29.7.10

O calor do futebol

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Diz a definição que Calor é a energia transferida entre 2 sistemas. Não sei exactamente o que se passa quando estas transferências se dão em pleno relvado, mas há indícios claros de que a temperatura mexe, e bem, com o calor do jogo. Pelo menos, deve ser por isso que os nórdicos jogam aquele futebol frenético e os sul americanos se parecem arrastar nos “gramados”. Mas não é só no ritmo que o calor influi. Porquê isto agora? O Celtic, primeiro, e, mais tarde (bem mais tarde!), a final da Copa do Brasil.

Não me entendam mal, o Celtic não é nenhuma potência, mas espera-se sempre dos escoceses outra intensidade num jogo de futebol. Lembro-me sempre daquele mundial de clubes no Brasil: e se os pusessem a jogar num clima tórrido, será que mantinham a atitude? Pois parece que não. Parece que as transferências de energia não são mais as mesmas. Dá que pensar.

Noutro país, outras transferências de energia, que é como quem diz: outro calor! A final da Copa do Brasil. Na apertada Vila Belmiro, casa do Santos, jogou-se a primeira mão e o Vitória teve o pesadelo de tentar sobreviver ao “caldeirão” do adversário (não sei porquê, é sempre um pesadelo para quem joga fora). É um mistério para mim, como o futebol pode ser tão diferente na América do Sul em relação à Europa. Deste lado do Atlântico, a pressão torna os embates decisivos numa espécie de “jogo do sério”, em que quem ri, perde. Grande concentração, poucos erros e poucas oportunidades. Do lado de lá, é o contrário. Explosões emocionais, capazes de extrair o melhor e o pior dos protagonistas, e uma chuva de desequilíbrios tácticos. Já aqui falei várias vezes das lacunas tácticas do futebol sul americano, mas a verdade é que isso não explica tudo. Aliás, explica mesmo muito pouco.

Não sei bem o que concluir sobre esta coisa do “calor do futebol”, mas uma coisa tenho como certa. Do ponto de vista do entretenimento e da emoção, não há futebol como o brasileiro.

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