que conheço menos bem no plano colectivo...

- Uma nota final sobre o tipo de lances que identifiquei acima, para o caso do Porto, e o golo sofrido pelo Benfica. Ambos resultam de passes de rotura, que exploram as costas da linha defensiva. Mas há uma diferença. Enquanto que no caso do Porto, os centrais raramente estavam fora de posição e era a linha média que não conseguia pressionar o tempo de passe, no caso do Benfica é aos centrais que se pede essa pressão. É uma situação recorrente no Benfica e que normalmente é bem resolvida. Porquê? Porque os centrais adoptam grande agressividade na saída ao portador da bola, forçam o tempo de passe e a linha defensiva (fora de jogo) faz o resto. Desta vez, não houve essa agressividade (sobretudo Sidnei, incrivelmente expectante), dando tempo para que fosse Nené a decidir o tempo de passe.

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