Pontos fortes: Presença
Torsiglieri não é um central que passe indiferente no jogo. É alto, forte e quando aborda um desarme que envolva contacto físico, dificilmente o perde. Ora, isto acontece com bastante frequência no jogo, porque embora um jogador posicional por natureza, Torsiglieri sente-se igualmente confiante para abordar alguns lances fora do seu habitat natural. Para isso, contribui também a boa leitura que normalmente faz dos lances, escolhendo normalmente bem os tempos para sair do seu espaço e interceptar as jogadas. Afinal, é precisamente isso que é mais difícil num central.A estas características, juntamos o sempre relevante dado da estatura, e temos a razão do destaque merecido por Torsiglieri.
Pontos fracos: A agilidade e a questão da adaptação táctica
Aqui entramos nos pontos que podem colocar em causa o sucesso de Torsiglieri. Comecemos pelo mais importante: a adaptação à nova realidade.No Velez a linha defensiva é baixa, não arrisca subir para fazer fora de jogo, e isso, mesmo que não seja um benefício para o colectivo, é sempre um conforto para os centrais, porque diminui a sua exposição ao erro. No Sporting de Paulo Sérgio, e mesmo não tendo visto ainda qualquer minuto da pré época, uma das mudanças mais claras será o comportamento da linha defensiva, que passará a jogar muito mais alto do que até aqui – particularmente na era Paulo Bento. Torsiglieri terá de passar por essa adaptação. O problema muitas vezes é reduzido a uma questão de velocidade, mas não faltam exemplos de que esse é só um pormenor. A adaptação depende da cultura posicional do próprio central e, claro, do trabalho da equipa técnica em termos colectivos.
Já que falamos em velocidade, podemos passar para o segundo ponto. Torsiglieri não é um central que tenha demonstrado muitos problemas com a velocidade propriamente dita, há que dizer. Como escrevi antes, raramente as iniciativas dos contrários saem do seu raio de acção, mas, sendo um jogador robusto, tem problemas em termos de agilidade e de velocidade de resposta a acelerações e mudanças de velocidade. Mais uma vez, este não é um problema raro em alguns dos melhores do mundo, e o colectivo determinará uma boa dose da sua capacidade para ultrapassar este risco.
Finalmente, o capítulo técnico. Canhoto, não é propriamente um jogador conhecido pela sua capacidade em posse. Gosta pouco de arriscar e isso já é uma virtude para quem joga na sua posição. Não será necessariamente um ponto fraco, mas não se espere de Torsiglieri grandes aventuras com a bola nos pés.
Antevisão: A dependência do colectivo
No Sporting, o sector defensivo foi amplamente reforçado nos últimos 6 meses. E muito bem reforçado, diga-se. No que toca a defender, no entanto, é ainda mais decisivo o trabalho colectivo, e com Torsiglieri não será excepção. Antes da aquisição de Nuno André Coelho, facilmente diria que o argentino tinha todas as condições para ser forte candidato a um lugar no onze, mas vejo no ex-Porto, e como já referi noutros textos, um jogador de potencial raro. Tal como Carriço, aliás. Com isto, se Paulo Sérgio tiver o mesmo entendimento do que eu, a vida de Torsiglieri não fica fácil. Fico, porém, com a certeza de que o Sporting tem uma boa alternativa a esta potencial dupla de portugueses. Ou, pelo menos, tem tudo para o ser, desde que o tal trabalho colectivo também corresponda. Para finalizar... não é lateral esquerdo, como se chegou a dizer.