Acusar o Setúbal de seja o que for é um absurdo. A equipa tem-se comportado muito bem na liga e Carvalhal até pode (e deve) exigir mais internamente, mas não comparemos recursos e, sobretudo, não se peça a uma equipa que no ano passado foi vulgarizada no Dragão que agora lá chegue e encha o campo. O jogo e as aspirações sadinas foram, de resto, muito condicionadas pelo golo inicial de Lisandro, numa jogada de grande inteligência de Lucho Gonzalez. O Porto preparou muito bem o jogo, respeitou o adversário e num confronto de duas “zonas”, os portistas provocaram erros posicionais importantes no adversário, graças a rápidas movimentações sem bola de Lucho e Lisandro acompanhadas pela velocidade na troca de bola. As debilidades individuais do Setúbal foram expostas mas o Porto tem muito mérito nisso – repare-se como houve bastantes cautelas dos laterais, sabendo-se da propensão do Vitória para usar os extremos. No Porto, nota ainda para o espectáculo individual de Quaresma e Lucho. O “cigano”, particularmente, é um autêntico “show man” e os seus pormenores são do melhor que há no mundo.
Académica – Benfica
O Benfica mantém-se em crescendo, mas sobretudo anímico. A partida de Coimbra foi fortemente condicionada pelas ausências e, também, pelas contrariedades durante o próprio jogo. Mais uma vez veio ao de cima a chama final da águia, mas não se pode falar de uma exibição convincente frente à Académica. Houve muito sofrimento e vários momentos em que os Academistas estiveram por cima no jogo. Se o sofrimento é essencial para fazer um campeão, o Benfica pode estar certo que não é por aí que perderá a Liga! Naturalmente farei uma antevisão do clássico, mas, deixando uma primeira impressão sobre a minha opinião, parece-me que o Benfica parte para o jogo com o factor anímico como principal arma para se conseguir superiorizar...
Leixões – Sporting
A situação voltou a piorar para o Sporting. No entanto, desta vez, pouco pode ser apontado à equipa.O empate surge de um jogo em que, para além das inúmeras oportunidades perdidas, o Sporting se superiorizou sempre, ao ponto do Leixões não ter feito um único remate à baliza de Rui Patrício. Alguma intranquilidade na hora de finalizar e ingenuidade no lance do golo acabaram por ser fatais para o Sporting. Sobre o guarda redes, parece-me um bom timing para o seu lançamento, mas a sua infelicidade e responsabilidade são inegáveis. Outro aspecto que ficou por testar com maior rigor foi o famoso 4-2-3-1. O golo inicial e a alteração de Paulo Bento não deram tempo para que se tivesse um teste fiel ao sistema. No entanto, mais uma vez digo, ao contrário do que se faz querer pensar, um sistema por si só não é solução para nada! O Sporting corre agora o risco de viver sob um frustração constante na Liga. 10 pontos são uma barreira importante e tornam cada jogo um acontecimento de grande pressão. Pergunto se não faz sentido repensar objectivos, para algo mais realista tendo em conta a situação na Liga e a existência de outras competições em que o clube ainda está envolvido?