Notas colectivas
Foi um jogo de coordenadas muito semelhantes àquele em que o Benfica atropelou o Guimarães. Pelo domínio, claro, mas também pelas abordagens estratégicas de ambos os lados.
Da parte do Benfica, novamente grande incidência nas combinações pelos corredores para fazer a bola chegar ao último terço. Tudo isto em ataque posicional, porque o jogo raramente permitiu jogar a partir do momento de transição ou mesmo em ataques mais rápidos.
Convém ressalvar alguns pontos já abordados noutras alturas. O Benfica faz uma circulação rápida, mas pouco paciente e criteriosa. Quando a bola entra num corredor, raramente de lá sai sem ser tentada (forçada, até) uma penetração. Mesmo que os apoios ao portador não sejam os mais adequados. Por isso a equipa depende tanto da confiança e inspiração das suas individualidades. Porque a progressão da equipa depende muito da forma como os jogadores se vão libertando destes duelos. Esta opção pelos flancos como destino de saída não é uma constante da “era Jesus”, ainda que o tenha sido nos últimos jogos, particularmente em casa. Pode ter a ver, entre outras coisas, com uma tentativa de fugir do risco do corredor central, onde a equipa cometia erros com grande frequência. Mas é só uma hipótese...
O que sucede, porém, é que quando a equipa consegue chegar ao último terço, aí sim, torna-se temível. Porque tem movimentações e executantes muito fortes, porque é igualmente difícil de suster nas bolas paradas que conquista, e – muito importante – porque tem uma óptima reacção à perda, conseguindo manter-se longos períodos “em cima” do adversário.
Em relação ao Marítimo, e comparativamente com o Vitória, sem dúvida que a equipa esteve melhor. Particularmente no bloqueamento das tais iniciativas pelos corredores. Se o Vitória perdeu quase sempre o controlo desses espaços, o Marítimo esteve mais próximo do portador da bola e conseguiu bons períodos em que impediu o Benfica de chegar à sua área. O problema, porém, foi a saída em transição. Aqui, e neste particular, há 2 pontos que explicam as dificuldades: o momento de transição propriamente dito, e a sua sequência, nomeadamente no aproveitamento da profundidade. Nos dois, o Benfica é fortíssimo (sempre foi, note-se), mas é sobre o segundo que quero falar...
Pedro Martins queixou-se do fora de jogo no final do jogo . O que se constata, porém, é que o Benfica, sendo forte nesse particular, encontra uma enorme disparidade nas dificuldades que sente a jogar em Portugal ou na Europa. E isso, muito mais do que os critérios arbitrais, deveria fazer reflectir os treinadores.
O que sucede é que em campeonatos como o espanhol ou o alemão (entre outros), praticamente todas as equipas utilizam linhas defensivas agressivas no fora de jogo. A consequência é que, quem ataca, está também bem preparado para a “ratoeira” que lhe está preparada. Em Portugal, porém, as equipas fazem um aproveitamento quase primário da situação, mesmo sabendo que o Benfica actua sempre desta forma.
Notas individuais
Coentrão – Foi o herói do jogo pela sua influência decisiva e, em especial, na parte final. Curiosamente, não estava a fazer um jogo excepcional até aí.
Jardel – Foi muito solicitado, porque o Marítimo saiu sobretudo pelo seu lado. Esteve bem, embora beneficiando da qualidade colectiva. Nota para a repetição de um movimento de risco, popularizado por David Luiz, mas também já repetido diversas vezes com Sidnei. Continuo a não ver grande beneficio nestas iniciativas, se tivermos em conta o número de vezes em que a equipa acaba exposta.
Javi Garcia – Novamente muito junto dos centrais em construção, dando maior largura à circulação baixa, mas retirando-lhe também o risco de jogar mais “dentro”. A frequência com que perdia bolas nessa zona pode explicar esta opção. Desta vez, e ainda assim, perdeu uma.
Aimar – Outro que, como Garcia, perdia muitas bolas quando baixava para organizar (embora isto fosse poucas vezes realçado). Com a bola a entrar mais vezes nos corredores, e tal como espanhol, expõe-se menos. Aimar está muito bem, confiante e influente, nem que seja nas bolas paradas. Pena que saia sempre.
Saviola – O jogador que mais se tem apagado nos últimos jogos. Continua a ser um jogador temível, mas tem estado mais longe do jogo. Talvez goste mais quando o jogo lhe aparece a partir do corredor central, mas deve também encontrar a forma de voltar a ser mais influente.
Cardozo – Ao contrário de Saviola, e de outras fases da época, Cardozo está muito mais interventivo e prestável para além dos golos e das acções de finalização. Assim, sim, Cardozo é mais jogador!
Djalma – Fez um jogo de esforço e acabou por ser premiado com um golo atípico. Este não é o tipo de jogos que serve de avaliação, mas continua a perceber-se que Djalma tem potência e habilidade para um patamar superior, mas que precisa de trabalhar a decisão e a inserção nos movimentos colectivos. A sua afirmação no Porto é uma incógnita, dependendo da sua capacidade de evoluir nestes planos. Não terá muito tempo, porque concorrência também não faltará...
Foi um jogo de coordenadas muito semelhantes àquele em que o Benfica atropelou o Guimarães. Pelo domínio, claro, mas também pelas abordagens estratégicas de ambos os lados.
Da parte do Benfica, novamente grande incidência nas combinações pelos corredores para fazer a bola chegar ao último terço. Tudo isto em ataque posicional, porque o jogo raramente permitiu jogar a partir do momento de transição ou mesmo em ataques mais rápidos.
Convém ressalvar alguns pontos já abordados noutras alturas. O Benfica faz uma circulação rápida, mas pouco paciente e criteriosa. Quando a bola entra num corredor, raramente de lá sai sem ser tentada (forçada, até) uma penetração. Mesmo que os apoios ao portador não sejam os mais adequados. Por isso a equipa depende tanto da confiança e inspiração das suas individualidades. Porque a progressão da equipa depende muito da forma como os jogadores se vão libertando destes duelos. Esta opção pelos flancos como destino de saída não é uma constante da “era Jesus”, ainda que o tenha sido nos últimos jogos, particularmente em casa. Pode ter a ver, entre outras coisas, com uma tentativa de fugir do risco do corredor central, onde a equipa cometia erros com grande frequência. Mas é só uma hipótese...
O que sucede, porém, é que quando a equipa consegue chegar ao último terço, aí sim, torna-se temível. Porque tem movimentações e executantes muito fortes, porque é igualmente difícil de suster nas bolas paradas que conquista, e – muito importante – porque tem uma óptima reacção à perda, conseguindo manter-se longos períodos “em cima” do adversário.
Em relação ao Marítimo, e comparativamente com o Vitória, sem dúvida que a equipa esteve melhor. Particularmente no bloqueamento das tais iniciativas pelos corredores. Se o Vitória perdeu quase sempre o controlo desses espaços, o Marítimo esteve mais próximo do portador da bola e conseguiu bons períodos em que impediu o Benfica de chegar à sua área. O problema, porém, foi a saída em transição. Aqui, e neste particular, há 2 pontos que explicam as dificuldades: o momento de transição propriamente dito, e a sua sequência, nomeadamente no aproveitamento da profundidade. Nos dois, o Benfica é fortíssimo (sempre foi, note-se), mas é sobre o segundo que quero falar...
Pedro Martins queixou-se do fora de jogo no final do jogo . O que se constata, porém, é que o Benfica, sendo forte nesse particular, encontra uma enorme disparidade nas dificuldades que sente a jogar em Portugal ou na Europa. E isso, muito mais do que os critérios arbitrais, deveria fazer reflectir os treinadores.
O que sucede é que em campeonatos como o espanhol ou o alemão (entre outros), praticamente todas as equipas utilizam linhas defensivas agressivas no fora de jogo. A consequência é que, quem ataca, está também bem preparado para a “ratoeira” que lhe está preparada. Em Portugal, porém, as equipas fazem um aproveitamento quase primário da situação, mesmo sabendo que o Benfica actua sempre desta forma.
Notas individuais
Coentrão – Foi o herói do jogo pela sua influência decisiva e, em especial, na parte final. Curiosamente, não estava a fazer um jogo excepcional até aí.
Jardel – Foi muito solicitado, porque o Marítimo saiu sobretudo pelo seu lado. Esteve bem, embora beneficiando da qualidade colectiva. Nota para a repetição de um movimento de risco, popularizado por David Luiz, mas também já repetido diversas vezes com Sidnei. Continuo a não ver grande beneficio nestas iniciativas, se tivermos em conta o número de vezes em que a equipa acaba exposta.
Javi Garcia – Novamente muito junto dos centrais em construção, dando maior largura à circulação baixa, mas retirando-lhe também o risco de jogar mais “dentro”. A frequência com que perdia bolas nessa zona pode explicar esta opção. Desta vez, e ainda assim, perdeu uma.
Aimar – Outro que, como Garcia, perdia muitas bolas quando baixava para organizar (embora isto fosse poucas vezes realçado). Com a bola a entrar mais vezes nos corredores, e tal como espanhol, expõe-se menos. Aimar está muito bem, confiante e influente, nem que seja nas bolas paradas. Pena que saia sempre.
Saviola – O jogador que mais se tem apagado nos últimos jogos. Continua a ser um jogador temível, mas tem estado mais longe do jogo. Talvez goste mais quando o jogo lhe aparece a partir do corredor central, mas deve também encontrar a forma de voltar a ser mais influente.
Cardozo – Ao contrário de Saviola, e de outras fases da época, Cardozo está muito mais interventivo e prestável para além dos golos e das acções de finalização. Assim, sim, Cardozo é mais jogador!
Djalma – Fez um jogo de esforço e acabou por ser premiado com um golo atípico. Este não é o tipo de jogos que serve de avaliação, mas continua a perceber-se que Djalma tem potência e habilidade para um patamar superior, mas que precisa de trabalhar a decisão e a inserção nos movimentos colectivos. A sua afirmação no Porto é uma incógnita, dependendo da sua capacidade de evoluir nestes planos. Não terá muito tempo, porque concorrência também não faltará...