20.11.07

A moda do 4-2-3-1

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Não somos um país com um historial inovador neste domínio, como os holandeses, impulsionadores dos sistemas com defesa a 3, ou os italianos com os seus esquemas famosos pelo elevado número de jogadores destinados às tarefas defensivas. Por outro lado, não somos limitados ao ponto de não poder adoptar vários sistemas, tal como os ingleses, “bloqueados” no clássico 4-4-2. Ainda assim, há uma tendência predominante nos esquemas mais populares do futebol português: a presença de extremos. Tudo tem uma razão e, neste caso, não é difícil perceber qual é. Talvez pela genética dos seus atletas, o futebol português sempre foi capaz de gerar jogadores particularmente desequilibradores sobre as alas, tornando clara a opção dos treinadores na hora de escolher um sistema que melhor potencie as características dos seus jogadores.

Curiosamente, o 4-4-2 losango introduzido por Mourinho no bem sucedido FC Porto de 2003/2004 acabou por dar inicio a uma fase anómala no nosso futebol, com muitos treinadores a adoptar este sistema sem extremos clássicos. Esta fase “rompeu” com o domínio do 4-3-3, geralmente adoptado a partir do final dos anos 90, profundamente influenciado pelo surpreendente sucesso do Boavista de Pacheco no futebol português.

"Dois trincos" ou "duplo-pivot"?
Nas últimas semanas temos assistido à popularização de um sistema que, há bem pouco tempo, não era utilizado por nenhuma formação de topo do futebol português, o 4-2-3-1. Primeiro foi Camacho a adoptar este sistema para o seu Benfica (depois de ter tentado uma versão mais próxima do 4-4-2, com um avançado mais móvel e outro mais fixo), recentemente a discussão em torno da adopção deste sistema por Paulo Bento tem feito algumas manchetes e o próprio Jesualdo Ferreira chegou a testar esta opção, particularmente nos momentos em que não pode contar com Lucho Gonzalez. Finalmente, o caso mais recente, a Selecção. Frente à Arménia Scolari testou o sistema da moda, invertendo essa opção com o decorrer do jogo, face à inadaptação revelada pelos jogadores. O mais curioso em torno deste sistema é que ele não é original no futebol português... Vistas bem as coisas, este não é mais do que um 4-3-3 mas que, no meio campo, tem um jogador destinado a jogar no espaço entre linhas, com 2 mais reservados para as tarefas defensivas. Se recuarmos aos anos 90, encontramos a então habitual polémica dos “2 trincos”. Muitos treinadores foram severamente criticados por adoptar esta opção, e, por isso, a hipótese de um só jogador a actuar à frente da defesa acabou por tornar-se dominante. Hoje chama-se a isto “duplo-pivot”, um nome mais simpático e que, para já, tem agradado à opinião popular...

Como ficou claro pelo exemplo da Selecção, o sistema por si só não é receita suficiente para qualquer mal das equipas. O 4-2-3-1 tem as suas virtudes e os seus defeitos e a sua adopção deve ser feita apenas nos casos em que as características dos jogadores o aconselham, sendo que para o fazer é preciso criar rotinas que dêem vida ao “esqueleto”. Para já ainda falta muito caminho a percorrer, mas quem sabe não se torna um sistema marcante da próxima fase do nosso futebol...

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