30.11.07

Benfica - Porto: À procura da transição

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Aí está ele! O clássico da Luz, terceiro da época entre grandes mas o primeiro com cheiro a jogo de carácter decisivo. Menos pelos pontos em si, mas mais pelo efeito que estes terão na auto estima de cada um dos conjuntos.


Como sempre, este será um jogo marcado pela intensidade emocional, mas do ponto de vista da preparação da partida há um aspecto que poderá perturbar o normal balanço dos equilíbrios: os jogos a meio da semana. O seu efeito, neste caso, é duplo. Primeiro as consequências psicológicas, claramente benéficas para o Benfica que precisava de uma exibição positiva (atenção que não é nada fácil conseguir dois jogos com níveis de concentração tão elevados como frente ao Milan) para dar complemento a uma série de vitórias conseguidas com esforço mas sem grande brilho exibicional. No Porto, o retratamento conseguido frente ao Setúbal foi desfeito pela derrocada final em Liverpool, trazendo um sinal de preocupação para os adeptos do Dragão. Mais importante do que o aspecto psicológico será, no entanto, o pouco tempo de preparação das equipas para as especificidades deste jogo. Este facto indicia uma possibilidade de maior frequência de erro e esse pode ser um aspecto com peso na partida. Quem sabe, com isto, até possamos ver mais golos?

Tacticamente este é um jogo que põe frente a frente duas transições ofensivas que são a arma preferencial de ambas a equipa. No Porto, com Lisandro, Quaresma e Lucho como protagonistas. No Benfica, menos referências definidas e mais explosividade. Ainda assim, sempre que possível a equipa procura Rui Costa para usufruir da qualidade do seu futebol. Ora, para aplicar estas armas, as duas equipas terão de explorar e provocar os erros da posse de bola adversária, o que, basicamente, quer dizer que nenhuma tem grande interesse em ter muito tempo de posse de bola. Daqui resulta evidentemente um aspecto interessante a observar na partida – até que ponto a equipa que tiver mais a bola pode ser aquela que mais dificuldade tem em controlar o adversário. Ainda assim espero uma “teia” mais alta do Benfica, quando comparada com a do FC Porto, com o bloco a não esconder a evidência do 4-2-3-1 e, tal como aconteceu frente ao Milan, com poucos espaços entre os jogadores, mantendo sempre uma grande agressividade na pressão. Do outro lado, o 4-3-3 deve ser mais baixo, menos agressivo mas com mais organização para tentar lançar depois as tais transições. Nos onze não prevejo surpresas de maior, mas devem existir uma ou outra alteração face ao habitual.


Assim serão, previsivelmente, as estratégias colectivas de ambos os treinadores. Individualmente, nota para o teste evidente à defesa portista no “pós-Liverpool”, ao confronto entre a genialidade de Quaresma e Rui Costa (os dois maiores artistas desta Liga) e, já o disse, ao crescimento de forma de Lucho Gonzalez (um candidato a desequilibrador do clássico).

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